Portas Abertas • 21 jun 2005
Alberto Iturbe tinha apenas 38 anos quando morreu, no dia 25 de maio último. A família enlutada começou a tarefa de preparar seu enterro, mas em todos os lugares que foram, não obtiveram permissão para enterrá-lo porque eles eram cristãos evangélicos e não católicos. Nem mesmo seu pastor, membro da Aliança Pastoral Evangélica da cidade de Puebla, foi capaz de encontrar uma solução.
Finalmente, a família não teve escolha, a não ser cremar o corpo de Iturbe. A lei mexicana exige que o enterro se dê 24 horas após a morte e Iturbe já estava morto há 36 horas, sem ter sido embalsamado.
A família de Alberto Iturbe reside na cidade de Puebla, capital do estado de Puebla, em uma colônia da periferia conhecida como Ressurreição, onde muitos habitantes ainda falam a língua indígena Nahuatl. Procurando conseguir permissão para o enterro, a família primeiro foi ao assistente do prefeito, mas voltou com uma resposta negativa. Depois, eles pediram autorização para o padre católico, que recusou. Finalmente, em desespero, eles pediram ajuda para o promotor de justiça e obtiveram outra resposta negativa.
As leis mexicanas referentes a enterros estão sob o governo secular desde 1859; antes elas eram controladas pela igreja católica. Mas, novas leis têm sido aceitas recentemente permitindo que comunidades indígenas invoquem o direito de "usos e costumes" sobre as leis civis em vigor no país, como no caso da colônia de Ressurreição.
A família Iturbe pertence à Igreja Rios de Água Viva, cujo pastor, David Brito Sanchez é tesoureiro da Aliança Evangélica de Pastores de Puebla. Ele pediu ajuda a outro pastor, José Moreno Rodriguez, que é encarregado pela Aliança das relações entre as igrejas evangélicas e o governo do estado. Os dois pastores tentaram resolver o problema, mas, apesar disso, as autoridades foram incapazes de dar uma solução para o caso, recomendando apenas que os evangélicos pressionassem para uma mudança na nova lei.
Os líderes evangélicos de Puebla estão indignados e perguntam como o México pode permitir que tal situação ocorra tão perto da capital do país. A professora Marjorie Hord Mendez, da Universidade Madero, comentou: "Parece impensável que coisas desse tipo aconteçam em pleno século 21. Isso é uma flagrante violação dos direitos humanos".
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