Bem vindo
Acesse sua conta ou registre-se gratuitamente.

O Talibã pode influenciar grupos extremistas da África?

Entenda como a tomada de poder pelo Talibã no Afeganistão impacta grupos radicais africanos
Portas Abertas • 15 out 2021
A fraqueza dos governos em países africanos faz os jihadistas pensarem que a tomada de poder pode estar próxima

Em agosto de 2021, o grupo extremista islâmico Talibã tomou o poder no Afeganistão e, desde então, o país tem vivido uma crise. O fato de os extremistas assumirem o controle do país impactou outros grupos jihadistas em muitas partes do mundo, como é o caso da África.

Em muitos países africanos, onde os jihadistas também atuam, os governantes são vistos como corruptos, fracos e ineficazes. E, por isso, tropas armadas dos Estados Unidos se fazem presentes nessas regiões, assim como acontecia no Afeganistão. Com isso, muitos extremistas passaram a acreditar que enquanto os governos da região forem corruptos e fracos, é inevitável que, um dia, as forças estrangeiras decidam sair e os extremistas tomem o poder. Esse é possivelmente o principal pensamento de membros do grupo Al-Shabaab, ativo na Somália e região.

O Al-Shabaab tem lutado contra o governo da Somália há muitos anos. O governo do país continua corrupto e fraco, e a relação com os líderes é até perigosa, já que qualquer crise nessa relação pode levar a uma crise no governo.

Assim como no Afeganistão, militantes na Somália financiam as operações através de impostos ilegais e outras atividades ilícitas. Eles acreditam que “é apenas uma questão de tempo até que o mundo desista dos governos corruptos e fracos”. Na opinião deles, é inexplicável que as potências estrangeiras continuem financiando uma guerra sem fim e um governo que está totalmente desvinculado do próprio povo. A queda do Afeganistão sob o Talibã pode fortalecer essa visão.

Surgirão novos gruposextremistas?

A queda da capitalCabulsob o domíniodo Talibã também poderia levar à criação denovos gruposjihadistas.Em muitos países africanos, podem existirgrupos extremistas quenão eram violentos, mas podem passar a ser, ao ver que através da violência é possível chegar ao poder.Assim, há potencial para que novos gruposjihadistassurjamem alguns países africanos.

Cooperaçãocom as forças internacionais

Outro episódio importanteda crise doAfeganistão é a evacuação de estrangeirosresidentesno país e de cidadãoslocais que apoiavam a luta contra o Talibã.Os portais de notícias mostraramvídeos depessoastentandodesesperadamenteentrar emaviõespara fugir do país.

O ponto que levantoumedoevontade de deixar o paísna populaçãoé:lutar contraasações dosextremistas.Aqueles que cooperaram com o governo e as forças internacionais foram rotulados como “traidores” pelosjihadistas. O queaconteceu com osafegãosdeixa emalerta oscidadãos deoutros países que atualmente cooperam com o governo e as forças internacionais.

Os cidadãos que apoiam o governo e são contra os grupos extremistas são vistos como traidores pelos jihadistas

O que esperar dos grupos extremistas?

Para muitos gruposradicais islâmicosna África, o triunfo do Talibã é um incentivoquedá esperança, e até mesmo pode trazer novos recrutas de todo o mundo. Também pode levar a uma proliferação de outros gruposjihadistas.

O que aconteceu no Afeganistão deve servir de lição internacionalmente: qualquer ação militar contra grupos islâmicos radicais deve ser acompanhada por mudança. Mudanças que sejam percebidas pela população e mudanças democráticas para governos sem corrupção. Na ausência de tais indicadores importantes, as operações não podem trazer a solução desejada e é improvável que consigam lutar contra os jihadistas para sempre.