Portas Abertas • 25 mai 2022
Muitas famílias têm vivido desafios com o extremismo religioso no país
Em decreto recente, o Afeganistão decidiu exigir que todas as mulheres cubram o rosto ao sair em público. Uma parceira local da Portas Abertas disse: “Eles pedem o uso da burca porque é como um uniforme do Talibã. Apenas o lenço cobrindo a cabeça não é suficiente para eles porque ainda é possível ver o rosto”.
O Afeganistão sempre foi um país conservador, mesmo durante os 20 anos da intervenção dos Estados Unidos. Mas antes do Talibã, as mulheres precisavam apenas do lenço na cabeça para andar em público. Apenas em algumas áreas rurais as mulheres usavam a burca. Com o novo decreto, todos os direitos que as mulheres conquistaram no país retrocederam.
Mahbouba Seraj, proeminente jornalista e ativista afegã, destacou em entrevista à BBC vários problemas urgentes do país, como a falta de escolas, o desemprego, a fome, os suicídios de homens-bomba, entre outros. Mas “o país escolheu ir atrás das mulheres. As mulheres não são o problema”, diz ela.
Uma mulher que viveu os desafios do extremismo religioso afegão foi Saleha (pseudônimo). Ela e o marido eram membros do movimento pela esperança, que busca levar amor verdadeiro para o Afeganistão. Diferente da maioria, eles se casaram por amor. “Eu fui privilegiada porque amava o meu marido e era amada por ele. Ele não me agredia como os outros maridos da região. Até me ensinava a ler e escrever”.
Ao observá-los, a vila começou a suspeitar deles. “Eles viam nossa família como algo ruim, um comportamento pouco radical. Eles acreditavam que tínhamos abandonado a fé no islã e apoiávamos os planos do Ocidente.” Por causa disso, ficou muito perigoso continuar onde eles estavam. Mas antes que pudessem se mudar, o marido de Saleha sumiu. “Ele foi raptado e eu fui deixada sozinha, sem ninguém para cuidar de mim.” Alguns dos amigos próximos que confiavam na mesma esperança cuidaram dela.
Saleha se mudou para outra cidade onde uma família cuidou dela como se fosse sua filha. Mas ela ainda acredita que o marido esteja vivo. “Eu o amo tanto que me recuso a acreditar que ele tenha morrido. Para mim, ele está vivo e sempre que ouço alguma notícia ou alguém batendo na porta, penso que pode ser ele.”
Depois de muita revolta pelo desaparecimento do marido e pelas dificuldades, Saleha entendeu quem estava com ela, protegendo sua vida e cuidando de cada necessidade. Ela lembrou do propósito dela e do marido para sua nação e que mesmo nos momentos mais difíceis ela não estava sozinha.
A partir de então, o sacrifício de perder o marido pareceu pequeno diante do maior sacrifício da história. Saleha aprendeu a ser parte da família que a acolheu. Agora ela vê as crianças como irmãs mais novas e ensina a palavra de Deus a elas. Saleha entendeu que ali era o seu lugar, que ela foi chamada para isso.
Assim como Saleha, outras famílias foram vítimas do extremismo religioso. Sua doação pode ajudar nas necessidades básicas dessas famílias que precisaram fugir para salvar a vida e dar a elas o apoio de que precisam para permanecer na fé.
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