Portas Abertas • 8 out 2024
Apesar das restrições, cristãos iranianos organizam cultos secretos nos lares (foto representativa)
Shima é uma mulher com pouco mais de quarenta anos que vive uma vida que muitos considerariam comum no Irã. Mas por trás do sorriso leve, a realidade de Shima está longe de ser comum. Como cristã no 9º país da Lista Mundial da Perseguição 2024, cada dia traz novos desafios, perigos e momentos de grande medo.
O colar de prata simples com um crucifixo que brilha ao sol enquanto ela caminha pela rua ao meio-dia é suficiente para despertar suspeitas entre as pessoas. No Irã, seguir a Cristo significa viver sob ameaça constante, não apenas de funcionários do governo e líderes religiosos, mas também de familiares, vizinhos e da sociedade em geral.
A dor de ser desprezada pela própria família é profunda. “Meus parentes foram todos proibidos de falar comigo. Sinto-me isolada em minha própria comunidade e não tenho garantia de que eu possa voltar para casa e dormir na minha cama”, conta Shima.A cristã vive sob a constante ciência de que a qualquer momento pode ser presa, interrogada, falsamente acusada ou até mesmo torturada.
O medo de ser presa paira sobre cada decisão dela, às vezes diariamente. Em seu país, converter- se do islã ao cristianismo é visto como uma traição, e as consequências são severas. Até atos simples, como renovar a carteira de identidade nacional ou abrir uma conta no banco, exigem que ela esconda sua fé, fingindo ser alguém que não é.
Shima conhece outras pessoas cujas vidas foram abaladas por causa da perseguição extrema. “Quando o primo da minha amiga descobriu que ela é uma cristã secreta, ele a agrediu e ameaçou expô-la ao resto da família, forçando-a a viver em silêncio e medo por anos. Se outros parentes descobrissem que ela era cristã, ela perderia tudo, até mesmo a própria vida. Somos obrigados a viver sempre nas nas sombras,” a cristã compartilha enquanto seus olhos refletem os fardos que carrega. A pressão é implacável, especialmente durante o Natal ou cerimônias religiosas islâmicas, mas a fé de cristãos como Shima só cresce e floresce.
Apesar de tudo isso, Shima e outros cristãos locais se agarram à fé em Jesus e têm as forças renovadas em Deus. “Não há atividade cristãs legalizadas no meu país. Nenhuma, mas ainda assim fazemos os cultos,” ela explica.
Diante da perseguição, as igrejas domésticas continuam a crescer. “Os cristãos se tornaram mais sábios e ousados por meio da proteção e provisão de Deus. Muitas pessoas estão cansadas do Islã e prontas para ouvir o evangelho”, afirma Shima.
“Eu espero que o mundo exterior esteja ciente de todas as prisões e possa agir,” diz Shima. Essa não é apenas a súplica dela, mas de todos os cristãos perseguidos que vivem no Irã. Eles anseiam por um dia em que possam viver sua fé abertamente e louvar a Deus em alta voz. Um dia em que as crianças possam dizer com orgulho que são cristãs em suas escolas e que um enterro cristão não precise ser escondido, nem um casamento realizado em segredo. Um dia em que Shima possa sair sem pensar em seu colar de prata brilhando sob os raios do sol. “Quanto tempo esperaremos, oh, Senhor. Mas que a sua vontade seja feita, no seu tempo”, conclui Shima em oração.
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