Portas Abertas • 15 mar 2022
A guerra trouxe muita perda e destruição à Síria, deixando um rastro de pobreza generalizada (foto representativa)
[Artigo atualizado em 21 de novembro de 2023 às 15h]
Já faz doze anos que a guerra começou na Síria. Não há sinais de que termine tão cedo e, enquanto isso, a população sofre as consequências do conflito. Após doze anos de conflitos e mesmo com a derrota militar do Estado Islâmico na Síria, a influência do grupo extremista não desapareceu e seus ataques mortais continuam, especialmente nas áreas centrais do deserto.
Os combates também continuam na província de Idlib, entre o Hayat Tahrir al Sham (HTS) e grupos jihadistas rivais. Também há confrontos no Sudoeste e Nordeste, respectivamente entre forças do governo e ex-grupos rebeldes, bem como forças curdas e afiliadas ao governo.
Durante a guerra civil, os cristãos na Síria sofreram com os combates e os deslocamentos que isso causou. Eles enfrentam uma contínua falta de segurança, recursos básicos e emprego para sobreviver. De acordo com o índice Fragile State Index de 2021, a Síria ocupa o terceiro lugar entre os cinco principais países que mostraram deterioração de longo prazo no período 2011-2021.
De acordo com o Banco Mundial, "agora em seu décimo primeiro ano, o conflito na Síria infligiu um grau quase inimaginável de devastação e perda ao povo sírio e sua economia”. Mais da metade da população pré-conflito do país (de quase 21 milhões) foi deslocada - um dos maiores deslocamentos de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.
A falta de acesso a cuidados de saúde, educação, habitação, e alimentos exacerbaram os efeitos do conflito e levaram milhões de pessoas ao desemprego e à pobreza. A degradação do sistema de saúde faz com que os sírios continuem extremamente vulneráveis.
De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, "milhões de sírios foram empurrados para a pobreza e a fome desde o início da pandemia, e estima-se que apenas 60% da população pode comprar comida suficiente diariamente. Além disso, a destruição de serviços básicos significa que milhões de pessoas não têm acesso à água potável ou eletricidade. Metade de todas as unidades de saúde estão fora de serviço ou funcionando apenas parcialmente e milhões de crianças estão fora da escola”.
A pobreza generalizada deve-se ao desemprego, aos baixos salários e à desvalorização da moeda chamada libra síria. Muitos dos cristãos deixados no país são pobres e correm o risco de desnutrição.
De acordo com o Índice de Mulheres, Paz e Segurança 2019/20 de Georgetown, a Síria está entre os cinco países com maior discriminação legal contra as mulheres. A legislação não protege as vítimas de violência doméstica, estupro conjugal e os chamados crimes de honra. Segundo o mesmo índice, a Síria é o segundo país com pior desempenho para o emprego feminino, depois do Iêmen. As taxas de meninos e meninas na escola caíram drasticamente desde o início do conflito, o que, segundo a UNICEF, provavelmente contribuirá para taxas mais altas de casamento infantil e trabalho forçado nos próximos anos.
As mulheres e meninas herdam menos sob as regras de herança da sharia (conjunto de leis islâmicas). Considerando essas vulnerabilidades econômicas, as mulheres cristãs dependem muito de seus maridos e famílias. Se esse apoio for perdido, elas provavelmente ficarão sem meios para se sustentarem financeiramente.
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