Portas Abertas • 28 jan 2022
Amin não se sente mais seguro no campo de refugiados onde vive (foto representativa)
Saydul Amin é um refugiado cristão rohingya que foi atacado em um campo de refugiados em Bangladesh no final do ano passado, depois que outros refugiados o acusaram de se converter ao cristianismo. Os rohingya são uma minoria muçulmana expatriada de Mianmar; eles fugiram da violência no país após sucessivas ondas de deslocamento.
Em 2017, Amin se juntou ao êxodo de refugiados rohingya, quando eles fugiram do que o Tribunal de Justiça Internacional chamou de genocídio por parte de Mianmar. Atualmente, cristãos vivem entre eles no campo de refugiados em Bangladesh.
O jovem de 20 anos se tornou cristão há alguns anos e, recentemente, foi transferido para outra seção no campo onde vive, em que era o único cristão cercado por vizinhos muçulmanos. De acordo com um parceiro local da Portas Abertas, à medida que as pessoas descobriam a fé cristã de Amin, começaram a criticá-lo e persegui-lo.
Como Amin não cedeu à pressão, seus opressores apresentaram uma queixa às autoridades do campo, acusando-o de traficar drogas. Porém, ao invés de investigar o assunto, as autoridades chamaram Amin e bateram nele. "Eles me acusaram de estar envolvido no tráfico, mas não conseguiram provar nada. Eles me bateram por falsas acusações", contou o jovem cristão.
Quando as notícias sobre o espancamento de Amin começaram a circular no campo, as autoridades ficaram com medo e chamaram Amin para pedir perdão, de acordo com uma fonte local da Portas Abertas cujo nome está mantido em sigilo por questão de segurança. Mas Amin diz que não se sente mais seguro no campo.
“A situação no campo é muito crítica e difícil para os cristãos", contou o parceiro local. Alguns refugiados levam falsos testemunhos de cristãos para as autoridades do acampamento, ou até mesmo para pessoas que fazem parte do Exército de Salvação Rohingya Arakan (ARSA), um grupo de insurgência radical muçulmana. A maioria das acusações são falsas e motivadas por vingança pessoal.
A fonte da Portas Abertas disse que tem medo de se sentar por até dez minutos em uma loja ou barraca de chá, porque informantes secretos estão acompanhando e observando cada movimento que faz. "Não há um dia em que me sinta seguro", diz.
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