Portas Abertas • 11 jun 2019
Muitas cidades do Iraque ainda precisam ser reconstruídas. Cenários como este criam ambiente de instabilidade entre os iraquianos que permanecem refugiados
A ocupação de três anos do Estado Islâmico da cidade de Mosul, região norte do Iraque, e de suas aldeias vizinhas, terminou há quase dois anos. No entanto, a cidade e seu pequeno número de cristãos permanecem vulneráveis. Em maio, o governo iraquiano anunciou que irá armar os moradores de 50 aldeias ao redor de Mosul, para que a população possa se proteger contra os combatentes do EI que continuam ativos no país.
O Estado Islâmico reivindicou recentemente a responsabilidade por incêndios em centenas de acres de terra no norte do país, destruindo plantações que os extremistas dizem ser "propriedade de infiéis". A falta de segurança e a instabilidade fazem com que os cristãos hesitem em voltar para suas casas e comunidades. Desde a queda de Saddam Hussein, em 2003, o número de cristãos no Iraque diminuiu. As estimativas dos cristãos que restam no país variam de 200.000 a 250.000, os quais chegavam a 2 milhões.
"O cristianismo no Iraque está perigosamente perto da extinção", afirmou o líder religioso Bashar Warda durante uma visita ao Reino Unido no mês passado. “Após 1.400 anos de perseguição, os cristãos do Iraque podem ter chegado ao fim da estrada”, disse ele. Cristãos iraquianos que decidem retornar ao seu país enfrentam muitos desafios. Casas e infraestruturas foram destruídas e, ainda, existe o medo constante de possíveis ataques do EI ou das milícias sectárias.
De acordo com o World Watch Monitor, Salim Harihosan, um morador cristão, afirma que se arrependeu de ter voltado para sua cidade natal, Bartella, a 23 km de Mosul. Isso porque, embora sua casa tenha sido reconstruída com a ajuda de uma ONG, ele se sente inseguro. “É uma situação psicológica… eu vou ao mercado e ouço coisas, que talvez isso ou aquilo aconteça”, disse ele. “Essas coisas brincam com a mente das pessoas que moram aqui”, complementa. Além disso, frequentemente, os cidadãos de Bartella descrevem incidentes de assédio e intimidação, segundo relatos.
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