Portas Abertas • 07 jun 2024
Mesmo com ameaças, pastores ao redor do mundo permanecem fazendo discípulos de Jesus onde estão
Em todo segundo domingo de junho, comemora-se o Dia do Pastor Evangélico no Brasil. O líder cristão tem um grande desafio nas mãos, que é discipular, ensinar, aconselhar e até mesmo advertir os fiéis que estão sob a responsabilidade espiritual dele. No salmo 23, Davi compara-se a uma ovelha e Deus a um pastor, função que ele desempenhou desde jovem. O futuro rei de Israel sabia que, assim como as ovelhas, ele também era indefeso, tinha medo de muitas coisas, vivia melhor coletivamente e precisava de uma direção para viver.
Em 5 de maio de 1955, o Jornal Batista publicou um artigo falando sobre o assunto, no qual também pedia uma oferta para líderes cristãos aposentados que precisavam da complementação da renda. Porém, o pedido de auxílio aconteceu para celebrar o Dia da Junta da Beneficência e não foi bem atendido. Então surgiu a mudança do nome da data para Dia do Pastor, já que a maioria dos que receberiam a assistência eram ministros do evangelho. No entanto, no segundo domingo de maio já acontecia o Dia das Mães, logo entenderam a necessidade de alterar também o mês da celebração, e por isso ficou decidido que no segundo domingo de junho seria comemorado o Dia do Pastor Evangélico.
O trabalho de um pastor na Igreja Perseguida é repleto de desafios e riscos. Em Efésios 4.11, a Bíblia afirma que Deus deu dom aos homens e um dos listados é o de pastorear. Por isso, ser pastor não é um atributo conquistado por esforços humanos, mas sim um chamado para edificar a igreja de Jesus por meio do serviço e da liderança.
Apesar da guerra e da pandemia de COVID-19, o pastor George permaneceu na Síria para servir os cristãos locais
O pastor sírio George Moushi, da Alliance Church, em Qamishli, sabe que o lugar dele é onde as ovelhas estão. Por isso, apesar da guerra na Síria e os bombardeios na cidade onde mora, ele permaneceu no local apoiando os cristãos nas mais diversas necessidades. “Nós vemos pessoas remexendo lixeiras em busca de algo para comer. Coisa que nunca tínhamos visto antes”, contou em entrevista à Portas Abertas.
Diante de tanta necessidade, a igreja do pastor George tem funcionado como um Centro de Esperança. Não importa se a pessoa é cristã ou não, ela recebe comida, roupas, combustível e até moradia, e isso tem servido como testemunho do amor de Deus por ela. Nem mesmo a pandemia de COVID-19 impediu que o líder cristão e a igreja continuassem a amparar as pessoas que mais precisavam de socorro.
Os riscos enfrentados pelos pastores incluem pressão, violência e podem até perder a própria vida por amor a Jesus. É comum que muitos deles sejam presos e torturados até que prometam não falar mais do amor de Cristo e nem se reunir com outros cristãos.
O pastor Inthy enfrentou a prisão por amor a Cristo e não desistiu de cumprir o chamado que recebeu de servir aos cristãos do Laos
Inthy* é um pastor do Laos que ficou isolado em uma cela escura com as mãos e os pés algemados por 49 dias. O “crime” cometido por ele foi “interromper a unidade da comunidade e reunir pessoas para adoração sem permissão prévia”.
A devoção dele a Jesus já o levou para a cadeia três vezes, mas a vida do pastor Inthy é testemunho para todos. “Para mim, meu pai é meu herói. Ele trabalhava arduamente todos os dias para garantir que fôssemos alimentados física e espiritualmente. Ele também é como o apóstolo Paulo da Bíblia. Está sempre preocupado em satisfazer a vontade e agradar a Deus, independentemente da perseguição que enfrentará”, afirma o filho do pastor, Kikeo*.
As consequências para os pastores muitas vezes afetam suas famílias e comunidades. O pastor Leopoldo do México sabe quanto custa ser líder de uma igreja em uma região onde há perseguição. Ele e a família foram expulsos da comunidade onde viviam porque decidiram compartilhar o evangelho com amigos e vizinhos e deixar de seguir os rituais e costumes religiosos do vilarejo.
Nenhuma pressão e violência foi capaz de fazer o pastor Leopoldo desistir de liderar uma igreja no interior do México
Antes de serem expulsos, os cristãos foram proibidos de comprar alimentos e remédios nos comércios locais. Também tinham os cultos interrompidos frequentemente e os filhos do pastor Leopoldo eram hostilizados na escola. Além disso, o líder cristão foi agredido por uma multidão e ficou quatro dias preso.
Em 2017, ele veio ao Brasil e contou o testemunho dele em diversas igrejas espalhadas pelo país. “Estou grato ao Senhor, porque esse testemunho nos mostrou a vontade dele e hoje podemos dizer que há gratidão em nós, porque Deus nos permitiu viver tal situação para que o nome dele fosse glorificado e proclamado por cada um daqueles que passam pela perseguição”, reconhece o pastor.
Os pastores da Igreja Perseguida enfrentam uma variedade de desafios, como risco de ser preso e até perder a vida por causa da fé em Jesus. Por exemplo, o pastor Zachariah teve sua fé abalada após perder esposa e filho em um ataque de extremistas entre os fulanis a seu vilarejo na Nigéria. Mas, após receber cuidados pós-trauma, ele continua a liderar e encorajar sua congregação, lembrando que Deus não abandona aqueles que confiam nele. O Domingo da Igreja Perseguida (DIP 2024) uniu mais de 17 mil igrejas em oração pela África Subsaariana, destacando a importância de apoio espiritual para esses líderes.
O maior privilégio de ser um pastor da Igreja Perseguida é poder ver e participar ativamente da obra de Deus em todo o mundo. Na Nigéria, o pastor Jeremiah viu a vila onde mora ser atacada por militantes fulanis. A igreja onde ele e outros cristãos se reuniam também foi incendiada, mas pela graça de Deus não ficou completamente destruída.
A insegurança na Nigéria não é suficiente para abalar a fé do pastor Jeremiah. Ele crê na conversão dos agressores e tem esperança nos propósitos do Senhor
Apesar das mortes e da destruição, o pastor Jeremiah crê no poder do Deus que livrou outras pessoas e ele no incidente. Por isso crê na conversão dos agressores: “Oramos para que os extremistas entre os fulanis mudem os maus caminhos, porque alguns deles foram forçados a isso, enquanto outros endureceram os corações para fazer isso, mas nada é difícil para Deus”.
O pastor Jeremiah continua liderando os cristãos locais em direção à esperança. Ele lembra cada sobrevivente da graça de Deus e de que o Senhor tem planos para a vida deles. “Devemos dar glória a Deus. Ele está vivo e nos ajudará”, completa.
Assim como há o Dia do Pastor, muitas igrejas comemoram o Dia da Esposa do Pastor. Boa parte do trabalho do líder cristão é influenciada pelo relacionamento que ele tem com a família. Junto com os problemas familiares há os desafios de ser esposa de pastor.
*Nomes alteados por segurança.
Investir na capacitação de líderes é crucial para o fortalecimento das igrejas. Assim como os pastores Moushi, Inthy, Leopoldo e Jeremiah muitos líderes cristãos precisam resistir à perseguição para continuar a fazer o nome de Jesus conhecido no mundo. Ore pelos pastores e colabore para que mais líderes cristãos sejam treinados para proclamar o evangelho.
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