Portas Abertas • 1 ago 2024
A igreja está muito fragilizada no Sudão
[Atualizado em 1/8/2024 às 12h]
Acusações de violações graves dos direitos humanos no Sudão se espalharam nas últimas semanas. Tanto o exército quanto o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, da sigla em inglês) foram responsáveis por abusos e estão sendo convocados a uma negociação de acordo de paz para controlar a crise que atinge o país, especialmente desde 2023, quando a guerra civil se intensificou.
No dia 31 de julho, um novo ataque de drone dos militantes durante uma cerimônia de graduação de cadetes fez com que o exército sudanês declarasse que não está disposto a cessar a luta ou fazer qualquer acordo com o RSF. De acordo com a agência de notícias AFP, cinco pessoas foram mortas. “Não vamos nos retratar, não vamos nos render nem negociar”, disse Burhan às tropas do Sudão logo após o ataque.
Os cristãos são particularmente vulneráveis pois o epicentro do conflito no Sudão é a capital, Cartum, onde muitos seguidores de Jesus moram. De acordo com o relatório da organização Human Rights Watch, “o grupo Forças de Apoio Rápido cometeu inúmeros abusos sexuais individuais e coletivos, forçou mulheres e meninas a se casarem com os militantes em Cartum e dominou a cidade a ponto de bloquear a entrada de ajuda emergencial. Além do RSF, o próprio exército do Sudão atacou trabalhadores da área da saúde, clínicas e socorristas, o que é considerado crime de guerra”.
Houve relatos de abusos em que cinco militantes do RSF abusaram de uma única jovem, outras foram trancafiadas nas próprias casas e ainda algumas foram violentadas na frente dos familiares. Os casos atribuídos ao exército sudanês são menos frequentes, mas ainda assim, preocupantes. Meninos e rapazes foram abusados sexualmente e presos por soldados.
As estimativas sobre o total de pessoas feridas ou mortas durante a guerra no Sudão variam, mas a organização Médicos Sem Fronteiras, que atua em oito estados do país relataou que apenas em um dos hospitais onde trabalha 6.776 pacientes estão em tratamento por feridas da guerra – como tiroteios, explosões e facadas – com entrada em média de 26 pessoas para atendimento por dia.
Entre julho e dezembro de 2023, o Médico Sem Fronteiras socorreu 135 sobreviventes de violência sexual em acampamentos de refugiados no Chade, próximo à fronteira com o Sudão. Enquanto a violência se espalha, parceiros locais da Portas Abertas continuam a atuar no país no socorro aos cristãos perseguidos. Se a situação já era desafiadora antes por causa da intolerância religiosa, agora está ainda pior com o avanço da guerra.
“Muitos cristãos foram obrigados a deixar suas casas e estão em constante risco”, afirma Fikiru*, especialista da Portas Abertas sobre a perseguição no Oeste Africano. Ele explica que muitos membros das igrejas que poderiam prestar socorro nesse momento de crise estão vulneráveis ou partiram como deslocados internos.
“A Portas Abertas agradece os esforços da comunidade internacional para apaziguar a crise e cessar o conflito. A luta tem causado um sofrimento exacerbado sobre os mais vulneráveis. Não podemos mais aguentar ver os civis sem ter para onde fugir”, disse Jo Newhouse*, porta-voz da Portas Abertas na África Subsaariana.
*Nomes alterados por segurança.
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