Portas Abertas • 31 jul 2019
Vista da prisão de Evin, em Teerã, capital do Irã, onde prisioneiros políticos e cristãos são mantidos
Rachel*, cristã do Irã, de quem já falamos aqui, estava tremendo, escondida no canto mais distante de sua casa enquanto batiam forte na porta. O que ela nunca esperou, aconteceu naquele dia – a polícia secreta veio para prendê-la. Ela olhou para a filha de 9 anos, agarrada em seu colo, em completo terror. Esse era o preço a pagar por ser líder em uma igreja no Irã. Essa era a realidade de ser mãe diante de perseguição extrema.
Naquele dia, Rachel fez a polícia acreditar que não estava em casa. Porém, mais tarde, enquanto o marido levava Kimya* para a escola, a polícia a prendeu e levou para a prisão. “Eles me colocaram na solitária e, completamente sozinha, comecei a chorar. Eu pensava em minha filha e o que aconteceria com ela”, conta. Ela não havia preparado a filha para isso.
Com medo e sozinha, Rachel começou a questionar suas escolhas, duvidando de Deus. O que aconteceu com a proteção que esperava de Deus? Por que ele não protegeu ela e a filha dessa situação? “Nos primeiros 3 ou 4 dias, eu não falei com Deus. Estava muito desapontada com ele”, Rachel admite. A prisão foi difícil para a cristã. Quando não estava na cela totalmente sozinha, era interrogada e insultada por oficiais da polícia. Não tinha permissão para fazer ligações e acalmar a filha pelo telefone. Em duas semanas, ela perdeu 13 quilos.
Depois de mais um longo dia de interrogatórios humilhantes, Rachel finalmente conseguiu dormir. Durante o sono, ela ouviu um verso: “Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu” (João 1.10). Isso foi um ponto importante para Rachel, pois não se sentia mais sozinha: “Eu fiquei com medo nos primeiros dias, mas quando tive o sonho e comecei a orar de novo, senti que Deus iria comigo onde quer que eu fosse”, fala.
Ter Deus a seu lado não significava que seria fácil. Rachel pensou muito sobre sua filha, afinal se preocupava com ela: “Mas eu descobri que podia lidar com a ansiedade relacionada a minha filha. Eu orava todos os dias por ela na prisão”.
*Nomes alterados por razão de segurança.
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