Portas Abertas • 13 fev 2021
Durante esses anos, a família, os amigos e as comunidades cristãs realizaram ações para encontrar o pastor Koh
[Atualizado em 09 de fevereiro de 2024 às 14h08]
O dia 13 de fevereiro marca o desaparecimento do pastor Raymond Koh na Malásia. Em 2017, ele foi abordado e levado por 15 homens em plena luz do dia. Passados cinco anos do sequestro, as buscas pelo pastor continuam e a família, os amigos e as comunidades cristãs lutam para encontrar respostas sobre as investigações.
A Portas Abertas contou um pouco sobre a vida do líder cristão desaparecido e traz uma linha do tempo com as principais ações realizadas ao longo desses anos de buscas pelo pastor Koh. Confira.
13 – Pastor Koh é sequestrado por homens em três SUVs pretos por volta das 10h30.
14 – Jonathan Koh vai até a Delegacia de Kelana Jaya e comunica o desaparecimento do pai.
22 – O inspetor-geral de polícia da Malásia, Khalid Abu Bakar, promete à imprensa criar uma força tarefa para encontrar o pastor Koh.
6 – Policiais apresentam atualizações da investigação à família Koh, mas a família não é autorizada a levar advogados ou conselheiros.
7 – Policiais dão 3 possíveis razões para sequestro do pastor: vingança, evangelismo de muçulmanos ou interesse em pagamento de resgate.
23 – Susanna Koh entrega à polícia carta com dúvidas da família sobre investigação e depoimentos públicos de policiais.
4 – Cristãos se reúnem em oração pelos 50 dias do desaparecimento do pastor Koh.
5 – Jornal publica relatos de adolescentes muçulmanos que foram evangelizados pelo pastor Koh. Polícia diz investigar, mas não comunica família sobre denúncias.
20 – A Comissão de Direitos Humanos da Malásia (SUHAKAM) recebe memorando com denúncia de desaparecimento forçado de pastor Koh, Joshua e Ruth Hilmy, e Amri Che.
21 – O presidente da SUHAKAM, Razali Ismail, anuncia investigação independente sobre os quatro malaios desaparecidos.
5 – Susanna participa de coletiva de imprensa da CAGED (Cidadãos Contra o Desaparecimento Forçado), criada para defender a causa dos malaios desaparecidos.
15 – A família de Koh apela ao WGEID (Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários), para relatar o sequestro como "desaparecimento forçado”.
23 – 100 dias após o sequestro de Raymond Koh, a família Koh se reúne com jornalistas e mostra desapontamento com investigações policiais.
24 – Polícia diz ter prendido um suspeito do sequestro, mas nunca comunicou a prisão ou soltura do suposto culpado.
16 – A SUHAKAM emite uma declaração à imprensa reiterando que a comissão está investigando os sequestros.
25 – Imprensa relata uma operação policial em Kedah e Perak que levou a novas pistas sobre o caso.
25 – Em um evento de imprensa, a polícia afirma que Raymond Koh foi sequestrado por partidos ligados a um sindicato de tráfico humano no Sul da Tailândia.
9 – A SUHAKAM anuncia um inquérito público sobre os desaparecimentos dos quatro malaios.
19 – Começa o inquérito público conduzido pela SUHAKAM. Os integrantes incluem Datuk Mah Weng Kwai (presidente), Prof. Datuk Dr. Aishah Bidin e Dr. Nik Salida Nik Saleh.
2 – A família Koh comemora o aniversário de 63 anos do pastor Raymond na audiência.
16 – A polícia prende um suspeito e o acusa perante o tribunal pelo sequestro do pastor Koh.
13 – Um evento de oração é realizado após um ano de desaparecimento do pastor Koh.
24 – O grupo CAGED organiza uma vigília solidária para mostrar apoio às famílias do pastor Raymond Koh, Amri Che Mat, e Joshua e Ruth Hilmy.
27 – Um delator acusa o inspetor-geral da polícia, Khalid Abu Bakar, de ter conhecimento prévio e aprovar o sequestro do pastor Koh.
3 – A Portas Abertas entrega uma petição com mais de 14 mil assinaturas à embaixada da Malásia no Brasil, pedindo que as investigações fossem intensificadas.
2 – Aniversário de 64 anos do pastor Raymond Koh.
13 – A família Koh apresenta um memorando ao Gabinete do Primeiro-Ministro pedindo uma nova investigação com equipe independente.
3 – A SUHAKAM divulga descobertas em um relatório, afirmando que o pastor Koh e Amri Che Mat são vítimas de desaparecimento forçado pelo Estado.
23 – Governo promete uma força-tarefa especial para investigar os desaparecimentos do pastor Raymond Koh e do ativista social Amri Che Mat.
26 – As famílias do pastor Koh e Amri expressam decepção com a nomeação da equipe de membros da força-tarefa especial pelo envolvimento deles com a polícia, acusada de sequestrar os malaios.
3 – Lançamento oficial do livro "Onde está o Pastor Raymond Koh?" escrito por Lee Hwa Beng e Stephen Ng.
30 – A SUHAKAM intima o governo do país a ratificar a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado (ICPPED), porque estavam investigando os casos como desaparecimento e sequestros comuns.
9 – Susanna relata que membros da força-tarefa haviam feito um novo interrogatório com ela e o filho Jonathan, mais parecendo assédio.
16 – A família organiza evento de mil dias do sumiço do pastor Raymond Koh e a força-tarefa completa 5 meses.
12 – Susanna entra com um processo contra funcionários da polícia, bem como o governo sobre o suposto sequestro do pastor pelo Estado.
4 – Susanna recebe o prêmio de Mulheres de Coragem Internacional dos Estados Unidos da América 2020.
30 – No Dia Internacional do Desaparecimento Forçado, Susanna envia uma mensagem à Portas Abertas: "Não vamos desistir ou perder a esperança. Confiaremos em Deus para que a verdade e a justiça prevaleçam".
5 – A gestão do caso está em andamento e Susanna pede orações porque os advogados estão preparando documentos e provas para um pré-julgamento.
10 – Susanna conversa com a Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF, na sigla em inglês) e ganha mais apoio internacional para o caso.
A esposa do pastor Koh, Susanna, e os filhos Jonathan, Esther e Elizabeth lutam para que o caso continue a ser investigado até que seja solucionado. Os parceiros locais da Portas Abertas visitaram Susanna para entregar uma nova pilha de cartas de cristãos ao redor do mundo. Ela agradeceu dizendo: “Ainda tenho que ler as que recebi durante minha recente viagem aos Estados Unidos. Eu tento escrever de volta também e isso me deixa muito feliz!”.Desde 2017, cristãos ao redor do mundo oram e enviam cartas para Susanna Koh e filhos
Em outubro de 2021, a cristã e o filho fizeram uma viagem aos Estados Unidos para se encontrarem com diversos parceiros de oração e outras pessoas que apoiam a família desde 2017. Na ocasião, a família Koh conheceu novos irmãos na fé e ficou agradecida pelo apoio de pessoas de diferentes países.
Susanna organizou outra vigília à luz de velas no dia 13 de fevereiro de 2022 na Malásia, dessa vez com transmissão ao vivo, para que pessoas de todo mundo participassem do momento de intercessão pelo caso do pastor Raymond Koh.
A esposa do pastor Koh pede que os irmãos em Cristo espalhados pelo mundo intercedam pala próxima audiência do caso, que estava marcada para 31 de janeiro, mas foi adiada e não tem data definida. Essa batalha por informação e justiça exige força e resiliência da família toda e a intercessão é essencial para que os Koh não fiquem desencorajados. “Se não fosse pelas orações, não sei onde estaríamos agora”, reconhece Susanna.
Diante do descaso das autoridades em resolver o caso de desaparecimento do líder cristão, a família Koh recorreu à mais altas instâncas judiciais e a Comissão de Direitos Humanos da Malásia concluiu que o pastor foi vítima de um desaparecimento forçado por parte de um grupo especial da polícia que age em nome do Estado.
Susanna Koh e um um grupo de advogados entrou com um processo para que o governo malaio reconheça e julgue os responsáveis pelo sequestro. As duas audiências já aconteceram em 2023 e a família aguarda a última ainda no primeiro semestre de 2024. “Devo dizer que estou encorajada. As testemunhas se saíram tão bem e até agora o juiz foi justo. Se Raymond estiver vivo, queremos que eles o libertem. Se não estiver vivo, queremos saber onde o corpo dele está e que os sequestradores sejam presos e julgados. Pelo que vimos até agora, o Estado não vai admitir qualquer envolvimento no crime”, testemunhou a esposa.
Keng Joo Koh, mais conhecido como Raymond Koh, nasceu em dois de novembro de 1954 em uma família muito pobre não cristã. Na adolescência, teve um encontro com Jesus e passou a escrever músicas no idioma local para que outros cristãos malaios pudessem adorar na própria língua.
O pastor Koh conheceu a esposa Susanna enquanto servia em um navio da Operação Mobilização (OM), o casal se casou em 1984. Logo os filhos nasceram e a família foi para a Nova Zelândia. Na década de 1990, os Koh voltaram para a Malásia e começaram um trabalho de apoio às pessoas necessitadas.
Em 2011, o líder cristão passou a receber constantes ameaças de morte porque acolhia, ajudava e evangelizava muçulmanos malaios. Em fevereiro de 2017, ele foi sequestrado por agentes da Seção Especial do Departamento de Polícia da Malásia.