Jovem é sentenciado por assassinato de clérigo católico

Portas Abertas • 16 out 2006


O Tribunal Criminal de Trebizonda sentenciou, em 10 de outubro, o adolescente que matou a tiros um padre italiano na Turquia. O incidente aconteceu há oito meses na costa do Mar Negro.

O assassino foi sentenciado a 19 anos de prisão mas, segundo especialistas consultados pela imprensa turca, espera-se que o jovem réu cumpra apenas dez anos e meio da sentença.
 
Durante seu julgamento por homicídio, o menor foi identificado apenas por suas iniciais O.A.; na edição de 11 de outubro do jornal Radikal, o rapaz de 16 anos é chamado de Oguzhan Aydin.
 
O padre Andrea Santoro, 60, foi baleado duas vezes nas costas com um revólver Glock após a missa do domingo, 5 de fevereiro  (leia aqui). Ele estava ajoelhado diante do altar da paróquia católica Santa Maria, em Trebizonda. Embora duas testemunhas do assassinato não tenham visto o rosto do criminoso, elas o ouviram gritar as palavras de abertura da oração muçulmana: "Allahu akbar" (Deus é o maior).
 
Na nona e última audiência desse julgamento que começou em 5 de maio, feito a portas fechadas, o tribunal condenou Oguzhan por assassinato premeditado, posse ilegal de arma e colocar deliberadamente em perigo a ordem pública.
 
A corte o condenou, a princípio, à prisão perpétua, como pediu o promotor local no caso. Mas, como ele é menor de idade, a corte substituiu sua sentença para 18 anos, 10 meses e 17 dias de prisão, além de uma multa de 250 liras turcas (168 dólares).

Informações confidenciais
 
Oguzhan foi capturado pela polícia turca em 7 de fevereiro, dois dias depois que o revólver Glock, encontrado em seu poder, foi usado para disparar duas vezes nas costas do padre italiano, matando-o quase imediatamente.
 
Os funcionários da polícia turca e os líderes do governo afirmaram que todas as evidências apontavam para o fato de o incidente ter sido "um ato totalmente individual", apesar de os resultados da investigação policial e as transcrições do processo judicial permanecerem confidenciais.
 
O julgamento todo foi feito a portas fechadas, sendo apenas permitida a presença do pai dele, observando as audiências. A única testemunha italiana do crime não foi convocada para depor no tribunal, nem mesmo qualquer representante do governo italiano, ou da igreja católica.
 
"Recebemos informação apenas pela imprensa", o bispo Luigi Padovese, vicário apostólico em Anatólia da igreja católica romana na Turquia, disse à agência de notícias Compass. Mas, ele disse ter esperança de que o promotor de Trebizonda forneça por fim um texto com a decisão da corte à embaixada italiana em Ancara.
 
"Eu gostaria de ler o que o juiz escreveu sobre a sentença", Luigi disse, admitindo que quer saber em particular qual teria sido a motivação do assassino.
 
Durante os primeiros interrogatórios feitos com o suspeito, Oguzhan confessou ter assassinado o padre como uma vingança pelas charges do profeta Maomé.
 
O bispo também disse que ele queria uma explicação sobre como o jovem teria conseguido o revólver ilegal, uma arma bastante cara, produzida na Áustria. A imprensa turca afirmou, de maneiras diferentes, que a arma era propriedade do irmão mais velho do rapaz, ou de seu pai.
 
Segundo a agência de notícias Dogan, o rapaz disse ao tribunal no dia 10 de outubro, antes de sua sentença ser anunciada, que ele "havia se arrependido" do que tinha feito.
 
Mas, a família de Oguzhan reagiu com fúria à sentença, declarando aos jornalistas do lado de fora do tribunal de Trebizonda: "Não esperávamos essa pena. Vamos apelar à Suprema Corte. Isso não vai terminar aqui".
 
A mãe de Oguzhan disse: "Se meu filho está preso em favor do Estado, do povo, então que assim seja com minha bênção. Ele está preso por Alá". Ela e sua filha recitaram "Allahu akbar!" enquanto o culpado Oguzhan era levado às pressas, sob forte vigilância, para uma viatura da polícia que aguardava do lado de fora do tribunal. Do tribunal, ele foi levado de volta à prisão Bahcecik de Trebizonda.
 
Ataques anteriores

Houve outros três ataques a clérigos católicos na Turquia desde a morte de Andreas em fevereiro.
 
Alguns dias depois do assassinato em Trebizonda, um monge franciscano foi atacado e ameaçado por vários jovens turcos em Esmirna.
 
Na segunda semana de março, um jovem turco da cidade portuária de Mersin perseguiu dois clérigos e um grupo de jovens católicos dentro da igreja deles, amaldiçoando o cristianismo e ameaçando-os com uma faca de açougueiro, até que ele se rendeu à polícia local (leia aqui).
 
Em julho, um padre francês idoso em Mar Negro, foi esfaqueado por um muçulmano turco, mas sobreviveu. O agressor era conhecido por espalhar falsos boatos contra católicos e protestantes na cidade (leia aqui).
 
Na opinião de Luigi, o clima religioso contra os cristãos na Turquia piorou desde o assassinato de Andrea. Isso ele atribui a enganosos motivos religiosos e nacionalistas, que são atiçados pela mídia local.
 
"Sempre se fala nos jornais turcos sobre o papa, sobre os cristãos, sobre os missionários, e sempre são coisas negativas", Luigi disse.
 
A Turquia foi particularmente incisiva no mês passado em sua crítica às controversas declarações sobre o islamismo atribuídas ao papa Bento 16, que deve visitar o país por três dias no fim de novembro.

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