Polícia continua repressão a cristãos, incluindo crianças

Portas Abertas • 13 abr 2009


A polícia da cidade de Agdash, próxima a Göycay, recusa-se a explicar porque oito oficiais, incluindo seus comandantes, invadiram uma reunião religiosa pacífica que ocorria em uma residência particular no dia 25 de março. O chefe do departamento de comunicação com o público da polícia secreta na capital Baku, Arif Babaev, negou que o Ministério de Segurança Nacional tenha algum envolvimento: “Nunca nos envolvemos em tais atividades”, disse ele. “Nós não conduzimos esse tipo de operação – Essa é uma informação falsa.” Ao ser informado de que a imprensa cita autoridades policiais locais que declaram a participação de oficiais do Ministério em uma “operação conjunta”, ele voltou a negar.

Babev também negou que seu Ministério esteja envolvido no impedimento de reabertura da mesquita Abu Bekr em Baku. “Não faz parte da nossa competência abrir ou fechar mesquitas”, declarou ele.

Outros permanecem descrentes sobre as negativas de envolvimento do ministério nesses dois casos e em outras restrições de liberdade religiosa. “Seu trabalho é secreto – eles nunca dizem quando estão envolvidos em atividades contra organizações religiosas”, afirmou um comentarista de Baku que pediu anonimato.

Os batistas disseram que os oficiais os insultaram por causa de sua fé. Durante a invasão, um dos policiais disseram: “Estávamos atrás de vocês, e agora os pegamos! O grupo de cristãos informa ainda que os pais haviam sido convidados a enviar seus filhos para a casa de Vera Zhuchaeva para ouvir histórias bíblicas no período do feriado de primavera Novruz. Eles afirmam que 12 crianças estavam presentes mediante permissão específica de seus pais.

“A polícia entrou e reuniu todas as crianças em uma sala”, informou Lilia Hudaverdieva, membro da congregação batista em Baku e visitante em Agdash. “Um oficial da polícia, um representante do Comitê estadual e um professor fizeram perguntas às crianças sem que os pais estivessem presentes, ainda que as crianças chorassem a ponto de serem ouvidas na vizinhança. Eles não permitiram a entrada dos pais para retirar as crianças”. Somente após terem anotado seus nomes, os pais puderam buscar os seus filhos.

A polícia confiscou 508 livros, 40 filmes, bem como o aparelho de vídeo. Os cristãos reiteram que não há nada de ilegal nos livros e nos filmes – eles destacam que muitos filmes são de Hollywood com temas bíblicos.

Lilia Hudaverdieva e outras duas visitantes da congregação de Baki, Sara Babaeva e Ofelia Yakulova, foram levadas à delegacia de polícia. Elas foram interrogadas por quatro horas e tiveram seus documentos de identidade apreendidos. Lilia disse que a polícia fazia perguntas “provocativas”, mas que ela e suas amigas “disseram a absoluta verdade”. Ela informou que só foram liberadas pela polícia depois da meia-noite.

As três tiveram que retornar à delegacia no dia seguinte para retirar seus documentos. A polícia as levou ao escritório do promotor, onde foram novamente insultadas por sua fé e multadas. O promotor distrital de Agdash, Munis Abuzarli, disse que as três foram penalizadas por violarem o artigo 199 do código de ofensas administrativas por “disseminarem ilegalmente o cristianismo e outras crenças”. Ele disse que cada uma foi multada em 10 Manats (equivalente a 9 Euros ou 12 Dólares americanos).

Ao ser questionado sobre como as três batistas violaram a lei, Munis argumentou que elas ensinavam religião às crianças. “Não se pode atrair crianças para atividades religiosas”, destacou ele. Questionado por que as mulheres cometeram tal violação, já que as crianças tinham permissão de seus pais, ele respondeu: “A lei trata disso como uma violação. Se elas cometeram essa ofensa, elas devem ser multadas de acordo com a lei”.

Lilia Hudaverdieva reclamou que como os bancos estavam fechados por ocasião do feriado de Novruz, a polícia solicitou às três mulheres o pagamento da multa em dinheiro. “Não recebemos nenhum documento ao sermos multadas e nenhum recibo de pagamento”, informou.

Ela também questionou sobre como a polícia de Agdash apresentou as informações para a imprensa local sobre as atividades dos batistas. A invasão foi mostrada inúmeras vezes na televisão, incluindo no jornal da noite do canal privado ATV no dia 27 de março. Uma matéria também foi publicada no site da Agência de Imprensa Azeri (APA) no dia 26 de março, que serviu como base para outros sites de notícias, afirmando a ação em conjunto entre a polícia de Agdash e o Ministério de Segurança Nacional.

Na matéria da APA constavam as idades e endereços completos de Vera Zhuchaeva e das três mulheres de Baku. “Isso foi uma infelicidade”, afirmou Lilia.

O secretário-geral da União Batista do Azerbaijão, Elnur Jabiev, foi além. “Isso é um perigo”, disse ele diretamente de Baku no dia 31 de março. “Nacionalistas saberão os seus endereços. A polícia não deveria ter dado essa informação aos jornalistas”. Devido à recusa da polícia de Agdash em tratar da invasão, permanece não esclarecido se isso foi feito deliberadamente para intimidar outros batistas. As autoridades têm utilizado jornalistas com frequência para intimidar membros de religiões minoritárias, incluindo crianças.

Lilia se deparou com outros problemas quando retornou ao trabalho após o feriado de Novruz. Ela disse que o Ministério de Segurança Nacional contou à matriz da empresa estatal onde ela trabalha sobre suas atividades em Agdash e sobre a penalidade administrativa. Ela disse que a matriz contatou seu superior, informando-o que a empresa não deveria ter empregados com esse tipo de comportamento. “Eu fui ameaçada de perder meu emprego”, disse ela. “Mas meu chefe é bom e eu pude esclarecer que tudo isso era uma difamação e contei o que de fato ocorreu. Eu disse a ele que não sou criminosa”.

Ilya Zenchenko, chefe da União Batista, disse que os lideres da Igreja Batista de Baku continuarão a visitar membros de igrejas em sua congregação em Agdash.

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