Portas Abertas • 27 set 2019
Apresente pastores e líderes cristãos do país, já que são o alvo principal das organizações criminosas
Em lugares do México, onde organizações criminosas têm quase o controle absoluto, aplicar leis relacionadas ao direito de professar livremente a fé religiosa é um problema não resolvido. A questão piora por não haver, ou ter muito pouco, a presença de forças de segurança oficiais nas áreas rurais remotas, deixando comunidades inteiras à mercê de grupos criminosos. “Em áreas controladas pelo crime organizado, o cumprimento da liberdade religiosa é um grande problema”, afirma um relatório publicado recentemente pelo Observatório de Liberdade Religiosa na América Latina. O relatório também explica que, apesar da violência ter um impacto geral, afeta principalmente cristãos.
“A pressão de cartéis ou da rede do crime organizado vinculada à cumplicidade de oficiais corruptos do governo é experimentada por cristãos atuantes na vida comunitária e, com frequência, causa níveis extremamente altos de violência”, diz o relatório. O material ainda destaca que a maioria dos líderes cristãos mortos entre 2012 e 2018 eram ativos na vida das comunidades, trabalhando para tentar “engajar jovens na vida cristã” e, assim, “impedir uma vida de crime e de serem alistados pelos cartéis”.
No trabalho de pesquisa sobre liberdade religiosa e violência no México, o Observatório identificou motivos extremamente difíceis pelos quais líderes e pastores lidam com ameaças de segurança. Uma das razões é o aumento da violência e insegurança, especialmente no número de homicídios por grupos criminosos. Corrupção e impunidade são outros grandes problemas. O relatório declara que “com frequência, grupos agem em conjunto com autoridades locais para continuar suas atividades, o que implica que qualquer crime de represália contra os que se opõem aos grupos não é propriamente processado ou punido”, o que inibe outros líderes religiosos de realizarem trabalhos pastorais, já que podem ser vistos como empecilho às atividades do crime organizado.
Outra razão para a violência cometida contra líderes de igrejas é o papel que, com frequência, desempenham nas comunidades, um papel que vai além do alcance da missão pastoral. “Por causa da falta de efetividade do governo, muitos grupos religiosos se tornam, de fato, defensores dos direitos de comunidades indígenas, rurais e imigrantes, justamente como resultado da violência geral. Por isso, estão expostos a atos de intimidação, ameaças e mortes por parte de grupos criminosos”, explica o relatório do Observatório.
Mas a violência, perseguição e assédio contra pastores não vêm apenas do crime organizado. Alguns líderes indígenas, exercendo seu poder nas comunidades rurais locais, pressionam cristãos negando serviços básicos ou por meio de multas, prisão e expulsão de suas cidades de origem.
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