Portas Abertas • 1 jun 2006
Depois de quase três meses de detenção, o evangelista Abe (pseudônimo), 55, foi finalmente julgado por um tribunal local.
O promotor público acusou o evangelista de difamar o islã e seu profeta, Maomé, e Abe foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão. Abe compareceu a duas audiências: em 10 de maio e em 17 de maio.
A cunhada de Abe e outros parentes estavam entre as testemunhas ouvidas na primeira audiência, segundo reportagem de um jornal local. Como o previsto, eles deram um testemunho desfavorável ao cristão.
Desse modo, no término da segunda audiência, os juízes consideraram Abe culpado e proferiram a sentença. Abe foi considerado culpado de violar o artigo 156 (a) do Código Criminal que estipula: "Qualquer um que demonstre intencionalmente em público uma expressão ou uma ação de hostilidade, abuso ou difamação para com a religião na Indonésia será sentenciado a cinco anos de prisão, no máximo".
Os juízes consideraram que Abe feriu os sentimentos muçulmanos e espalhou intranqüilidade entre a comunidade.
Por outro lado, eles levaram em consideração alguns pontos favoráveis: 1) Abe se desculpou e admitiu seus erros; e 2) ele foi "punido fisicamente" pela multidão em 7 de março. (Clique aqui para conhecer mais detalhes desse caso.)
Muçulmanos radicais tumultuam a corte
Durante a segunda audiência, a corte estava lotada de pessoas. Mesmo antes do início, mais de 500 muçulmanos radicais congestionavam o pátio. Membros de grupos fundamentalistas muçulmanos como a Frente de Defesa do Islã (FPI) e o Conselho Indonésio Mujahidin, bem como estudantes de vários internatos muçulmanos, estavam presentes.
Para garantir a segurança de Abe, ele foi levado ao tribunal em um carro blindado. Enquanto isso, mais de 100 policiais das tropas de choque permaneceram em estado de alerta para prevenir qualquer ato de violência.
Abe estava em condição mais estável durante o julgamento do que três semanas antes, quando uma equipe da Portas Abertas visitou-o na prisão. Ele mostrou-se com mais autocontrole, apesar da pressão dos presentes. Devido a seus problemas de saúde, entretanto, sua defesa foi lida por um dos advogados de defesa.
Os juízes tiveram que acalmar a multidão de vez em quando, pedindo que respeitasse o júri e o direito de Abe ser ouvido. Os três juízes conseguiram controlar todo o processo de julgamento, de modo que tudo acabou pacificamente.
Prontas para o pior
Do lado de fora da sala de audiências, a esposa de Abe teve de segurar as lágrimas quando a sentença foi pronunciada. "Não posso chorar agora. Isso chamaria atenção para mim e a multidão me reconheceria", ela disse.
Embora esteja preocupada com seu sustento e o de sua filha na ausência do chefe da família, ela pareceu estar preparada para enfrentar as piores condições que venham a surgir.
"Tenho falado sobre essa situação delicada com a nossa filha. Ainda bem que agora ela começou a entender e se tornou mais forte", ela continuou.
Como vive em Java Central, a família de Abe precisa viajar uma noite inteira para visitá-lo. "É muito longe e caro", contou ela, compartilhando sua luta com a Portas Abertas. "Espero que haja a possibilidade de ele ser transferido para uma prisão na minha província".
Motivos de oração:
Ore por Abe - Graças a suas orações, Abe está agora em condições mais estáveis e consegue permanecer firme em sua fé. Continue a orar por sua saúde e segurança durante o confinamento; que Deus o preserve de maus-tratos e abusos físicos.
Ore por sua família - Continue a orar pelo fortalecimento e pela paz de espírito de Waty, esposa de Abe, e Rinda, a filha do casal.
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