Portas Abertas • 23 ago 2021
Estimados em um número na casa de milhares, cristãos no Afeganistão sempre estiveram vulneráveis à perseguição religiosa
[Atualizado em 23 de dezembro de 2021]
A Portas Abertas estima que existam milhares de cristãos no Afeganistão, mas por razões de segurança não é possível publicar o número exato. Quanto à presença de missionários estrangeiros no país, a Portas Abertas não tem dados a esse respeito, visto que a organização não envia missionários. Nosso trabalho é focado no apoio aos cristãos locais em países onde há perseguição. Esse apoio é feito por meio de parceiros locais, sejam organizações, igrejas ou indivíduos.
No entanto, gostaríamos de esclarecer que a notícia que tem circulado nas redes sociais sobre 229 missionários cristãos terem sido condenados à morte por radicais islâmicos no Afeganistão é comprovadamente fake news. Esse tipo de notícia não deve ser compartilhado. É necessário checar as informações antes de repassar, pois informações falsas podem colocar a vida de pessoas em risco, ao invés de ajudar.
Todos os cristãos afegãos são convertidos do islamismo e não podem viver a fé abertamente. Deixar o islã é considerado ilegal e punível com a morte de acordo com a lei islâmica. Muitos convertidos cristãos enfrentam consequências terríveis se descobertos: ou precisam fugir do país ou serão mortos.
A família, clã ou tribo tem que “salvar sua honra” eliminando o cristão. Nem os grupos islâmicos radicais nem a família de um convertido mostram misericórdia a esse respeito. Como os convertidos são considerados loucos por deixar o islã, alguns podem acabar em um hospital psiquiatra.
Por motivos de segurança, muitos pais são obrigados a esconder a fé dos filhos no Afeganistão
Cristãos ex-muçulmanos sempre precisam ser muito cuidadosos já que até mesmo a suspeita de terem se convertido pode levar a severas consequências como prisão e destruição de suas casas. As famílias muitas vezes escondem a fé até mesmo dos próprios filhos. Como eles nunca sabem ao certo quais membros do clã foram recrutados pelo Talibã, são muito cuidadosos quanto a quem confiar sobre sua fé.
Como o controle social é alto, para os cristãos no Afeganistão é difícil esconder a fé cristã por um longo período de tempo, principalmente se tiver filhos. Além disso, cristãos ex-muçulmanos ficam em um impasse, já que não querem enviar os filhos para madrassas (escolas islâmicas), mas não podem compartilhar a fé com os filhos também, afinal isso pode ser muito perigoso.
Quase toda a população do Afeganistão segue o islamismo
Segundo o World Christian Database, mais de 99% da população do Afeganistão é muçulmana, dos quais a grande maioria é sunita. Quanto a outras religiões, há pequenos grupos de hindus, budistas e cristãos. Apesar de haver cristãos no Afeganistão, não existe registro de cristãos nativos de forma oficial no país, somente de militares internacionais, diplomatas e trabalhadores de ONGs. Os cristãos nativos, principalmente os ex-muçulmanos, se escondem ao máximo.
Qualquer ato de adoração pode colocar os cristãos em risco. Sendo assim, quando qualquer “alteração” religiosa é notada e relatada em alguma família, geralmente significa que ela precisará se mudar por conta da pressão da comunidade local e influência do Talibã ou do Estado Islâmico.
Após ser expulso há quase 20 anos, o Talibã retomou o governo no país
O Talibã é um grupo político que, com o objetivo de dominar o território do Afeganistão, usa estratégias de guerrilha e ataques de homens-bomba. No dia 15 de agosto de 2021, os jihadistas tomaram a capital do país, Cabul, quase 20 anos após serem expulsos por tropas norte-americanas.
Apesar da expulsão, o grupo se manteve ativo, principalmente no interior do Afeganistão e no Paquistão. O objetivo do Talibã é implantar a sharia (conjunto de leis islâmicas), que proíbe a influência da cultura ocidental e incentiva a jihad, que consiste na guerra santa contra não muçulmanos.
Apesar de se comprometer com alguns tratados internacionais de direitos humanos, mesmo antes da ascensão do Talibã, o Afeganistão já violava os direitos dos cristãos das seguintes formas:
Devido à volatilidade da situação no país e à situação de segurança cada vez pior, os pequenos grupos de cristãos no Afeganistão permanecem profundamente ocultos. Mesmo nos 20 anos em que tropas internacionais ocupavam o país, eles já eram afetados pela insegurança, sobretudo os que viviam em áreas controladas pelo Talibã. As dificuldades econômicas — situação agravada pela crise da COVID-19 — também os afetam.
Essas são as informações confiáveis que a Portas Abertas pode disponibilizar sobre nossos irmãos afegãos. Qualquer coisa além disso poderia colocar a segurança deles em risco. Com certeza, o que eles precisam nesse momento é de nossas orações. Por isso, ore pelo Afeganistão e fique atento para não repassar informações falsas.
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