Enfermeiras Cristãs voltam depois de serem demitidas por recusarem usa

Portas Abertas • 31 ago 2004


Oficiais nigerianos reintegraram onze enfermeiras cristãs no Centro Médico Federal em Azare, cidade localizada ao norte do estado de Bauchi, mais de dois anos após serem demitidas por recusarem-se em aderir ao código de vestimenta islâmica. O ministro da saúde, Eyitayo Lambo, ao agir em nome do governo nigeriano, convocou novamente as onze enfermeiras na segunda-feira, dia 2 de agosto.

A provação das enfermeiras iniciou-se há dois anos quando o Dr. S.Y. Sabo, diretor médico do hospital do governo em Azare, tentou impor o traje islâmico às funcionárias do hospital. Em janeiro de 2002, Sabo emitiu uma diretriz a todas as enfermeiras e parteiras para iniciarem a vestir uma blusa branca sobre as calças brancas, de acordo com o costume islâmico.

Agindo sob a direção da Comunhão das Enfermeiras Cristãs, as onze enfermeiras protestaram contra o novo código de vestimenta, afirmando que os uniformes foram produzidos para o uso da religião islâmica e que essa atitude infringia a sua fé cristã.

Quando a gerência do hospital se recusou em dialogar sobre este assunto, as enfermeiras buscaram a intervenção do Conselho de Enfermagem e de Trabalho de Parteira da Nigéria (CETPN), um órgão regulador que supervisiona a profissão de enfermagem do país.

Em 23 de janeiro de 2002, o CETPN escreveu uma carta à gerência do hospital afirmando que, "Nenhuma enfermeira deveria ser compelida a usar um estilo determinado ou específico de uniforme, especialmente em relação à religião". Quando a gerência do hospital não levou em consideração a carta do CETPN, as onze enfermeiras decidiram resistir à diretriz.

"Nós dissemos ao Dr. Sabo que não poderíamos usar a vestimenta islâmica porque isto é contra a Bíblia e a nossa ética profissional", contou Magdalene Yusuf à Compass.

Os administradores do hospital reagiram à posição das enfermeiras, demitindo-as em 24 de abril de 2002.

Assim, as enfermeiras fizeram uma petição diante dos oficiais do Ministério da Saúde Federal da Nigéria e arquivaram uma ação judicial na Corte Superior Federal em Jos, no estado de Plateau. A ação levou-as a perder o seu emprego, como resultado da perseguição religiosa.

As enfermeiras solicitaram que a corte restaurasse suas posições no Centro Médico Federal. A sede local do estado de Bauchi da Associação Cristã da Nigéria e a Comunhão das Enfermeiras Cristãs apoiaram a sua reivindicação.

A situação difícil que as enfermeiras estavam enfrentando chamou a atenção das organizações que tratam da liberdade religiosa por todo o mundo. A Solidariedade Cristã Mundial, os Ministérios dos Cristãos Perseguidos, a Iniciativa Macedônica Internacional, a Comunhão de Advogados Cristãos e outras organizações intervieram no caso.

A senhora Uju Hassan-Baba, diretora geral do Conselho de Auxílio Legal da Nigéria contou à Compass que a reintegração das enfermeiras foi resultado da intervenção das organizações de liberdade civil.

"As enfermeiras fizeram uma petição em 2002 solicitando nossa intervenção em alguma brecha nos direitos constitucionais e de crença religiosa em seu favor, e nós levamos o assunto ao centro e ao Ministério Federal da Saúde", afirmou Hassan-Baba.

"Nós escrevemos para o diretor médico do centro sobre a violação dos direitos das enfermeiras e também levamos o caso até a corte. Entretanto, após a intervenção do Ministro da Saúde, professor Eyitayo Lambo, resolvemos abandonar a ação judicial".

"Graças a Deus, agora as enfermeiras estão de volta", concluiu ela.

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