Líderes cristãos comentam a sharia na Nigéria

Portas Abertas • 14 jul 2006


O reverendo Joseph Hayap, secretário da Associação Cristã da Nigéria (CAN, sigla em inglês), tem testemunhado conflitos religiosos no estado de Kaduna, norte da Nigeria, desde 1987.

Joseph é um pastor da Convenção Batista Nigeriana e, segundo ele, esses conflitos resultaram na morte de mais de 25 mil cristãos e na destruição de cerca de 500 igrejas em Makarfi, Kaduna, Kafanchan, Zangon Kataf, Kasuwa Magani, e Zaria.

Joseph faz alusão à crise constitucional desencadeada com a imposição da sharia (código legal islâmico) em 12 Estados do norte do país. Ele identifica o desejo muçulmano de colocar o Alcorão acima da Constituição nigeriana como a causa principal do conflito religioso.
 
Para Joseph, essa atitude leva os muçulmanos a acreditarem que estão acima da lei.
 
"O problema que nós temos na Nigéria é a falta de aplicação da lei", disse ele. O islamismo é visto como uma religião cujos seguidores não podem estar sujeitos à lei.
 
O Estado de Kaduna agora opera com um sistema legal duplo: o sistema legal comum e o da sharia. O governo de Kaduna afirma ter estabelecido cortes comuns para servir os cristãos e os animistas.
 
Contudo, Joseph disse que as cortes comuns estão atuando conforme as práticas religiosas de animistas e, conseqüentemente, não atendem aos interesses dos cristãos. Ao permitir o sistema dual, o governo apenas tenta criar a impressão que estava se dirigindo à injustiça feita aos cristãos.
 
"A verdade é que a lei da sharia, ou as cortes da sharia no Estado de Kaduna, foi dada muçulmanos. Mas, os cristãos não receberam nada, porque que as cortes comuns não são para eles", disse Joseph.
 
Ele diz que os cristãos rejeitam a sharia não por oposição às cortes ou às suas proibições. Os cristãos na Nigéria rejeitaram a sharia porque ela impede o evangelismo. "Com a sharia, se um muçulmano ouvir o evangelho e decidir receber Jesus, ele será morto pelos muçulmanos por se converter ao cristianismo".
 
Desvio de Fundos Sociais

Uma outra razão que os líderes cristãos se opõem à sharia é que os recursos doados para serviços sociais podem ser desviados para a propagação do islamismo.
 
Além de Joseph, outras pessoas pensam assim: Ali Buba Lamido (bispo anglicano da diocese de Wusasa em Zaria); o diácono Saidu Dogo (secretário-geral do CAN no norte da Nigéria); e o Dr. Bitrus Gani (presidente dos Governadores da Esperança para o Centro de Cegos em Zaria). Esses líderes cristãos afirmam que os recursos destinavam-se para serviços tais como hospitais, escolas, estradas e utilidades públicas. Os recursos são desviados agora para a construção de instituições islâmicas, pagamento de juízes muçulmanos e para atrair ao islamismo cristãs e órfãos pobres.

Eles declaram que os cristãos inocentes e incultos são levados diariamente para as cortes islâmicas. São citados numerosos casos de cristãos processados e presos por cortes islâmicas - ou julgados nessas cortes - enquanto o governo nigeriano parece incapaz de intervir.
 
O diácono Saidu confirma o fato de que os cristãos do campo, inocentes e pouco instruídos, se tornam vítimas da lei islâmica.
 
"De maneira geral, descobrimos que a sharia foi introduzida para enganar pessoas que não são cultas o suficiente para entender a implicação dessa lei", disse Saidu. Ele conta que líderes muçulmanos, com o uso da sharia, punem de maneira injusta os menos privilegiados no norte da Nigéria, principalmente os cristãos.
 
Saidu acrescentou que os governos controlados por muçulmanos proíbem o ensino do Conhecimento Religioso Cristão aos alunos cristãos em escolas, e as agências de mídia nestes Estados são proibidas de transmitir programas cristãos.
 
Ele disse que as autoridades de planejamento da cidade não permitem que igrejas construam em suas propriedades, e, por isso, os prédios de igrejas foram demolidos.
 
"Agora as igrejas tornaram-se alvos dos responsáveis pelo planejamento da cidade", disse ele. "Essas agências de governos islâmicos derrubam igrejas à vontade, alegando que tais igrejas são estruturas ilegais".
 
Além disso, disse ele, sempre que os cristãos constroem casas e as convertem em igrejas, (já que o governo reprova as solicitações para os prédios de igrejas), essas casas são marcadas como estruturas ilegais e demolidas.
 
"Todavia, muçulmanos em todos os lugares constroem mesquitas e sem precisar de aprovação", disse Saidu. "Isso é o que significa ser um cristão em Estados islâmicos como o de Kaduna."

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