Portas Abertas • 27 set 2022
Militares encurralaram cristãos em algumas regiões para não fugirem (foto representativa)
A situação dos cidadãos em Mianmar piorou. Desde que a junta militar tomou o poder em fevereiro de 2021, Mianmar entrou em crise. Os militares continuam incendiando casas no estado de Chin. Depois que a junta militar incendiou 15 casas no vilarejo Haimual, Oeste de Mianmar, em agosto deste ano, inúmeros refugiados fugiram para Mizoram, um estado da Índia próximo à fronteira com Mianmar.
Segundo fontes locais, cinco pessoas do vilarejo cristão foram sequestradas antes do incêndio e outros fugiram por medo dos ataques do exército. Algumas famílias conseguiram chegar a abrigos, mas temem que os ataques cheguem ali também. Os deslocados vivem sob condições precárias, sem conseguir trabalhar e dividindo alimentos entre centenas de pessoas.
Os abrigos já estão lotados em diversas partes do país e os recursos são limitados. Parceiros locais enfrentam o grande desafio de acomodar o fluxo recorrente de deslocados de Mianmar. Rama*, uma parceira local, disse que “há muitas pessoas preocupadas com o que comerão e como sobreviverão”.
Apesar de Mizoram ser um local seguro para os cristãos que fogem de Mianmar, estados vizinhos e outras regiões não olham os refugiados com bons olhos. Alguns cristãos fogem dos conflitos de Mianmar para outro estado indiano, Manipur, e ali também enfrentam inúmeros problemas.
Eles são considerados ilegais e indesejados, alguns deles são rastreados e presos pelo governo. Isso criou uma esfera de insegurança e medo para outros refugiados que estavam a caminho dos abrigos buscando refúgio. Cristãos indianos estão recebendo os refugiados em Manipur e os ajudam a encontrar descanso.
Apesar da dificuldade em encontrar abrigos, apenas conseguir fugir já é uma vitória para muitos cristãos perseguidos em Mianmar. Parceiros da Portas Abertas disseram que muitos irmãos em Cristo estão encurralados em zonas de guerras, pois as autoridades restringiram o movimento de pessoas em algumas áreas.
Ko Min*, parceiro da Portas Abertas, contou: “Mari* e Nini* são duas jovens da tribo cristã kayah afetadas pela guerra civil. Ambas querem sair da região para buscar refúgio em outro país e tentar melhorar de vida. Essas moças foram presas no ponto de inspeção onde solicitaram o passaporte”.
“As autoridades locais não permitem que os cristãos da tribo kayah se desloquem para outros lugares, nem mesmo as crianças que querem estudar podem sair. Se as autoridades descobrem que alguém que pertence à etnia kayah saiu, a pessoa será presa imediatamente. Os militares ficam nas zonas de conflito vigiando constantemente os documentos e revistando bolsas, o que torna a fuga um grande desafio”, acrescentou o parceiro local.
Mari e Nini continuam presas e não informações sobre quando elas serão libertas. Isso se tornou uma tendência preocupante para cristãos étnicos em diferentes partes de Mianmar, pois são submetidos a investigações e interrogatórios em postos de inspeção.
*Nomes alterados por segurança.
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