Portas Abertas • 14 jul 2020
Cristãos estrangeiros na Turquia têm os vistos de residência negados pelo governo
No Dia da Liberdade de Pensamento, a humanidade lembra como é importante conhecer e observar os benefícios garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 1948.
"Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”, garante o artigo XVIII da DUDH.
Entretanto, esse direito não tem sido respeitado em vários países do mundo, principalmente nos ranqueados pela Lista Mundial da Perseguição 2020. A cristã americana Joy Subasigüller foi comunicada que seria deportada da Turquia sem uma justificativa plausível. "Essa decisão me deixa muito triste - eu amo a Turquia e o povo turco. Moro aqui há dez anos, foram os melhores anos da minha vida", afirmou em entrevista ao jornal alemão Deutsche Welle.
A cristã é casada com o pastor turco Lütfü Subasigüller há sete anos, e tem três filhos, também nascidos no território. Até o dia 5 de junho, a família vivia uma vida pacífica em Ancara, mas tudo mudou quando Joy recebeu uma carta do departamento de migração informando a expulsão do país. O casal está contestando a decisão na justiça também com o intuito de descobrir o motivo que torna a dona de casa um perigo para a segurança nacional.
Rejeitados pela Turquia
Joy é uma dos 50 cristãos expatriados que tiveram os vistos de residência negado nos últimos 18 meses. O alemão Hans-Jurgen Louven também teve a renovação negada em setembro de 2019. Ele deixou a Turquia em 10 dias e precisou abandonar a filha no país, já que a jovem estava cursando o último ano de faculdade. Ele e a família viviam há mais de 20 anos no território.
Há uma lei turca que proíbe comunidades cristãs e de outras religiões de treinar os próprios líderes religiosos dentro do sistema educacional do país e de enviar os candidatos para fazer estágio no exterior. “Ao exigir que os pastores de várias igrejas tenham uma permissão de entrada preliminar, vemos que há uma tentativa de privar as igrejas de pastores", garantiu o presidente da Fundação da Igreja Protestante de Istambul, Timur Topuz, durante uma entrevista ao site de notícias turco Bianet.
As decisões de deportação de trabalhadores cristãos chegaram até o parlamento e foram consideradas como uma violação da liberdade religiosa e uma ameaça à estabilidade da família. Por isso, foi solicitado um relatório sobre as deportações anteriores, juntamente com justificativas para cada caso.
Marcados pelo código N82
Muitas das pessoas deportadas ou impedidas de entrar no país receberam o código N82 nos passaportes. Isso indica que precisam de uma permissão preliminar para entrar novamente na Turquia. Apesar das autoridades garantirem que o símbolo não significa uma proibição de entrar no território, a prática revela que todos os classificados tiveram os pedidos de entrada rejeitados.
Um relatório de violações de direitos humanos de 2019 da Associação Turca de Igrejas Protestantes chama a atenção para o fato de que 35 cristãos tiveram as entradas no país negadas. Entre eles, 17 eram dos EUA, 6 do Reino Unido, 3 da Alemanha, 3 da Coreia do Sul, 2 do Irã e 1 da Espanha, além de cristão da Finlândia, México e Brasil. Juntamente com suas famílias, eles representam mais de 100 pessoas.
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