Mais de oito mil igrejas permanecem fechadas em Ruanda

Apesar de exigências serem para igrejas e mesquitas, apenas os templos cristãos foram fechados

Portas Abertas • 7 jan 2023


Além da maioria das igrejas fechadas em 2018 não terem sido reabertas, outras quatro mil foram fechadas na pandemia

Além da maioria das igrejas fechadas em 2018 não terem sido reabertas, outras quatro mil foram fechadas na pandemia

Hoje é celebrado o Dia da Liberdade de Culto, mas apesar de isso ser algo comum para nós, não é uma realidade para muitos cristãos ao redor do mundo. Um desses exemplos pode ser visto em Ruanda, que está atualmente na 67ª posição da Lista de Países em Observação 2022. Em 2018, mais de oito mil igrejas foram fechadas no país por não atenderem a exigências rigorosas de saúde e segurança. Ainda hoje elas permanecem fechadas. Além disso, a breve prisão de seis líderes cristãos por criticarem diretivas do governo fez com que poucos ousassem se pronunciar.


Os fechamentos começaram em março de 2018 por causa de uma lei que exigia que igrejas e mesquitas atendessem determinados requisitos sobre segurança, higiene, infraestrutura e legalidade. Uma semana após as notícias falarem sobre a nova regulamentação, seis pastores foram presos por criticarem a mudança, sendo acusados de planejar um jeito para desobedecer a ordem do governo.


Em julho de 2018, as exigências foram expandidas e outras igrejas foram fechadas, sob alegação de terem falhado em cumprir os requisitos. Em um dos casos, autoridades locais entraram na igreja no meio do culto e mandaram as pessoas saírem porque a igreja seria fechada. Ela já tinha cumprido 80% das exigências e não estava ciente dos novos requisitos.


Requisitos exigidos

Entre as condições exigidas estão que os banheiros precisavam ter uma certa distância da entrada da igreja; que as igrejas deveriam instalar um tipo específico de tela no teto, embora o material corra risco de incêndio; as paredes deveriam ter isolamento acústico; o acesso à igreja, bem como seu complexo, deveriam ser asfaltados; as paredes e tetos internos deveriam ser rebocados e pintados (tijolos aparentes não são mais permitidos); todas as igrejas deveriam ter para-raios; e todos os pastores precisariam ter diploma teológico.


Essa última exigência já havia sido comunicada desde o início, mas agora foi decidido que o diploma deve ser de uma instituição credível. Outra lei recente declara que apenas instituições que ensinem ciência e tecnologia podem oferecer teologia, fazendo com que poucos dos muitos (e geralmente conceituados) institutos teológicos ou escolas bíblicas sejam considerados válidos. Além disso, qualquer igreja que queira se registrar precisa provar que possui mil membros.


É notável que todas as igrejas são afetadas pela determinação, mesmo igrejas consideradas luxuosas para os padrões locais. No papel, as regras são aplicadas a muçulmanos e cristãos, mas na prática, esse não é o caso, afinal poucas mesquitas foram afetadas por fechamentos.


Em 2021, investigações indicaram que não apenas a maioria das oito mil igrejas fechadas não foram reabertas, mas outras quatro mil foram fechadas durante a pandemia da COVID-19. Um analista disse à Portas Abertas: “O presidente Paul Kagame lentamente intensifica sua permanência no poder e está construindo um culto à personalidade, a fim de convencer o povo de que ele é o único que pode impedir outro genocídio no país. É importante perceber que esse pretexto resultou em um aumento na violação de liberdades fundamentais estabelecidas em vários tratados e convenções regionais e internacionais”.

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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