Portas Abertas • 25 abr 2019
Cristãos sudaneses esperam que as mudanças no governo tragam inclusão para as minorias religiosas
Desde que o ex-presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi deposto no dia 11 de abril, existe uma paz desconfortável em torno da sede das Forças Armadas e dos Serviços Nacionais de Inteligência e Segurança na capital do país, Cartum. Isso porque os protestos ainda estão ativos e os manifestantes exigem um processo de transição liderado por civis. Espera-se que esse período de mudança envolva todas as minorias, incluindo as religiosas.
Enquanto Bashir foi supostamente transferido para uma prisão em Cartum, manifestantes liderados pela Associação de Profissionais do Sudão disseram que não vão parar até que todas as suas exigências sejam atendidas. Eles pedem um desmantelamento completo do "estado profundo" associado ao ex-presidente, e que o poder executivo seja entregue a um corpo civil interino com representantes das forças armadas, conforme relatado pela Reuters. No domingo, dia 14 de abril, o conselho militar disse que estava "pronto para implementar" um governo civil que a oposição concordou, informou a BBC.
Alguns líderes da igreja com quem a Portas Abertas conversou pediram orações por eles e pelo país neste momento crucial e incerto. "Ore para que a calma seja restaurada em breve, pela proteção do Senhor sobre sua igreja, e para que os cristãos permaneçam com um claro testemunho em meio à crise", disseram eles.
Os cristãos no Sudão estão particularmente preocupados com o fato da transição ser inclusiva, disse um colaborador da Portas Abertas na região: “Se uma transição liderada por civis não contar com minorias, inclusive as religiosas, existe o risco de elas serem ainda mais marginalizadas. Isto é particularmente verdadeiro se os fundamentalistas do país assumirem o controle do processo”, afirma.
Durante um culto realizado no dia 14 de abril em Cartum, líderes da igreja representando a Igreja Evangélica Presbiteriana do Sudão, a Igreja Batista e a Igreja Sudanesa de Cristo adicionaram sua voz, pedindo mudança e reforma para a nação.
A pressão sobre as igrejas do país aumentou nos últimos anos, especialmente desde que o Sudão do Sul declarou independência. Bashir tem repetidamente dito que o Sudão é um estado islâmico e que não há espaço para outras religiões. Líderes da igreja foram detidos, prédios de igrejas demolidos e outras propriedades da igreja vendidas a investidores, conforme relatado pelo World Watch Monitor.
Como os EUA estavam considerando suspender as sanções ao Sudão em 2018, grupos de direitos humanos disseram que o governo deveria levar em conta o tratamento do Sudão aos cristãos e outras minorias religiosas antes de normalizar as relações.
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