Portas Abertas • 18 set 2006
Um grupo de homens armados baleou e matou um freira católica italiana na capital da Somália, Mogadíscio. Ainda não se sabe se o assassinato tem relação com a polêmica sobre o discurso do papa Bento 16 que ofendeu muçulmanos.
A freira tinha 71 anos e trabalhava em um hospital de Mogadíscio. O grupo deu vários tiros na religiosa, antes de fugir do local na confusão que se formou.
O segurança da freira também morreu no atentado.
Um porta-voz da União das Cortes Islâmicas, que governa Mogadishu desde junho, qualificou o ato como bárbaro, e afirmou que os autores do crime serão capturados.
Relatos indicam que um suspeito foi preso.
As autoridades investigam se a morte da freira foi motivada por declarações pesadas de um clérigo radical somaliano, o xeque Abubakar Hassan Malin, na sexta-feira.
Malin orientou aos fiéis de sua mesquita a caçar e matar qualquer um que ofenda o profeta Maomé.
Revolta
Malin engrossou o coro de líderes religiosos muçulmanos que expressaram sua revolta ao redor do mundo com as declaraões do papa.
Falando sobre o assunto em Cuba - onde participou do Fórum dos Não-Alinhados - o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, se disse contra o que chamou de tendências sinistras.
Também em Cuba, o primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi disse que o Papa não deveria subestimar a sensação de revolta que a citação gerou. O Vaticano deve, agora, assumir responsabilidade pelo assunto e adotar as medidas necessárias para retificar o erro, disse.
No discurso, intitulado Fé, Razão e a Universidade: Memórias e Reflexões, o Papa cita um diálogo de 1391 entre um imperador bizantino, Manuel II Paleologus, e um intelectual persa sobre as religiões cristã e muçulmana.
O papa menciona que, em um determinado momento do diálogo, o imperador cita o tema da guerra santa, nas palavras do Papa, com uma assustadora brutalidade.
Mostre-me tudo o que Maomé trouxe de novidade, e encontrarás apenas coisas más e desumanas, como sua ordem de espalhar com a espada a fé que ele pregava.
Ofensa
O líder da Irmandade Muçulmana do Egito, Mohammed Mardi Akef, disse que as palavras do papa causaram revolta em todo o mundo islâmico e representam crenças erradas e distorcidas que estão sendo disseminadas no Ocidente.
Para Youssef al-Qardawi, um proeminente clérico muçulmano no Catar, ouvido pela agência Reuters, os muçulmanos têm o direito de se sentir ofendidos pelos comentários do papa.
Queremos que o papa peça desculpas à nação islâmica por ter insultado sua religião, seu profeta e suas crenças, afirmou ele.
No Irã, um influente clérigo, Ahmad Khatami, disse: É lamentável que o líder religioso dos cristãos tenha tão pouco conhecimento do Islã, e que fale sem se envergonhar disso.
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