Portas Abertas • 10 nov 2024
Cerca de 600 cristãos ainda permanecem abrigados em prédios de igrejas em Gaza (foto representativa)
Há cerca de 600 cristãos abrigados em edifícios de igrejas católica e ortodoxa em Gaza. Eles estão cercados pelos conflitos, vivem sob o medo de serem atingidos pelos bombardeios e com pouca comida. As dificuldades não se limitam aos cristãos de Gaza, mas alcançaram os que vivem em todos os Territórios Palestinos.
Antes da guerra, havia cerca de 1.070 cristãos em Gaza, pertencentes às igrejas ortodoxa e católica, com um número menor da igreja batista. Além de seguidores de Jesus de origem muçulmana. Com o início da guerra, em outubro de 2023, a maioria dos cristãos se abrigaram nos prédios das igrejas, pois eram lugares mais seguros do que suas casas e bairros.
Mas, no dia 19 do mesmo mês, um bombardeio atingiu uma das igrejas e matou 18 cristãos. Outros incidentes causaram mais mortes dos seguidores de Jesus e alguns faleceram de causas naturais. Quando havia possibilidade de fuga, centenas de cristãos foram para o Sul da Faixa de Gaza e outros cruzaram a fronteira para o Egito. “Desde que Israel separou a Faixa em pedaços, pessoas do Norte não podem mais viajar para o Sul, ou vice-versa”, explica Chris*, gerente de uma organização parceira da Portas Abertas.
Com apoio de outras organizações não governamentais e da liderança da igreja ortodoxa, os cristãos foram apoiados com dinheiro para comida, água, gás e roupas para o inverno. “Esta guerra é um desastre para todos os cristãos da região, na minha opinião, comparada ao ano de 1948, que consideramos um desastre. Essa guerra fará com que a igreja desapareça de Gaza. Mas não só de lá, pois desde o início da guerra, centenas de famílias cristãs da Cisjordânia, Jordânia e Líbano se mudaram para o Canadá, os Estados Unidos ou a Austrália”, afirma.
Segundo o líder cristão, o mesmo aconteceu quando o Estado Islâmico ocupou partes do Iraque e da Síria. As atividades para apoiar os cristãos perseguidos na região também foram impactadas pelos conflitos. “Claro, devido à situação, nunca se sabe se, por exemplo, um treinamento de vários dias pode ocorrer conforme planejado. As pessoas poderão ir ao local do treinamento? Os professores poderão ir lá, especialmente aqueles do exterior?”, questiona.
Apesar dos riscos, o apoio aos cristãos locais permanece, como um treinamento voltado para 20 mulheres e cuidados pós-trauma para 50 seguidores de Jesus. “Assim que a situação em Gaza estiver segura e recebermos permissão para ir lá, parte dessas pessoas treinadas começará a oferecer apoio espiritual e traumático a crianças e mulheres”, planeja.
Todos os dias, os funcionários da organização parceira arriscam suas vidas para encontrar e apoiar cristãos perseguidos na região. “Nenhum de nós funciona a 100%, isso é impossível. Precisamos das suas orações. Estamos sob constante pressão por causa da guerra e por causa da necessidade das pessoas ao nosso redor”, pede Chris.
Muitos cristãos na Cisjordânia trabalham na indústria do turismo e dependem dos turistas que visitam lugares como Belém. Mas, com a guerra, esses cristãos agora estão sem trabalho e sem renda. “Não podemos apoiar todos, alguns começam a nos culpar por isso”, lamenta.
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