Portas Abertas • 13 jun 2019
População eritreia enfrentou diversas dificuldades durante período de conflito com a Etiópia (foto: David Stanley)
Bispos da Eritreia disseram que seu país deveria banir “expressões de ódio” como parte de um esforço para reconciliação nacional, com objetivo de curar as feridas geradas por duas décadas de guerra com a Etiópia. As duas nações encerraram as hostilidades formalmente em julho de 2018. Conflitos na fronteira mataram aproximadamente 80 mil pessoas de 1998 a 2000 e uma negociação da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecida em 2000, nunca foi completamente implementada.
Em uma carta pastoral, os bispos alegaram que por causa da guerra, “nossos jovens, mães, filhos e famílias têm se tornado vítimas de exílio e desestabilização”, e um grande número de eritreus continua fugindo do país. O que é necessário, disseram, é formar “uma comissão nacional dedicada a uma campanha pela verdade e reconciliação”.
“Sua principal tarefa deveria ser a remoção dos fatores de tensão e a promoção do diálogo e compromisso entre todas as partes interessadas”, disse a carta. Também afirmaram que o trabalho não pode ser feito a menos que “terminologias e expressões de ódio, violência e vingança” sejam banidos da mídia e das escolas.
Embora essa seja a primeira vez que os bispos tenham abordado diretamente a situação atual, não é a primeira vez que os cristãos do país têm divergências com o governo. De acordo com a Portas Abertas, em 2007, os bispos protestaram contra uma ordem do governo para nacionalizar todas as escolas, clínicas, orfanatos e centros de treinamento vocacional para mulheres da igreja. Em 2011, grupos cristãos resistiram a uma ordem do governo para enviar seus trabalhadores jovens para o treinamento militar e 120 foram presos.
Em apenas um mês, agentes de segurança prenderam 104 mulheres, 23 homens e 14 menores cristãos na capital do país, Asmara. Não houve encerramento para nenhuma das acusações. Relatórios dizem que cerca de 50 pessoas foram soltas. Ainda no mesmo mês, outros 31 cristãos foram presos em Godife, sul da capital, sem explicação. Uma das razões possíveis é por conta da celebração da independência da Eritreia, que em anos anteriores também foi ocasião para o governo pressionar as minorias com a expectativa de colocar as convicções nacionais acima das religiosas.
© 2024 Todos os direitos reservados