Portas Abertas • 19 abr 2024
Cristãos estão unidos em jejum e oração pelas eleições na Índia
Hoje começam as eleições gerais na Índia. O processo de votação gera uma enorme mobilização do país que é a maior democracia do mundo atual. Com mais de 960 mil eleitores, ou seja, quase 10% da população global, a escolha dos parlamentares é a maior eleição mundial. Esse período também envolve implicações para os cristãos, que são um grupo minoritário no 11° país da Lista Mundial da Perseguição 2024.
O sistema político atual do país é o parlamentarismo. Desse modo, as autoridades escolhidas ocuparão 543 cadeiras do Lok Sabha, a câmara baixa do parlamento, e o mais votado será o primeiro-ministro. Por demandar o registro de tantos votos em um país com mais de três milhões de quilômetros, o processo eleitoral indiano é muito longo, durando quase seis semanas, entre 19 de abril e 1° de junho.
Dois partidos são os principais oponentes, o partido Bharatiya Janata (BJP, da sigla em inglês) e o Congresso Nacional da Índia (INC, da sigla em inglês). Nas últimas duas eleições, o BJP, que é um partido nacionalista hindu, predominou no parlamento e, desde 2014, Narendra Modi é o primeiro-ministro da Índia.
“Essas eleições são cruciais, pois vão decidir os próximos cinco anos. Se o governo atual permanecer no poder, as chances de que a Índia se torne um Estado completamente hindu, intolerante a cristãos e outras minorias religiosas são muito altas”, disse Priya Sharma (pseudônimo), uma parceira local da Portas Abertas.
Na última década, a pressão sobre cristãos aumentou na Índia devido ao nacionalismo religioso hindu. Esse tipo de perseguição resultou em ataques a cristãos de origem hindu, pois ao deixar a religião tradicional do país eles são vistos como traidores da nação. No geral, a identidade da nação está muito associada ao hinduísmo.
A decisão atual pode demonstrar uma tendência perigosa também. Há dez anos, a Índia ocupava a 28ª posição na Lista Mundial da Perseguição. No ranking de 2024, o país subiu para a 11ª posição e está entre os 13 países mais perigosos para os cristãos no mundo atual.
Muitos cristãos de origem hindu também são alvos de falsas acusações de conversão forçada. Grupos radicais afirmam que pastores e líderes cristãos usam dinheiro para obrigar famílias pobres a se converterem ao cristianismo. “Nos últimos dez anos, extremistas hindus ameaçaram publicamente eliminar os cristãos e as minorias religiosas na Índia. Pastores foram mortos e alvos de ataques brutais em plena luz do dia e os agressores continuam livres, sem qualquer punição”, acrescenta Pryia.
Outro fator preocupante em relação às eleições 2024 é o avanço das leis anticonversão. Essa legislação é aplicada em 11 dos 28 estados na Índia e pressupõe a punição de conversões forçadas a outras religiões. Porém, na prática, as leis anticonversão são usadas para acusar falsamente cristãos e outras minorias religiosas a fim de diminuir ainda mais a presença desses grupos na sociedade indiana. Segundo pesquisadores da Portas Abertas, em 2023, 2.300 pastores foram presos por causa dessa lei.
Dessa forma, a ameaça de que as leis anticonversão se tornem nacionais e oprimam ainda mais os seguidores de Jesus é nítida, caso o BJP e Narendra Modi vençam as eleições novamente. Apesar dos desafios, os cristãos indianos não estão desesperados. Eles se uniram em jejum e oração para buscar a ajuda de Deus nesse momento de decisão e tensão. Una-se você também em oração pelas eleições na Índia.
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