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Em áreas dominadas por gangues criminosas, cristãos que se opõem a atividades criminosas provavelmente enfrentarão assédio, seja por extorsão, agressão ou ameaças de morte, e até mesmo morte. Antigos membros de gangues que se convertem ao cristianismo também se tornam alvo de vigilância e retaliação, principalmente se a conversão deles não for considerada “genuína” na opinião do grupo criminoso.
O fenômeno migratório fez com que membros de gangues estrangeiras (principalmente salvadorenhas) se instalassem no país tentando fugir das autoridades. Isso aumentou a tensão entre criminosos locais e estrangeiros, bem como as extorsões e ações violentas contra cristãos que não estão alinhados com os interesses ilícitos desses grupos. Devido aos altos níveis de corrupção e conluio entre as autoridades e os grupos criminosos, cristãos correm o risco de sofrer represálias quando se opõem aos interesses deles.
ROSSANA RAMIREZ, ANALISTA DE PERSEGUIÇÃO SOBRE HONDURAS
Independentemente da religião, é perigoso ser mulher em Honduras. De acordo com a Comissão Econômica da ONU para América Latina e Caribe, Honduras tem a maior taxa de feminicídio da América Latina. Foram contabilizados 317 feminicídios de janeiro a setembro de 2023. Violência sexual e doméstica são generalizadas, embora as mulheres demorem para denunciar abusos devido às altas taxas de impunidade de seus agressores – apenas cerca de 13% dos casos de feminicídio terminam com uma condenação.
Pastores vivem em constante preocupação com suas filhas, pois os membros de gangues querem pegar as meninas para as prostituírem ou venderem e conseguir algum ganho financeiro.
Cada vez mais mulheres e meninas fogem da América Central em meio a relatos de que gangues criminosas estão sistematicamente visando meninas adolescentes para escravidão sexual. Entretanto, a maioria dos migrantes que fogem de Honduras são homens, deixando muitas famílias conduzidas por mulheres.
Com esse contexto de violência e instabilidade, meninas e mulheres cristãs podem enfrentar desafios adicionais com base em sua fé. Houve diversos relatos de filhas de pastores adolescentes sendo vítimas de violência, assédio sexual e coerção para participar de atividades pornográficas sob os cuidados de membros de gangues.
Meninas cristãs são alvo de muita atenção. Os pastores acham que elas são escolhidas por causa de sua obediência e pureza e como forma de represália ao trabalho pastoral de seus pais. Sistematicamente, elas são alvos com objetivo de chantagear ou intimidar as famílias para interromper as atividades evangelísticas que ocorrem no território da gangue. Algumas meninas são sequestradas e mortas por se recusarem a ter relações sexuais com membros de gangues. Sobreviventes são deixadas traumatizadas psicológica e fisicamente.
Finalmente, meninas e mulheres cristãs também são impactadas psicologicamente pela pressão extrema aos homens e meninos cristãos.
Altas taxas de atividade criminosa e presença de gangues notórias como MS-13 e Barrio 18 também representam ameaças de segurança diárias a meninos e homens cristãos. Líderes de igrejas são principalmente vulneráveis a ataques e ameaças, especialmente os envolvidos em atividades missionárias ou que buscam impedir o tráfico de narcóticos. Extorsão por meio de multas e ameaças são comuns. No período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2022 e 2023, houve diversos relatos de pastores sequestrados e mortos violentamente.
Uma das maiores ameaças enfrentadas por adolescentes e jovens cristãos é o recrutamento forçado das gangues. Enquanto meninas e mulheres são geralmente vítimas de violência sexual, os rapazes são explorados com propósitos criminosos, incluindo tráfico de drogas. De acordo com o ex-membro de uma gangue que vive em um retiro da igreja, sua vida está em grave risco.
Alguns membros da gangue têm permissão para deixar a gangue após a conversão ao cristianismo (principalmente em uma igreja evangélica), mas estarão sob intenso controle e monitoramento da antiga gangue, bem como de gangues rivais. Qualquer sinal de que eles não estejam vivendo a fé ativamente pode resultar em morte. Ex-membros de gangues convertidos enfrentam desafios adicionais de assimilação; oficiais de segurança do Estado que os identificam como antigos membros de gangues — tipicamente pelas tatuagens ou cicatrizes — podem detê-los a qualquer momento por crimes suspeitos.
À luz de tal pressão e ciclos de violência, muitos meninos e homens cristãos escolhem fugir de Honduras, embora permaneçam vulneráveis fora do país. Mesmo quando os cristãos fogem do país, eles continuam à mercê do mesmo grupo, ou de grupos criminosos diferentes envolvidos com o tráfico humano.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. O tipo de perseguição aos cristãos em Honduras é: corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Honduras são: redes criminosas e oficiais do governo.
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