Portas Abertas • 25 jul 2023
Mais de três milhões de deslocados internos estão em acampamentos
A guerra no Sudão completou três meses. O conflito que começou no dia 15 de abril deste ano já ceifou três mil vidas, segundo o ministro da saúde, Haitham Mohamed Ibrahim, e gerou mais de três milhões de deslocados internos, segundo a Organização Internacional de Migração (IOM, da sigla em inglês).
“A situação continua se deteriorando, o que causa grande sofrimento à população no Sudão. A guerra parece não ter fim. O cessar-fogo acordado entre os dois lados da disputa não durou muito tempo. O que mais nos preocupa são as graves violações dos direitos humanos e a indisposição das duas partes em acabar com as hostilidades", conta Fikiru (pseudônimo), o representante local da Portas Abertas no Sudão, o 10° país mais perigoso para cristãos,.
A disputa envolve dois grupos: as Forças Armadas Sudanesas (SAF, da sigla em inglês), lideradas pelo militar Abdel Fattah al-Burhan, e o grupo paramilitar Rapid Support Forces (RSF, da sigla em inglês), comandado por Mohammed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti.
Há pouco tempo, eles eram aliados, unidos para derrubar o ex-presidente, Omar Al-Bashir. Mas, depois do sucesso da operação em 2019, quando conseguiram depor o presidente, os grupos passaram a lutar um contra o outro pelo poder do país, especialmente porque o novo governo pretendia submeter o RSF ao comando militar.
A crise violenta que estourou na capital do Sudão, Cartum, se espalhou por todo o país. Segundo um portal de notícias britânico, a violência impactou principalmente os cristãos nos estados de Cordofão do Sul e no Nilo Azul, onde a comunidade cristã já era vulnerável e perseguida.
Líderes cristãos dessa região pediram uma intervenção urgente por causa do conflito em andamento: “Estamos profundamente preocupados com os efeitos regionais e internacionais do conflito. Estamos em uma área que já estava desestabilizada, frágil e enfraquecida por conflitos internos anteriores”.
“Os cristãos são particularmente vulneráveis no Sudão, ainda mais no período de guerras. Precisamos que as igrejas do mundo todo não se esqueçam de orar pela situação no Sudão. Sabemos que muitas coisas terríveis estão acontecendo no mundo todo, mas, por favor, não se esqueçam dos seus irmãos e irmãs em Cristo no Sudão", pede Fikuru.
Um parceiro local disse que, segundo os últimos relatórios, mais de 165 igrejas foram fechadas e ao menos 15 foram destruídas. Igrejas também relataram violações diárias dos direitos humanos, como abuso sexual, sequestros de meninas e saques de propriedades.
“Muitos cristãos vivem nas zonas de guerra e não têm como fugir de lá. Eles estão sofrendo e não podemos nos aproximar da região para ajudá-los. É muito difícil para nós vermos o sofrimento dessa parte do corpo de Cristo", afirma um parceiro local.
Agências humanitárias africanas e outros órgãos internacionais também estão preocupados porque não há recursos suficientes para socorrer os milhares de deslocados internos em suas necessidades urgentes.
A agência de refugiados da ONU confirmou que há um aumento alarmante das necessidades humanitárias entre os deslocados internos afetados pela crise no Sudão. A crise gera insegurança e escassez de itens básicos de sobrevivência.
Outro fator preocupante é que, recentemente, grupos radicais muçulmanos estão se envolvendo na luta, o que coloca os cristãos perseguidos em maior risco. Segundo o portal de notícias Reuters, seis mil muçulmanos ingressaram na disputa desde o início do conflito.
Por causa da fé em Jesus, cristãos são privados de alimentos, água e outros direitos básicos. Sua doação permite que eles sobrevivam e mostra que eles não foram esquecidos ou abandonados.
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