Tribunal turco libera agressores presos

Portas Abertas • 20 jan 2004


Dois jovens nacionalistas presos pela acusação de agressão e espancamento contra um turco convertido ao cristianismo, saíram da cadeia no dia 14 último por ordem de um tribunal de Orhangazi, noroeste da Turquia.

O juiz da Corte Criminal de Orhangazi (foto) baseou a libertação dos suspeitos em um relatório do hospital sobre o cristão ferido, e mais a falta deste em comparecer à audiência no tribunal.

De acordo com uma ordem de alta do hospital mandada à corte no mês passado, Yakup Cindilli, 32, havia de fato saído do coma de dois meses e sua vida não mais corria perigo. Ainda em estado de semi-impotência, ele está sendo cuidado em casa pela família desde a primeira semana de dezembro.

Porque Cindilli não compareceu na Corte dia 14 para depor perante o tribunal, o juiz aceitou a recomendação do promotor do Estado para soltar Ibrahim Sekman e Huseyin Bektas da Prisão de Gemlik enquanto durar o julgamento contra eles e dois outros suspeitos, Metin Yildiran e Gokhan Sem.

Entretanto, a irmã de Cindilli, Arzu Seckin disse à corte que o seu irmão ainda não recuperou completamente a consciência, e que ele apenas começou a andar como um bebê. Apesar dele agora estar falando algumas palavras, disse ela, as frases ainda não fazem sentido. Se lhe fossem feitas perguntas, ele não conseguiria responder, disse ela ao juiz.

Nenhum relatório médico oficial sobre o estado de Cindilli chegou à corte, de acordo com um advogado que acompanha o caso.

O juiz instruiu a família de Cindilli para levá-lo ao tribunal na próxima audiência, que está marcada para 12 de fevereiro. Se isso não for possível, disse o juiz, então iremos à sua casa para obter o testemunho dele.

Durante a audiência de 45 minutos, o juiz ouviu o testemunho de um segundo jovem que foi espancado com Cindilli durante o incidente de 19 de outubro.

Em uma clara contradição de sua declaração inicial à polícia, Tufan Orhan alegou que estava num ponto de ônibus com Cindilli quando várias pessoas o abordaram e começaram a discutir. Os indivíduos se afastaram com Cindilli, de tal forma que estavam longe demais para serem identificados, disse ele, e que eles nunca se aproximaram dele. Ninguém nunca me bateu, afirmou ele duas vezes. Mas quando ele viu Cindilli cair no chão, Orhan disse: Eu entrei em pânico e fugi.

Levantando o tom de voz, o juiz leu para Orhan seu testemunho original, notando um punhado de discrepâncias específicas com seu novo depoimento. Inicialmente Orhan havia dito que o incidente começara em uma cafeteria, que ele próprio fora espancado, e que ele havia identificado alguns dos agressores.

O juiz exigiu que Orhan explicasse por que seu relatório médico listava ferimentos específicos que ele tinha, sugerindo que ele pensasse novamente sobre o que ele acabava de dizer ao tribunal sob juramento. Apesar de visivelmente trêmulo, Orhan recusou-se a voltar atrás de sua nova versão, declarando que ele deveria estar nervoso demais quando fez a primeira declaração.
Em defesa dos quatro suspeitos, os advogados apresentaram três testemunhas locais que declararam que Cindilli havia em ocasiões anteriores oferecido a eles, ou a um conhecido, um exemplar do Novo Testamento.

Mais tarde, fora do tribunal, um repórter local do jornal Guncel comentou com Portas Abertas: Aqui, num país muçulmano, você sabe, é crime distribuir Novos Testamentos.

Quando informado que as leis estritamente seculares da Turquia especificam que materiais religiosos impressos legalmente e que não contenham motivos políticos podem ser vendidos ou distribuídos livremente, o repórter não se convenceu.
Cindilli foi agredido e espancado no dia 19 de outubro por nacionalistas da ala direita ligados ao Partido do Movimento Nacionalista (PMN) que o acusou de distribuir Novos Testamentos e realizar trabalho missionário. Ele foi hospitalizado e no dia seguinte entrou em coma, causado por um coágulo sangüíneo no cérebro.

Presidente do capítulo local do PMN, Metin Yildiran é um dos quatro suspeitos pelo espancamento.

De família muçulmana conservadora, Cindilli converteu-se à fé em Cristo há menos de dois anos depois de contatar um ministério de oração por telefone desenvolvido por cristãos turcos. Sua família, apesar de se opor a suas novas convicções, entrou com um processo criminal para condenar os líderes locais do PMN e do partido jovem devido aos graves ferimentos de Cindilli.

     

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