Portas Abertas • 25 dez 2021
Rafif compartilha a importância de participar de aulas de educação cristã para lidar com a perda do pai
O Natal é um período de reunir a família e celebrar o nascimento de Jesus. Mas por causa da fé em Jesus, cristãos no mundo todo têm lugares vazios nas mesas de Natal, como na história de Sele que compartilhamos ontem. Outro assento vazio está na casa de Rafif, de 11 anos, no Iraque. O pai dela foi morto em um ataque violento a cristãos, deixando Rafif crescer sem o amor do pai. Porém, as aulas de educação cristã, apoiadas pela Portas Abertas por meio de um parceiro local, ajudam Rafif a permanecer forte em meio às tempestades de perseguição.
Rafif se ajoelha perto do presépio feito pelo pai. “Eu não o conheci, mas arrumando esse presépio todos os anos, sinto que ele também participa um pouco do Natal”, ela diz enquanto arruma alguns personagens no cenário. Veja abaixo o vídeo com o testemunho da pequena Rafif:
Há onze anos, quando a mãe de Rafif ainda estava grávida, Raddif saiu para o que parecia ser outro dia normal de trabalho em sua loja, próxima à Universidade de Mossul. Mas não era. Raddif viu isso mais rápido do que qualquer outra pessoa: explosivos prontos para detonar estavam perto de um ônibus onde os estudantes estavam entrando no local de chegada dos ônibus que carregavam estudantes cristãos de vilas próximas à universidade.
“Quando ele viu a bomba, correu na frente dos ônibus, gritou e acenou. Ele disse: ‘Não se movam ou vamos todos morrer’”, contou Rafif. Os motoristas ouviram Raddif e pararam. Por causa da ação heróica dele, apenas um dos jovens cristãos morreu. Ele, porém, pagou com sua vida: o pai de Rafif morreu antes mesmo de ver a filha.
Quando perguntamos se Rafif sabia por que os extremistas tinham feito os ônibus de cristãos de alvo, ela disse: “Eles odiavam cristãos. Queriam acabar com os cristãos desse mundo ou do país, por isso tentaram matá-los”.
Muitas crianças no Iraque experimentaram a perseguição na prática com a tomada do Estado Islâmico em 2014
Ao encontrar Rafif na igreja, pais deixavam os filhos ali. Para Rafif, momentos como esse podem ser dolorosos. “É difícil principalmente quando ouço meus amigos dizendo: ‘Meu pai fez isso comigo ou meu pai me trouxe aquilo’.” Ela explicou: “Eu perguntei para Deus: ‘Por que você tirou meu pai? Por que fez isso?’”.
Apesar da maioria das crianças ter os pais, nenhuma das que corriam ali desconheciam o que é a perseguição. Mesmo tão novas, crianças entre 8 e 12 anos compartilham memórias terríveis do Estado Islâmico tomando a Planície do Nínive em 2014.
Enquanto para alguns a memória pode ser leve como “apenas” ver sua igreja se transformar em um campo de refugiados durante a noite, outros podem ainda ter pesadelos sobre homens com barbas longas pegando até mesmo as poucas moedas de seus bolsos após terem deixado tudo para trás. Muitas crianças nunca voltaram para a casa da qual fugiram. Rafif, por exemplo, veio de Mossul, um lugar ainda considerado inseguro para cristãos.
Para as dezenas de milhares de crianças no Iraque, é essencial construir um relacionamento com o salvador nascido em uma manjedoura desde cedo, porque a perseguição esteve no passado, mas também está no presente e pode ocorrer novamente de formas mais extremas no futuro. É por isso que a Portas Abertas investe nessas crianças com a ajuda de parceiros e igrejas locais. Essa aula de educação cristã é uma das formas como as crianças são encorajadas a crescer em seu relacionamento com o Senhor e permanecer firme através da tempestade.
Turma de educação cristã da qual Rafif faz parte em um Centro de Esperança no Iraque
A professora responsável, Moshriq, lidera 20 professores que educam as crianças nesse Centro de Esperança. “As crianças são divididas por grupos de idade. Contamos histórias e fazemos atividades para que se sintam parte da história. Se não as apoiarmos espiritualmente, elas não conseguirão superar a dor e o sofrimento.”
Moshriq disse ainda: “Oito semanas antes do Natal, nós começamos a enviar lições diárias online sobre a história e o sentido do Natal, mas continuamos com os encontros semanais. Além disso, ajudamos as crianças a contarem a história do Natal com suas próprias palavras ou por meio de um teatrinho. No dia de Natal, elas também participarão do culto”.
As lições aprendidas ajudam Rafif a refletir sobre o que aconteceu com o pai. “Há histórias na Bíblia em que personagens salvam a vida de outras pessoas. Quando ouvi essas histórias pensei: ‘Ei, esse é igual o meu pai! Ele também morreu para salvar a vida de outras pessoas’.” A Bíblia se torna cada vez mais familiar para Rafif por causa das aulas: “Toda vez que sinto que não estou no lugar certo, leio a Bíblia”.
A menina sabe que o Iraque não é o único lugar onde crianças são perseguidas por sua fé. Em todo mundo, milhões de crianças sentem a falta dos pais, enfrentam violência e são discriminadas por causa da fé. “Essas crianças também deveriam ter aulas de educação cristã. Elas precisam conhecer suas origens, a verdade e qual a razão de sofrerem”, ela disse com uma sabedoria incomum para crianças dessa idade. Então continuou falando sobre sua experiência: “A coisa mais importante que aprendi nas aulas de educação cristã é que Deus sempre está comigo, ele nunca me abandona”. Em toda a escuridão desse país cheio de perseguição, as crianças iraquianas, como Rafif, encontraram seu brilho: Jesus, que veio a esta Terra e continua conosco.
Neste Natal, convidamos você a presentear cristãos perseguidos. Ao contribuir para essas causas você garante que a vida de cristãos perseguidos seja diretamente impactada. Coloque seu amor em ação e abençoe a parte do corpo que enfrenta perseguição por amor a Cristo. Escolha qual presente você quer dar e faça sua doação.
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