Moradores muçulmanos não permitem cultos na escola cristã

Portas Abertas • 9 nov 2004


Disputas envolvendo uma escola católica em Tangerang, Indonésia, ainda precisam ser completamente resolvidas, apesar do encontro entre funcionários do governo e moradores locais em 27 de outubro.
 
A escola católica Sang Timur, em Karang Tengah, Tangerang, recebe mais de 2400 estudantes. A escola pertence e é administrada pela Fundação Sang Timur e possui turmas até o ginásio e classes separadas para 137 estudantes com necessidades especiais.
 
Todas as aulas foram suspensas em 4 de outubro, depois que uma multidão interrompeu a missa de domingo que estava sendo celebrada na escola em 3 de outubro.
 
A irmã Theodora, membro da diretoria da escola, confirmou para o jornal Komintra News que moradores católicos há doze anos usavam o pátio da escola para missas no final de semana.
 
Autoridades distritais recusaram a permissão para a construção de uma igreja católica na região, devido a objeções dos moradores locais. No entanto, o "bupati", oficial distrital, deu uma permissão em julho de 1992 para que a Congregação Santa Bernadette se reunisse na escola.
 
Os primeiros sinais de problemas começaram em fevereiro, quando moradores de um conjunto de casas acusaram a escola de tentar converter muçulmanos. Os moradores também foram contra o uso da escola como um local para as celebrações da igreja católica.
 
Discursos inflamados foram feitos na mesquita local em 1 de outubro, segundo a agência Notícias Religiosas do Mundo. A escola foi atacada na manhã do dia 3 de outubro quando a congregação celebrava a missa da manhã.

O Fórum da Comunidade Católica da Indonésia enviou uma carta oficial de repúdio para a Comissão Nacional de Direito Humanos (Komnas HAM) descrevendo o incidente e pedindo que seus direitos constitucionais de liberdade religiosa fossem mantidos.

A carta explicava que, quando a missa começou às 6h30 daquela manhã, aproximadamente cem pessoas da Frente Jovem Muçulmana de Karang Tengah começaram uma manifestação barulhenta fora da escola. A multidão destruiu o letreiro de fora da escola, quebrou o portão, queimou pneus e ameaçou queimar o prédio da escola. Os membros da igreja tiveram que abandonar a celebração.

Mais tarde naquele dia, a multidão construiu uma parede de tijolos de dois metros no portão principal da escola bloqueando a entrada do prédio. Uma placa pendurada na parede dizia: "Esta passagem foi selada pelo Fórum de Comunicação Islâmica de Karang Tengah."

Faixas criticando as supostas tentativas de converter pessoas na escola foram penduradas no conjunto de casas onde a escola está localizada, segundo o jornal Jacarta Post.
 
A escola voluntariamente fechou suas portas nos dias 4 e 5 de outubro para evitar violências contra os alunos, divulgou o Komintra. No entanto, a escola disse que não fecharia permanentemente por causa de um determinado grupo que tem interesses políticos diferentes.

Membros da diretoria chegaram a um acordo com as autoridades locais em 4 de outubro para que a parede ofensiva fosse derrubada. As autoridades voltaram atrás quando o Fórum Islâmico protestou.

Em 6 de outubro, os estudantes permaneceram em casa. Naquele dia, um encontro entre líderes do governo e religiosos fracassou em resolver a situação.

Quando a diretoria da escola contatou o Departamento de Assuntos Religiosos, eles não foram bem recebidos. Na verdade, funcionários pediram para que eles considerassem o fechamento da escola assim como o término dos cultos da igreja.

Em 21 de outubro, os pais das crianças estavam prontos para redigir uma reclamação após duas semanas sem aulas.

O Jacarta Post citou Hillon Goa, o porta-voz dos pais que disse "Nós estamos tentando resolver o assunto amigavelmente.... Nossos conselheiros legais estão trabalhando nos detalhes. Obviamente, nós pediremos ao governo que assegure que o direito constitucional básico de nossos filhos à educação seja cumprido."
 
Os pais das crianças também foram ao conselho executivo do Nahdlatul Ulama (NU), uma das maiores organizações muçulmanas do país.

Abdurrahman Wahid, um antigo presidente da Indonésia e membro do conselho da NU, disse que ele gostaria de ajudar a resolver o caso.

Wahid, conhecido por sua política de tolerância entre povos de diferentes religiões, planejou uma visita à escola em 25 de outubro. De acordo com a mídia local, funcionários do governo derrubaram a parede às 6h30 do dia de sua visita. Aproximadamente cem policiais formaram uma barricada em frente ao portão. Moradores locais se juntaram e começaram a gritar em protesto. Enquanto a multidão crescia, mais três caminhões de policiais foram enviados ao local.

Wahid e seu grupo chegaram às 10h00. Observando a situação, Wahid ordenou que membros do Banser, uma organização jovem ligada a NU, ficasse de guarda para proteger a escola. "Wahid disse que eles precisavam ser tolerantes uns com os outros", Derikson Turnip, um padre da escola, falou para repórteres do Jacarta Post. "Não devemos recorrer à violência por causa de nossas diferenças".

Dois dias depois, um grupo do Departamento de Assuntos Religiosos se encontrou com membros da Fundação Sang Timur e com vinte moradores do conjunto de casas. Eles chegaram a um acordo: a escola não usaria mais o portão principal, que está em frente ao conjunto de casas, mas sim o portão dos fundos.

Eles também concordaram que a congregação católica pararia com as celebrações na escola. A congregação se dividiria e participaria de outros grupos nas cidades vizinhas.

Membros do Fórum da Comunidade Católica do Indonésia disseram que eles planejam continuar discutindo o assunto da Congregação Santa Bernadette. Eles ressaltam que a liberdade de culto é um direito constitucional básico para todos da Indonésia e que membros da igreja devem ter o direito de congregar na sua própria comunidade.
 
Os cristãos são 10% da população da Indonésia que chega a 210 milhões de pessoas, enquanto os muçulmanos são 80%, isto é, a esmagadora maioria.

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