Os riscos de viver o propósito de Deus

No Iêmen, o simples fato de ser cristão já é arriscado, mas as coisas podem ser ainda mais perigosas para aqueles que decidem cumprir o ide

Portas Abertas • 19 fev 2024


Issam e Mussa foram presos no ônibus ao levarem um grupo de cristãos para se batizarem. Os policiais pegaram o celular e a identidade deles, os vendaram e levaram para a prisão (foto representativa)

Issam e Mussa foram presos no ônibus ao levarem um grupo de cristãos para se batizarem. Os policiais pegaram o celular e a identidade deles, os vendaram e levaram para a prisão (foto representativa)

Issam*, irmão de Saleh*, e Mussa*, que Saleh considera seu “filho espiritual”, também serviam na igreja doméstica no Iêmen. Em 2022, um novo grupo de cristãos iemenitas pediu para se batizar. Issam e Mussa decidiram visitar, discipular e batizá-los. Entretanto, Saleh tinha dúvidas sobre a viagem.    


Apesar das dúvidas, Saleh não impediu Mussa e Issam de seguirem o chamado de Deus. Por causa da notoriedade de Saleh entre as autoridades iemenitas, Issam e Mussa preferiram ir sozinhos. “Eu estava em contato contínuo com Issam e Mussa ao longo de toda a jornada. Na verdade, queria estar com eles, mas não me deixaram. Eles disseram que eu sou mais um risco do que uma ajuda”, conta Saleh.   
 


Conforme Issam e Mussa se aventuravam para servir os novos irmãos e irmãs, uma surpresa os aguardava. “No último dia de treinamento, eles decidiram ir até uma cidade litorânea próxima para fazer o batismo. Eles me mandaram uma mensagem, dizendo que estavam no ônibus a caminho. Após essa mensagem, perdi toda a comunicação com eles”, relembra Saleh.   
 


Saleh sentiu que algo de ruim havia acontecido. “Eu me sinto culpado. Eu fui o único que os encorajou a ir. Por que os deixei ir?”, disse. A polícia subiu no ônibus e prendeu Issam e Mussa. Os policiais pegaram os celulares e o documento de identidade deles, os vendaram e levaram para a prisão. Os dois não puderam mais fazer nenhum contato. “Após Mussa e Issam pararem de responder minhas mensagens e ligações, contei para meu pai e irmão e, juntos, iniciamos uma busca. Cada um entrou em contato com várias pessoas, esperando encontrar algo relacionado ao paradeiro deles”, disse Saleh.   
 


Uma situação preocupante
 


A igreja local passou a interceder em favor de Issam e Mussa, mesmo a situação sendo desanimadora (foto representativa) 


A família descobriu que Issam e Mussa foram presos por apostasia e pelas atividades cristãs. As autoridades locais tentaram manter a prisão em segredo, com objetivo de se livrar deles sem fazer alarde. Ao saber sobre a prisão, Saleh, sua família e a comunidade cristã começaram a jejuar e orar pelo retorno dos dois em segurança.   
 


Para cristãos que se converteram do islamismo no Iêmen, tais incidentes são comuns. Eles são detidos, interrogados, ameaçados, presos e até mortos por praticarem sua fé – quanto mais por pregar e batizar outros em nome de Jesus. Como a prisão de Issam e Mussa não foi uma surpresa, isso levou a comunidade cristã a dobrar seus joelhos em oração. Isso é o que eles fazem quando a situação parece sem esperanças. Eles ansiavam pela libertação daqueles irmãos que tinham sido tão corajosos mesmo em meio à pressão.    


Quando um irmão da igreja ouviu a notícia, foi até Saleh e perguntou se poderia ser preso no lugar de Issam ou Mussa. “Ele os queria fora da prisão para que continuassem seu ministério. Por isso, se voluntariou para ser preso no lugar deles. Esse pedido foi muito chocante e encorajador para mim. Isso me mostrou quão unidos estamos em Cristo e como o amor dele nos une”, relembra Saleh.   
 


Como as autoridades pegaram os celulares de Issam e Mussa, reuniram informações de contatos de muitos outros cristãos. Por causa disso, a família de Saleh implorou que ele deixasse o Iêmen, pois todos sabiam que era perigoso para ele continuar no país.    
 


Boas testemunhas
 


Após cerca de dois meses presos, Issam e Mussa foram soltos da prisão de maneira milagrosa (foto representativa) 


O nome de Saleh e outros cristãos foi espalhado pelo país, portanto, era muito provável que fossem pegos nos postos de controle. Saleh ficou dividido. “Eu lutava com meus próprios pensamentos. ‘O que deveria fazer? Se fugisse, que tipo de exemplo deixaria para a igreja?’ Minha família queria que eu fugisse. Entretanto, não podia deixar a igreja e me afastar, principalmente naquela situação. Eu agi como se não estivesse com medo, mas no fundo, estava. Encorajava os cristãos a serem fortes e corajosos, lembrando-os que sabíamos que isso aconteceria uma vez que escolhemos seguir a Jesus. Era nossa vez de sermos boas testemunhas”, conta Saleh.    
 


Por dois meses, Saleh se escondeu em uma casa segura no Iêmen. O irmão dele e Mussa estavam na prisão, e ele estava fazendo de tudo para tirá-los de lá, principalmente por não terem feito nada de errado. “Aqueles realmente foram dias difíceis para mim. Eu chorei em meu quarto por horas. Em alguns dias, estava esperançoso e forte, em outros me sentia fraco, culpado e deprimido. Mas ali senti a presença de Deus comigo. Recebi orações por telefone e mensagens da igreja global, me encorajando”, relembra Saleh.   
 


Depois de cerca de dois meses, Deus fez com que Issam e Mussa fossem milagrosamente soltos da prisão. “Deus fez um milagre. Ele mudou o coração de uma pessoa influente que inicialmente queria Issam e Mussa mortos, mas no final os ajudou a sair da prisão. Foi depois de serem soltos que percebi por que Deus havia permitido tudo aquilo, pois Issam e Mussa continuaram seu ministério na prisão e muitos prisioneiros se converteram. Foi ali que experimentei como Deus transforma situações ruins em boas de acordo com sua vontade perfeita”, compartilhou Saleh.
 

*Nomes alterados por segurança.


Comida para cristãos no Iêmen 


Com a guerra, as pessoas não têm condições de comprar alimento.
Sua doação fornece cesta básica a um cristão que enfrenta perseguição extrema no Iêmen para ajudar sua família a sobreviver. 


 

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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