Sem discipulado a igreja não sobreviveria

O curso de discipulado no Norte da África é oferecido desde 2011 e quase metade das igrejas locais o utilizam

Portas Abertas • 23 fev 2020


Lousa durante curso de discipulado com explicações em francês e árabe

Lousa durante curso de discipulado com explicações em francês e árabe

“Eu acho que se o discipulado não existisse, a igreja não sobreviveria com o tempo.” Essa é uma fala de Kabil*, cristão que vive em um país no Norte da África e coordena um curso para instrutores de discipulado nas igrejas. “O conteúdo é baseado nas lições de Jesus, em princípios que devem acompanhar um cristão durante toda a vida. Não queremos repetir o mesmo erro da antiga igreja primitiva no Norte da África. Durante os séculos 1 e 2, fomos a fortaleza do evangelho, mas a noção de ensinar a fé e treinar discípulos foi negligenciada. Essa é a missão da igreja, construir pessoas ao invés de prédios”, explica.

Kabil está muito animado com o curso, já que ele mesmo foi beneficiado por isso. “Graças a esse curso, descobri muitas coisas e minha vida mudou. Antes disso, houve momentos em que quis deixar a Cristo por ver problemas na liderança e nas pessoas em geral. Desde que começamos o programa, pessoas mudaram. Deus as transformou e agora elas também são responsáveis. Estou motivado porque vejo o agir de Deus por meio delas”, compartilha. Pessoas que fizeram o curso, agora são pastores. Pessoas isoladas, tímidas, que eram rejeitadas, agora floresceram. Kabil não apenas ensina, mas também encoraja os cristãos a prosseguir.

O curso de discipulado é oferecido na região desde 2011 e quase metade de todas as igrejas usam o programa. Todas têm seus próprios instrutores, que, atualmente, chegam a 350 na região. O conteúdo do curso é dividido em três partes. O primeiro ensina os princípios básicos de ser discípulo. O segundo é sobre ser discípulo na igreja e o terceiro sobre servir na igreja e sociedade.

Os líderes da igreja local estão no comando das aulas. “Ensinar, comunicar e ver pessoas crescendo na fé é o que me motiva. Estou aqui hoje porque amo fazer isso, amo ajudar pessoas e vê-las florescer”, conta.

No começo, Kabil treinava os membros da igreja, depois, passou a focar no treinamento de instrutores. “Eu ia a diversas igrejas e casas e toda vez tinha muitos grupos. Eu não podia suprir todas as necessidades. Então, Deus me mostrou que eu deveria treinar instrutores para cada grupo. Ele me mostrou a quem poderia confiar a missão. Essas pessoas ensinam atualmente e desenvolvem o programa em suas próprias igrejas”, explica.

O Norte da África está mudando desde que a Primavera Árabe se tornou manchete, em 2010. Kabil espera mudanças que sejam positivas para a igreja. “Eu diria que a sociedade pode mudar a opinião sobre a igreja e que isso depende de nós. Depende de nosso comportamento, habilidade de mudar e qualidade de vida. Isso é capaz de influenciar a sociedade”, afirma. (Essa história continua)

*Nome alterado por segurança.

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