Portas Abertas • 20 set 2021
Apenas em 2021, quase 600 pessoas foram mortas no estado de Kaduna, na Nigéria (foto representativa)
O pastor Silas Yakubu Ali, de 55 anos, foi encontrado morto depois que não retornou de uma visita a Kafanchan, na Nigéria, no dia 11 de setembro. Ele foi atacado quando a moto ficou sem combustível, e os agressores o mataram com um facão. O líder dirigia a igreja Evangelical Church Winning All (ECWA, da sigla em inglês), na região de Zangon Kataf.
Um dia depois, um grupo de provável origem fulani atacou uma vila na mesma área, matando pelo menos 11 moradores. Dez das vítimas eram membros de uma igreja ligada à ECWA, que tinha como líder o pastor Ali, morto no dia anterior. “Muitas pessoas estão desaparecidas como resultado do ataque. É impossível determinar o número de feridos e mortos, mas até agora, contei 11 vítimas em diferentes locais esta manhã”, disse uma fonte local ao portal de notícias Daily Post da Nigéria.
Entre janeiro e setembro deste ano, quase 600 pessoas foram mortas apenas em Kaduna, de acordo com dados do Nigeria Security Tracker. Apenas as regiões de Zamfara e Borno registraram mais mortes no mesmo período por violência.
“A maior parte dessa violência está no Norte do país, na forma de ataques do Boko Haram, Estado Islâmico, pastores de cabra fulanis e bandidos armados. Mas a violência também está se espalhando para o Sul. Essa violência muitas vezes causa perda de vidas, lesões físicas, bem como perda de bens. Como resultado, os cristãos também estão perdendo as terras e meios de subsistência”, disse um parceiro da Portas Abertas na região.
No mês passado, um grupo de especialistas em direitos humanos e defensores da liberdade religiosa pediu ao governo dos EUA que mantivesse a Nigéria em sua lista de “Países de Preocupação Particular”. Uma designação dada a países que “se envolveram ou toleraram violações particularmente graves da liberdade religiosa”.
A lista, que é um documento consultivo do Departamento de Estado dos EUA publicado anualmente pela Comissão de Liberdade Religiosa Internacional, apresenta os países que a comissão considera ser os piores violadores da liberdade religiosa. A lista dos piores infratores inclui China, Irã, Paquistão, Síria e outros.
“Qualquer desistência dos EUA e da comunidade internacional sinalizará ao povo da Nigéria que ele foi abandonado. Não podemos ficar parados enquanto o governo nigeriano permite que terroristas e criminosos ataquem comunidades religiosas e cometam violações dos direitos humanos com impunidade. A Nigéria deve permanecer um país de particular preocupação”, disse Kelsey Zorzi, diretora de Liberdade Religiosa Global da ADF Internacional, em um comunicado.
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