Portas Abertas • 11 dez 2017
Quando islamistas ficaram sabendo do trabalho de Sory* na igreja e da conversão de várias pessoas do islamismo ao cristianismo, ele começou a receber ameaças. “Eles diziam para eu parar de falar de Jesus ou seria morto. Disseram que era fácil matar cristãos porque eles não têm armas. Eles podem simplesmente ser massacrados”, relembra o cristão.
Tudo aconteceu depois que jihadistas atacaram forças de segurança na floresta e mataram um soldado perto de onde ele morava. Os vizinhos avisaram Sory que os jihadistas também estavam procurando por ele, então fugiu imediatamente, deixando esposa e filhos. Ele não parou nem mesmo para calçar um sapato, então seus pés ficaram cheios de espinhos. “Meus pés doíam tanto, que eu não conseguia mais andar. Então rasguei um pedaço da minha calça e amarrei em volta dos pés para prosseguir”, conta.
Na manhã seguinte, a esposa ligou para ele pedindo que voltasse, pois estava muito preocupada com ele. Quando os vizinhos confirmaram que os jihadistas haviam ido embora, ele voltou para casa. A esposa e filhos estavam traumatizados com o incidente e tiveram que mudar para outra região. “Até hoje uma das minhas filhas não consegue esquecer o que aconteceu. Sempre que ouve barulho de carro, ela corre para dentro de casa, para nosso colo”, explica.
Contexto geral
Em 2012, o norte do Mali foi tomado por separatistas tuaregues e por combatentes islâmicos. Apesar do acordo de paz com o governo, assinado em 2015, grupos armados autodenominados jihadistas começaram a ameaçar os cristãos e outras minorias. Esses grupos ganharam território e intensificaram seus ataques, tendo como alvo forças de segurança e representantes da ONU, e atingindo até mesmo as regiões mais ao sul, que antes estavam a salvo de suas invasões.
Em setembro, igrejas e capelas foram atacadas por jihadistas no centro do país. Eles saquearam igrejas nas cidades de Dobara e Bodwal. Em julho, uma coalizão de grupos jihadistas associada à Al-Qaeda publicou um vídeo em que mostrava seis estrangeiros feitos reféns, inclusive três missionários da Colômbia, Suíça e Austrália. O Mali ocupa a 32a posição na Lista Mundial da Perseguição 2017. Ore pelos nossos irmãos do Mali, para que sejam fortalecidos no Senhor mesmo em meio às ameaças e ataques que enfrentam.
*Nome alterado por motivos de segurança.
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