Portas Abertas • 9 mar 2023
Grande parte dos somalis vivem em comunidades nômades e não aceitam cristãos
[Atualizado em 26 de fevereiro de 2024 às 12h14]
A Somália é um dos países mais pobres e frágeis do mundo. Mais de dois terços dos somalis vivem em pobreza extrema e o país, que fica na região conhecida como Chifre da África, tem um dos maiores índices de mortalidade infantil do mundo. Além da grave crise humanitária, com destaque para a fome, a Somália é o segundo país mais perigoso para um cristão viver segundo a Lista Mundial da Perseguição 2024.
Vários fatores contribuem para a crise que afeta toda a população somali: oportunidades econômicas limitadas, conflitos internos, o clima quente e seco e desastres naturais. A instabilidade administrativa também é um agravante. Clãs somalis disputam poder e territórios há anos.
Com a queda de um dos governos mais duradouros que o país teve, em 1991, disputas sangrentas tomaram o país, causando inúmeras mortes e deslocados internos. Nem mesmo órgãos internacionais, como a ONU, conseguiram ajudar a Somália a formar um governo centralizado.
Apenas esse contexto já gera desafios para a comunidade cristã, no entanto, a perseguição de grupos extremistas muçulmanos e dos clãs é o que mais limita e prejudica as igrejas locais. De acordo com o Artigo 2 da Constituição do país, “o islã é a religião oficial do Estado; nenhuma outra religião além do islamismo pode ser propagada no país”.
Os cristãos que vivem nas áreas rurais são os mais vulneráveis, pois essas regiões estão fora do controle do governo. Nesses territórios, grupos extremistas, como Al-Shabaab, assassinam líderes cristãos. O objetivo é eliminar a presença cristã na Somália. Não há qualquer tipo de proteção para os cristãos contra esses ataques.
A força dos extremistas cresceu com a instabilidade política. A Somália se tornou um centro para atividades de militantes, incluindo as cortes islâmicas, que usam a sharia (conjunto de leis islâmicas) como critério para julgamentos. Isso prejudica especialmente os cristãos de origem muçulmana, considerados traidores por causa da conversão a Jesus.
No interior do país, a força dos clãs também é maior. Por isso, apenas a suspeita de conversão ao cristianismo é suficiente para que os anciãos e familiares monitorem cada passo do indivíduo. Os poucos cristãos que sobreviveram no país vivem a fé de maneira secreta e, quando descobertos, enfrentam um nível extremo de violência.
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