Portas Abertas • 10 ago 2005
Um cristão paquistanês que foi preso pela estrita lei de blasfêmia do Paquistão foi libertado com uma fiança de 4.200 dólares.
Yousaf Masih, 60 anos, foi detido no dia 28 de junho na área de Lalkurti, em Nowshera, depois de uma alegação de que havia deliberadamente queimado páginas do Alcorão.
Depois da prisão de Yousaf, um comunicado da Aliança de Todas as Minorias do Paquistão (APMA) afirmou que ele foi brutalmente torturado na delegacia e mais tarde foi transferido para a Cadeia Central em Peshawar, onde foi mantido em uma cela especial. Sérias preocupações começaram a surgir em relação à saúde de Yousaf.
Yousaf foi solto da prisão no dia 6 de agosto, quando membros e advogados da APMA apresentaram a garantia de liberdade ao superintendente da prisão.
Segundo um comunicado da APMA, quando Yousaf foi informado sobre sua liberdade, "ele se ajoelhou e disse em alta voz: Aleluia! Então ficou de pé e nos abraçou. Nós o levamos da Cadeia Central em Peshawar para um lugar onde sua família o estava esperando".
Falando no comunicado, um oficial da APMA chamou a libertação de Yousaf sob fiança de "um grande milagre".
Ele acrescentou: "Essa é a primeira vez no Paquistão que alguém acusado de blasfêmia é libertado da prisão sob fiança em um tempo tão curto... Casos de blasfêmia desse tipo levam anos para chegar a qualquer tipo de libertação. Os juízes relutam em ouvir tais casos, devido às ameaças. Muitos cristãos foram mortos extra-judicialmente e muitas vítimas da lei de blasfêmia estão nas prisões, vivendo em uma situação entre a vida e a morte e esperando pelo julgamento".
O presidente da APMA, Shahbaz Bhatti, disse no comunicado: "A APMA agradece a todos aqueles que oraram para que Yousaf Masih fosse solto. Apesar de Yousaf Masih estar fora da prisão, ele e sua família (ainda) estão sob ameaças de morte. Continuem a orar por Yousaf Masih, sua família e pelos membros e advogados da APMA, que continuarão a persistir nesse caso até que as acusações de blasfêmia contra Yousaf sejam retiradas".
Depois da prisão de Yousaf, de acordo com a APMA, um grupo de muçulmanos ficou com ódio violento ao saber sobre o incidente. Eles atacaram um templo hindu e casas habitadas por cristãos em Nowshera.
A APMA relatou que a maioria dos cristãos moradores de Nowshera deixou a área para salvar sua vida, e que os cristãos que permaneceram foram assediados, intimidados e aterrorizados. As organizações extremistas islâmicas exigiram que Yousaf fosse enforcado publicamente.
A Preocupação Cristã Internacional comentou: "Há inúmeros extremistas islâmicos atualmente operando no Paquistão. A incapacidade do governo em prover serviços básicos nos últimos anos deixou espaço para muitos desses grupos intrometerem-se e assumirem várias responsabilidades, tais como a direção de clínicas e hospitais, treinamento profissional, providência de dotes de casamento e a direção de institutos de ensino superior. Além das universidades, esses grupos também dirigem as madrassas, que são escolas islâmicas cujo currículo geralmente inclui treinamento militar ou de armas".
Texto enviado por Daila Fanny
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