Portas Abertas • 22 jan 2008
A Igreja no Quênia tem sido de grande importância na restauração da paz. Ela tem unido e organizado várias reuniões de oração pela paz e está envolvida ativamente no processo de mediação entre os políticos e o governo. A Igreja também tem doado toneladas de alimentos e itens de primeira necessidade para as pessoas desabrigadas em todo país.
A nação parece estar em um beco sem saída, uma vez que os dois partidos mantêm sua postura. A Igreja entende que apenas Deus pode resolver a situação. A Missão Portas Abertas conclama seus contatos em todo mundo, tanto igrejas como outras organizações, para orar pela Igreja no Quênia que vem sofrendo e sendo desalojada continuamente.
Até agora, o trabalho da Portas Abertas não foi atingido pela violência. As coisas continuam normais em nosso escritório. Não tomaremos nenhuma atitude enquanto ficar claro que a violência é motivada por princípios étnicos e políticos. Mas sabemos que muitos cristãos estão confinados em casa e com medo de ir à igreja.
Pedidos de Oração:
1. Por favor, ore para que a paz e a estabilidade voltem ao Quênia. O país fora considerado, até então, um dos mais democráticos e estáveis do continente.
2. O Quênia possui uma Igreja bastante poderosa. Ore para que os cristãos sejam exemplo vivo para seus vizinhos durante esse período e agentes de paz e esperança durante os dias de incerteza.
3. Ore pela equipe da Portas Abertas e de outros ministérios cristãos no país.
Entenda o conflito
O Quênia ainda está submersa em uma terrível crise. Os índices oficiais apontam que mais de 600 pessoas foram mortas, mas, de acordo com fontes confiáveis, mais de 1.500 pessoas já morreram neste período. Mais de 250 mil pessoas estão refugiadas em escolas, campos de refugiados e delegacias de polícia, depois de terem sido expulsas de suas casas.
Os dois maiores partidos políticos do país, o Movimento Democrático Laranja (ODM, sigla em inglês) e o Partido pela Unidade Nacional (PNU, sigla em inglês) argumentam que seu candidato é o vencedor da eleição ocorrida em dezembro de 2007.
No dia 30 de dezembro, Mwai Kibaki, membro do partido governista, o PNU, foi eleito presidente, derrotando Raila Odinga, do ODM. Uma fiscalização internacional verificou e apontou irregularidades e anomalias no processo de apuração. O PNU insiste ter vencido a eleição honestamente, enquanto o ODM acredita na fraude. Alguns especialistas acreditam que o resultado ficou muito apertado para ser dado como certo.
Como o candidato do PNU declarou ser o vencedor, o ODM não aceitou os resultados e conclamou seus aliados a refutar o novo presidente. Desde 31 de dezembro, uma onda de violência invade algumas partes do país.
Tribos
A violência pós-eleição está concentrada em duas tribos no Quênia, a Kikuyu e a Luo. Os kikuyus são vistos como os que apóiam o PNU, enquanto os luos, o ODM. Como resultado, os kikuyus foram expulsos da região controlada pelo ODM, o mesmo acontecendo com os luos que moram nas regiões dominadas pelos kikuyus ou pelo PNU. Todo esse processo resultou em muitos assassinatos e desaparecimentos.
Entretanto, a maior causa do conflito não é étnica. A sociedade queniana é relativamente livre e liberal, havendo, inclusive, casamentos intertribais. A causa alegada é a desigualdade na distribuição de renda entre as várias regiões e comunidades. O ODM ganhou o coração de vários quenianos com suas promessas de mudança neste quadro e crescimento econômico para todos. Então, quando o líder do partido foi derrotado, muitos de seus eleitores, a maioria deles pobre e desempregada, pegaram em armas uma vez que não têm mais nada a perder.
A Igreja também foi afetada pela violência, especialmente a localizada nas regiões mais pobres, controladas pelo ODM. Muitos templos foram destruídos e vários pastores de outras tribos tiveram que fugir para salvar suas vidas. Em algumas áreas, os cristãos têm se recusado a ir à igreja para não serem visto como aliados do PNU.
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