Portas Abertas • 16 dez 2021
Antes da queda da União Soviética, a comunidade de cristãos nativos na Ásia Central era muito pequena
Quando o pesquisador da Portas Abertas Stefan (pseudônimo) visitou pela primeira vez a Ásia Central nos anos 1980, a igreja de cristãos locais era mirrada. Mas, desde então, Deus tem trabalhado poderosamente — e nem sempre entre pessoas que se esperaria que viessem à fé em Jesus. Ao compartilhar sobre suas experiências, ele afirma que ama falar sobre a igreja na Ásia Central, que ela é uma igreja bonita.
“Minha primeira viagem para lá foi em 1989. Na época, a Ásia Central ainda era parte da antiga União Soviética. São cinco repúblicas islâmicas na região: Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Mas todos esses países eram controlados por Moscou.”
No período da viagem de Stefan, havia pequenas comunidades de cristãos nesses países. A maioria vinha de contextos russos ou alemães. Poucos nativos, como uzbeques ou tajiques, realmente se convertiam a Cristo. Em 1989, o número total de cristãos na Ásia Central era de aproximadamente 150 pessoas.
“Nós fomos lá tentar ajudar as igrejas alemãs e russas e, ao mesmo tempo, auxiliá-las a alcançar as populações nativas. Isso era muito difícil já que havia pouco interesse em alcançá-las e muito foco na preservação de suas próprias igrejas. Então, em 2014, eu voltei para uma conferência secreta com líderes cristãos da Ásia Central. Quase todos eram de contexto centro-asiático. Eu não sabia exatamente o que esperar. Quando entrei na sala, me espantei com o fato de que líderes de cerca de 100 a 150 igrejas estavam ali. Isso foi um sinal claro de que Deus tinha começado a construir uma igreja nessa parte remota do mundo. Algo especial tinha ocorrido nas últimas décadas.”
A igreja na Ásia Central vive uma situação difícil. A Rússia não está mais no controle, os estados são independentes, mas na hora de construir uma identidade nacional, eles usaram o islamismo. Isso significa que se você não é muçulmano, terá problemas, principalmente se for envolvido com evangelismo. Então a situação é difícil para igrejas que alcançam muçulmanos e ainda mais difícil para nativos que se convertem a Jesus.
Portão de entrada de uma prisão no Tajiquistão
É empolgante saber como Deus está construindo sua igreja nessa parte do mundo. Atualmente, dezenas de milhares de nativos uzbeques, tajiques ou turcomenos vieram à fé. Cada um tem sua própria e única história. Mas, novamente, o Senhor trabalha de formas especiais e sempre cuida das pessoas que estão à margem da sociedade.
Ao falar de Ásia Central, Stefan se lembra de um cristão muito ativo que era um criminoso. “Uma pessoa muito ruim”, foi como ele se descreveu. Por esse motivo, ele acabou preso e passou muitos anos na prisão. Durante seu período encarcerado, ele recebeu a visita de uma senhora que trazia comida para ele e outros prisioneiros. Ela não podia falar sobre a fé em Jesus Cristo, afinal não era permitido, mas mesmo assim entrava na prisão e dava comida.
Quando ele foi solto, procurou pela senhora e a encontrou. Ele falou: “Gostaria de saber seu segredo. Por que você nos visitou na prisão por tanto tempo e nos deu comida?”. Ela disse: “Porque eu amo Jesus”. Ele respondeu: “Eu gostaria de saber mais sobre Jesus”. Ao compartilhar sua fé, ele creu. Desde então ele passou a visitar prisioneiros tentando ajudá-los. Agora, existe uma comunidade inteira de pessoas que estiveram na prisão.
Neste centro de reabilitação para homens na Ásia Central, estudos bíblicos e momentos de adoração estão entre as atividades diárias
A comunidade que Deus está constuindo na região não é apenas entre prisioneiros. Há também muitas pessoas com vícios em drogas, o que é um grande desafio em muitas áreas da Ásia Central. A região é próxima ao Afeganistão, principal produtor doméstico de drogas pesadas que são contrabandeadas para a região. Muitos se tornam vítimas disso e vários cristãos ainda tentam sair do vício.
Stefan compartilha ainda uma história sobre alguém que era viciado, primeiro em bebidas, depois em cigarros e então em drogas pesadas. Ele estava desesperado e tentou cometer suicídio por duas vezes. Ele sobreviveu milagrosamente e quis começar uma nova vida, mas não sabia o que fazer.
Em uma conversa, um amigo lhe disse: “Há um lugar aqui na cidade onde eles cuidam de viciados em drogas. A única coisa ruim é que as pessoas que comandam a casa creem em Jesus. Mas se você apenas deixar isso de lado, eles realmente tentarão ajudar você”. Ele foi aceito no lugar, mas lhe disseram: “Nós estamos dispostos a tomar conta de você sob uma condição: enquanto estiver aqui, não pode usar drogas, cigarros ou bebidas”.
Ele contou: “Eu parei com as bebidas e tentei parar com as drogas. Mas fumava o tempo todo e continuei fumando na casa. Até que um dia fui pego. Então me chamaram para uma reunião em que disseram: ‘Na próxima vez que o pegarmos fumando você será mandado embora’. Então eu fui para o quarto e entrei em desespero. Queria ficar livre de todos esses vícios e ter uma nova vida, mas como parar de fumar? Eu apenas chorei e disse: ‘Jesus, se você realmente existe, me ajuda porque eu não consigo fazer isso sozinho’”.
Naquele momento algo aconteceu. Ele sentiu algo muito pesado nos ombros e não sabia o que fazer. “Eu caí de joelhos e fiquei ali por um longo tempo. Perdi a noção do tempo. Estava apenas ajoelhado quando algo me tocou. Da cabeça aos pés, algo aconteceu dentro do meu corpo. Eu fiquei completamente em paz e sabia que isso tinha a ver com Jesus. Mas eu não o conhecia.”
Ele não sabia o que estava acontecendo, só estava em paz. Depois disso, ele foi até os líderes da casa e disse: “Eu gostaria de participar dos cultos”. Eles oraram juntos. “Na manhã seguinte, eu acordei e de repente me ocorreu: ‘Eu não tive vontade de fumar’. Eu estava liberto e continuo livre até hoje”.
Atualmente, ele é um evangelista entre seus conterrâneos e é incrível ver a transformação dele. São muitos os testemunhos de como Deus está construindo uma nova igreja na Ásia Central. Há muita perseguição, mas também há esperança para o corpo de Cristo na Ásia Central.
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