Portas Abertas • 23 set 2018
Grupo de discussão durante o programa de aconselhamento pós-trauma para mulheres
Desde o início de sua insurgência no nordeste do Nigéria, o Boko Haram tem sequestrado milhares de mulheres. Eles as mantêm cativas por anos, forçando-as a islamização e violência sexual de diversas formas. Infelizmente, isso também tem sido utilizado por militantes fulanis ao atacarem as comunidades cristãs no Cinturão Médio do país. Mesmo depois de tal violência, as mulheres enfrentam trauma e exclusão social.
Isso ficou claro quando, recentemente, a Portas Abertas reuniu 30 sobreviventes de violência sexual para um programa pós-trauma de uma semana. Hannah*, que atua no campo, relata: “O programa trouxe à tona sentimentos de dor, ódio e muitas lágrimas. Mas eventualmente, também houve risadas, restauração da esperança e liberdade emocional”.
Uma mulher chamada Hauwa chamou a atenção no começo do programa. Ela foi mantida em cativeiro por 4 anos e tem um filho de 2 anos. Ela estava perto dos 9 meses de gestação durante o encontro. Sempre parecia triste e nunca mostrava qualquer afeição pelo filho. Quando questionada sobre isso, foi muito honesta: “Eu odeio este menino. Fui violentada por pessoas ruins e ele carrega esse sangue. Toda vez que olho para ele, me lembro dos quatro anos com o Boko Haram. Muito em breve, vou dar à luz a outra criança que também lembrará da minha dor”.
Uma semana parece pouco tempo para encontrar alívio de um trauma assim, mas não foi pouco para Deus, que fez um milagre em várias vidas, inclusive na de Hauwa. Quando o programa estava acabando, ela disse: “Percebi que meu filho não escolheu vir a mim pelo Boko Haram. Não foi culpa dele eu ter sido violentada. Durante esse tempo, eu comecei a me arrepender por odiar essa criança inocente. Eu prometo amar e cuidar dele com a ajuda de Deus”.
Hoje é instituído o Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças, mas muitas mulheres como Hauwa continuam sendo sequestradas e exploradas sexualmente por grupos como o Boko Haram e os fulanis. Essa é uma realidade não apenas da Nigéria, mas de muitos outros países, incluindo o Brasil, onde crianças e mulheres são violentadas sem direito de escolha. Elas precisam de ajuda. Que nós possamos nos levantar de diversas formas, inclusive orando, para que essa realidade seja mudada.
Pedidos de oração
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