Portas Abertas • 5 mai 2006
Em meados de abril, muçulmanos radicais forçaram três igrejas a cessar os cultos no norte de Jacarta e nas províncias Java Ocidental e Tangerang, alegando que as reuniões estavam perturbando as comunidades islâmicas.
Em 17 de abril, um grupo de 150 pessoas alegando representar a comunidade vizinha visitou a igreja Shining Christian, no subdistrito de Clincing, ao norte de Jacarta. Eles intimidaram o pastor Yoshua Sugiharto para cessar as atividades de culto que se realizavam no prédio desde 2001.
A multidão também apresentou uma carta às autoridades datada de 12 de abril, solicitando a interrupção dos cultos e listando as reclamações dos vizinhos. Estas reclamações incluíam atividades religiosas realizadas em um prédio residencial; participação de membros da igreja que não vivem nas imediações do bairro; e funcionamento de uma igreja em uma área predominantemente muçulmana.
Os membros da igreja protestaram declarando ser oficialmente registrados, conforme o Registro No. 133/1/824/VIII/2005. A igreja foi fundada em Semper Ocidental quando havia somente algumas casas, e embora uma vizinhança majoritária muçulmana houvesse crescido em torno deles, não houve problemas até 2005.
A Igreja Shining Christian foi estabelecida pela Fundação Lazaria Light. Em janeiro, a fundação também criou um jardim da infância para crianças de baixa-renda e fornece gratuitamente alimentos, assistência médica e um programa de nutrição para crianças que correm risco de vida.
Apesar disso, os arruaceiros disseram que convocariam a FPI (ou Frente de Defesa Islâmica) e a Sociedade de Madura em Jacarta para fechar a igreja, se suas exigências fossem ignoradas. Os dois grupos têm a reputação de serem radicais e agressivos.
Em 18 de abril, membros da igreja e manifestantes foram convocados para uma reunião nos escritórios do conselho para resolver as divergências. Os vizinhos insistiram que a igreja cessasse permanentemente as atividades.
Multidões impedem missas
A polícia solicitou à igreja católica Santa Clara, localizada no distrito de Bekasi, no norte de Java Ocidental, para não realizar o culto de Sexta-Feira Santa, em 14 de abril, depois que o FPI e um outro grupo muçulmano local ameaçaram destruir a igreja.
A igreja, cujo prédio ainda está sendo contruído, planejava realizar o culto em uma tenda em um terreno da paróquia. Contudo, as negociações com a polícia fracassaram e os oficiais da igreja tiveram que realizar os cultos em uma outra localidade um pouco mais afastada.
Na noite de 14 de abril, aproximadamente 300 pessoas chegaram ao local onde estava a tenda para se certificarem de que ela havia sido desmanchada e o culto cancelado. Algumas testemunhas disseram que os rebeldes estavam armados com facas e com outras ferramentas pontiagudas.
Uma multidão de aproximadamente 500 muçulmanos também forçou a igreja católica Ciledug, que se reúne no condomínio Regensi Bintaro Ciledug, na província de Tangerang, a interromper os cultos. Atualmente, cerca de três mil membros de igreja estão se reunindo em dependências alugadas de um escritório, mas esse contrato deve ser temporário.
As autoridades locais concederam permissão para a igreja realizar cultos, mas a licença para um prédio oficial ainda está sendo estudada.
Os manifestantes alegaram que não queriam uma igreja em seu bairro, mas membros da igreja disseram que muitos dos que participaram do protesto eram estranhos que não viviam na vizinhança da igreja.
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