Terror e confinamento: o impacto da greve armada em Chocó, Colômbia

Igrejas foram forçadas pelos guerrilheiros a suspender os cultos

Portas Abertas • 6 mar 2025


As famílias estão confinadas por causa da violência em Chocó, Colômbia

As famílias estão confinadas por causa da violência em Chocó, Colômbia

*Conteúdo sensível: violência extrema, suicídio 


A greve armada paralisou Chocó, o estado mais pobre da
Colômbia, por 72 horas. Milhares de famílias ficaram confinadas e as igrejas estão com atividades suspensas por causa do medo. A região vivenciou uma nova greve armada imposta pelo Exército de Libertação Nacional (ELN) de 18 a 21 de fevereiro. A ação busca reafirmar o controle de um dos maiores grupos guerrilheiros do país na região.  


Durante esse tempo, os moradores foram ameaçados com violência se saíssem de suas casas, mesmo para comprar comida, frequentar a escola ou buscar atendimento médico. Essa greve ocorreu em meio a uma disputa territorial para controlar o tráfico de drogas na região. Como resultado, mais de 3.500 pessoas
foram forçadas a fugir de suas casas, enquanto outras duas mil famílias ficaram confinadas. 


A governadora de Chocó, Nubia Carolina Córdoba, pediu ao governo nacional que declare um estado de comoção interna, semelhante ao que foi feito na região do
Catatumbo. Esta é a nona greve imposta pelo ELN nos últimos dois anos. O grupo guerrilheiro fortaleceu sua presença em Chocó desde 2016, após a desmobilização das FARC, como resultado da assinatura dos Acordos de Paz.

Crise humanitária que afeta as crianças 


As crianças são as mais vulneráveis nesta crise. “
Elas estão expostas ao recrutamento forçado e à mercê dos grupos armados. Além disso, aqueles que estão confinados não têm acesso a serviços básicos e saneamento, o que agrava ainda mais sua situação. A falta de ajuda humanitária prolonga seu sofrimento”, explicou Maira Seidel, coordenadora da organização Save the Children, em entrevista ao El Espectador, o jornal mais lido da Colômbia. 


Cerca de duas mil crianças não puderam frequentar as aulas devido às restrições de mobilidade. Em 14 de fevereiro, a Ministra da Defesa, Ángela María Buitrago, relatou casos alarmantes de suicídios infantis na região, citando a pressão dos grupos armados para que se juntassem às suas fileiras. “O
recrutamento forçado piorou em algumas áreas. Chocó é uma grande preocupação para nós; documentamos casos em que crianças preferiram tirar a própria vida a serem recrutadas”, explicou. 


A greve e seu impacto nas igrejas
 


Embora a greve afete toda a comunidade, tem um impacto profundo nas igrejas. Emilio*, um pastor da região, descreve os desafios: “Dependemos do transporte fluvial. Quando há paralisações, ficamos imobilizados. Se tentarmos nos mover, podemos perder nossos barcos, receber multas de até dois milhões de pesos ou até perder nossa vida”.
 


A população depende do transporte fluvial em Chocó, Colômbia 


Durante esses tempos de incerteza, Emilio enfatiza a importância da fé: “As lutas fortalecem nossa fé. Quando lemos sobre os profetas na Bíblia, vemos como sua fé cresceu em tempos difíceis. É isso que pedimos para nós agora”.
 


Embora o ELN tenha anunciado o fim do bloqueio armado, o medo permanece, pois a presença contínua de grupos armados impede a paz duradoura na região. Para Pablo*, outro pastor, essa greve foi apenas um vislumbre do que muitas comunidades em Chocó enfrentam diariamente.
 


Os irmãos têm medo de vir à igreja porque não querem ser identificados por grupos ilegais. Temem represálias como sequestros ou o recrutamento forçado de si mesmos ou de seus familiares”, diz Pablo. As restrições de mobilidade e os toques de recolher impostos pelos grupos armados dificultam ainda mais o crescimento da igreja e o alcance comunitário.  


A
Portas Abertas trabalha em Chocó há vários anos para fortalecer a igreja em meio à perseguição. Mauricio*, um pastor com mais de 15 anos de experiência na região, explica: "A igreja é uma ameaça porque instila princípios e valores nos jovens, desafiando diretamente o controle dos grupos armados. Eles não nos veem como uma ameaça militar, mas como concorrência pelos jovens que querem recrutar".   


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Nomes alterados por segurança 


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