Posição no ranking:
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O medo de que o genocídio dos anos 1990 se repita paira sobre a nação e o governo usa esse medo para justificar seu despotismo. A supervisão do governo não para nas fronteiras políticas, mas permeia os aspectos mais íntimos da vida, como a prática religiosa e as crenças pessoais. A legislação aprovada nos últimos anos sobrecarregou as organizações religiosas com complexidades burocráticas, o que resultou no fechamento em massa de igrejas e criou um ambiente em que os líderes religiosos são examinados com base em suas qualificações educacionais.
As transações financeiras de organizações religiosas também estão sob o escrutínio do governo. Agentes de segurança fazem buscas nas casas de líderes religiosos, contribuindo para uma atmosfera de desconforto e desconfiança. Os cristãos que mudam do catolicismo romano para uma denominação cristã não tradicional enfrentam o ostracismo de suas famílias. A interferência do governo por meio de intimidação, vigilância e monitoramento serve para criar um ambiente em que a palavra da autoridade governante é final, sufocando qualquer esperança de diálogo aberto ou liberdade de associação.
PETER (PSEUDÔNIMO), CRISTÃO DE ORIGEM MUÇULMANA DA REGIÃO
Apesar de Ruanda ostentar a maior representação parlamentar feminina do mundo, as atitudes patriarcais continuam a dominar a cultura. Conforme observado em uma revisão periódica da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW, da sigla em inglês) de 2017, “há uma falta geral de aceitação das mulheres em cargos de tomada de decisão e relutância em implementar as decisões tomadas por elas”. Essas normas culturais podem ser exploradas para fins de perseguição religiosa contra as mulheres.
Em um país onde casamentos forçados são comuns na maioria das áreas rurais e campos de refugiados, alguns casamentos forçados acontecem por motivação religiosa. Os pais de mulheres convertidas são conhecidos por casá-las com muçulmanos para tentar levá-las de volta à fé islâmica. Um especialista do país também afirma que a posição econômica dos pais cristãos e muçulmanos é um fator que contribui, principalmente no caso de menores.
As convertidas também são vulneráveis a ataques físicos, sexuais e verbais. O abuso sexual é amplamente citado por especialistas regionais como o principal desafio enfrentado pelas mulheres convertidas. Se elas já são casadas quando se tornam cristãs, as mulheres de origem muçulmana ou animista provavelmente serão expulsas de casa, se divorciarão e, posteriormente, terão a custódia de seus filhos negada. Além disso, as seguidoras de Jesus geralmente têm seus direitos de herança negados.
A perseguição específica de gênero contra homens e meninos ruandeses por motivos religiosos não é amplamente divulgada. Quando ocorre, geralmente assume a forma de violência física ou prisão. Os pastores, em particular, são vulneráveis a detenção. Detenções arbitrárias aumentaram durante a pandemia de COVID-19. Entretanto, “essa tem sido a tática há anos”, um especialista do país acrescentou. A pressão sobre os líderes da igreja em Ruanda e as dificuldades em registrar igrejas levaram muitos líderes a migrar para Uganda e Tanzânia.
Os convertidos de origem muçulmana também estão expostos à perseguição; eles podem ser discriminados pela família, no trabalho, ou até mesmo perdem o emprego. Se o homem for perseguido, seu papel de provedor da família pode ficar comprometido e seus dependentes também sofrerão. Da mesma forma, se os convertidos forem forçados a deixar a casa de sua família por causa da fé, ficarão vulneráveis economicamente.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos em Ruanda são: paranoia ditatorial e protecionismo denominacional.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Ruanda são: oficiais do governo, partidos políticos, líderes religiosos cristãos, cidadãos e quadrilhas e parentes.
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