Portas Abertas • 4 set 2023
Segundo Yuhua, parceiro local da Portas Abertas, o Partido Comunista teme qualquer forma de desobediência ou deslealdade (foto representativa)
Yuhua (pseudônimo) é um parceiro de campo da Portas Abertas e especialista sobre a China. Ele explica que são diversos os fatores que contribuem para a subida drástica da China na Lista Mundial da Perseguição nos últimos seis anos. O país passou do 43º lugar em 2018 para 16º em 2023. Segundo ele, um dos fatores principais é a questão da estabilidade.
“Estabilidade sempre foi a principal prioridade do Partido Comunista, dada a história da China. Desde 2015, a voz da igreja se tornou mais forte, o que é intimidante para o Partido. Também podemos nos referir ao controle do governo nas áreas muçulmanas, como a província de Xinjiang. O Partido teme qualquer forma de desobediência ou deslealdade relacionada a ele.”
Quanto ao aumento no monitoramento digital na China, ele explica que circuitos de câmeras de vigilância estão basicamente em todos os lugares na China – em locais religiosos ou não. As pessoas se sentem mais seguras e acreditam que isso ajude a prevenir crimes e ameaças, tais como ataques físicos e abusos na rua. Afinal, quando isso acontece, policiais aparecem na cena para prender os criminosos.
Entretanto, é obrigatório que igrejas registradas ou igrejas do Movimento Patriótico das Três Autonomias instalem câmeras de vigilância em cada canto do prédio. Nas igrejas que se recusam, o governo as instala apenas do lado de fora. “No último ano, enquanto entrevistava um pastor, ele afirmou observar um declínio na frequência da congregação após a instalação das câmeras de segurança. Com a instalação, tudo é revelado: pregações, sermões e outras atividades da igreja são registradas e monitoradas. E ninguém gosta de ser vigiado dessa forma.” É importante ressaltar que os níveis de implementação variam de província para província.
O governo chinês se preocupa muito com infiltração estrangeira, o que leva pastores a serem muito cuidadosos na escolha de com quem trabalham
Yuhua afirma que é difícil prever os próximos passos do Partido. “Entretanto, eu espero que, mesmo sob perseguição, mais e mais cristãos permaneçam firmes na fé e confrontem os desafios com ousadia.” Ele ora para que, um dia, pessoas de diferentes etnias na China, sendo parte de grupos majoritários ou minoritários, tenham oportunidades iguais e possam se reunir para adorar a Deus.
“Eu também espero que um dia o governo não considere mais o cristianismo uma ameaça. Que eles entendam nossos valores e que não estamos contra eles. Estou ansioso para ver como Deus está trabalhando em nosso país.” Segundo Yuhua, houve uma grande mudança no ministério junto à Igreja Perseguida na China: “Um novo capítulo significa mudança. Minha oração é que Deus continue trazendo as pessoas certas para o ministério da Portas Abertas. Esse novo capítulo nos oferece oportunidades de recriar estratégias e táticas para que mais pessoas, de diferentes áreas na China, sejam alcançadas. Tudo está nas mãos de Deus”.
Para isso acontecer, um dos desafios é a conexão com estrangeiros. Como a Portas Abertas é uma organização internacional, fica em posição difícil. O governo chinês se preocupa muito com infiltração estrangeira. Isso leva os pastores a serem muito cuidadosos na escolha de com quem trabalham, pois querem evitar ser conectados a estrangeiros. Isso torna desafiador identificar novos parceiros.
As igrejas são mais cuidadosas quando se trata de convidar novas pessoas, pois é difícil saber em quem confiar
Outro desafio é entre o próprio povo chinês, pois há diferentes grupos étnicos na China; a maioria han e as minorias étnicas possuem contextos culturais muito diferentes. Com essa dinâmica, as igrejas são mais cuidadosas quando se trata de convidar novas pessoas. Igrejas domésticas tendem a convidar recém-chegados para pequenos grupos antes de levá-los aos cultos de domingo, para ter certeza de que eles não causaão problemas para a igreja. Leva algum tempo para construir confiança.
Quanto à atuação da Portas Abertas, Yuhua explica que nossa singularidade é ser movida pela Igreja Perseguida. “Temos programas e materiais que focam unicamente na preparação para a perseguição. Alguns anos atrás, quando fui entrevistar igrejas han, a perseguição era um assunto com o qual ninguém se preocupava. Agora, é totalmente diferente. Cristãos comuns sentem a pressão e muitos não estão preparados. Esse é o espaço que podemos ocupar.”
Yuhua concluiu afirmando como eles precisam de oração e apoio. “Com suas orações e apoio financeiro, podemos construir uma forte rede de colaboradores e parceiros com um coração voltado a alcançar cristãos perseguidos no país. Ore para que mais conexões aconteçam entre indivíduos e organizações com ideias semelhantes.”
As tecnologias estão cada vez mais sendo usadas pelo governo chinês como instrumento de controle e perseguição aos cristãos. A Portas Abertas fortalece cristãos chineses por meio de discipulado e literatura cristã. Doe agora e garanta que cristãos chineses sejam discipulados para lidar com a realidade da perseguição tecnológica.
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