Portas Abertas • 29 jun 2007
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) denunciou vigorosamente nesta sexta-feira as graves violações dos direitos humanos sistematicamente cometidas pelo regime militar de Mianmar (ou Burma) há pelo menos seis anos.
Em um comunicado excepcionalmente forte, o presidente do CICV, Jakob Kellenberger, acusou as Forças Armadas de Mianmar de obrigar milhares de prisioneiros a trabalhar como carregadores até o esgotamento.
A organização humanitária revelou abusos reiterados contra homens, mulheres e crianças das comunidades localizadas ao longo da fronteira com a Tailândia, incluindo assassinatos, prisões arbitrárias e a destruição "em grande escala" de suas reservas de alimentos.
Jacob Kellenberger ressaltou que "a Cruz Vermelha chamou a atenção de modo reiterado sobre esses abusos, mas as autoridades não puseram fim a eles".
"As ações das autoridades também tiveram como resultado o imenso sofrimento de milhares de pessoas nas regiões afetadas pelo conflito", acrescentou.
Alguns dos prisioneiros foram assassinados, destaca o comunicado do CICV, que se baseia em investigações feitas por seus membros em Mianmar, entre 2000 e 2005.
Militares contra os cristãos
Em janeiro deste ano, o vazamento de um documento secreto revelou planos do regime militar birmanês de eliminar o cristianismo do país.
O documento, intitulado "Programa para destruir a religião cristã em Burma" foi mostrado ao jornal britânico “Telegraph” por grupos de direitos humanos.
No documento estavam instruções detalhadas de como forçar os cristãos a sair do país. As instruções incluíam a prisão de qualquer pessoa flagrada evangelizando, aproveitando o fato de que o cristianismo é uma religião não violenta.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o comportamento do Exército birmanês impôs um sentimento de "medo constante" em meio à população, obrigando milhares de pessoas a fugir de suas casas.
"O bloqueio permanente (das negociações da organização) com as autoridades levou o CICV a adotar o gesto excepcional de denunciar esta situação", manifesta o comunicado.
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