* Em breve este perfil será atualizado com informações referentes à Lista Mundial da Perseguição 2023.
A perseguição aos cristãos por autoridades estatais, grupos rebeldes e líderes tribais tornou-se uma ocorrência comum, graças à contínua guerra civil que deixou a maioria das áreas do país fora do controle do governo. As igrejas têm sido alvo de saques de grupos armados, que, às vezes, matam pessoas dentro das igrejas. Outra forma de ser perseguido no Sudão do Sul é falar contra a corrupção e a injustiça.
A guerra civil de 2013-2019 deixou a maioria das áreas do país fora do controle do governo. A perseguição aos cristãos pelas autoridades estatais, grupos rebeldes e líderes tribais tornou-se tão grave que até as faculdades foram atacadas. No período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2022, grupos armados não identificados atacaram cristãos e igrejas.
Além disso, os líderes étnicos têm como alvo aqueles que se opõem às práticas indígenas tradicionais. Funcionários do governo e forças de segurança intimidam qualquer líder da igreja que critica o governo. Os jovens cristãos são vulneráveis a sequestro por rebeldes. Apesar do acordo de paz, ainda há muitas questões não resolvidas e os confrontos podem facilmente surgir em algumas áreas.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Sudão do Sul são: corrupção e crime organizado, opressão de clã e paranoia ditatorial.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Sudão do Sul são: grupos revolucionários e paramilitares, líderes de grupos étnicos, parentes e oficiais do governo.
Os cristãos que ousam evangelizar, se opõem a práticas religiosas tradicionais, ou deixam a fé islâmica para seguir a Jesus enfrentam maior intolerância religiosa tanto de familiares e governantes, como de líderes religiosos e étnicos.
No Sudão do Sul, a prolongada guerra civil tem sido um importante fator instigador para o aumento da violência sexual contra as mulheres. De acordo com um relatório da Secretaria-geral do Conselho de Segurança da ONU, a violência sexual no Sudão do Sul atingiu “níveis espantosos de brutalidade” e “muitas vezes é cometida com violência política e tons étnicos”. O relatório observou ainda que os agressores vivem impunes.
Nesse cenário de tensões étnicas e políticas complexas, é difícil discernir as motivações exatas por trás da violência sofrida por mulheres e meninas cristãs. A violência sexual é usada como arma em conflitos e, quando as mulheres e meninas são perseguidas por causa da fé, os agressores imitam as táticas de guerra. Especialistas regionais indicam que a agressão sexual e a violência de gênero são as formas mais comuns de perseguição a mulheres e meninas cristãs. O trauma impede que muitas dessas mulheres formem relacionamentos estáveis.
Além disso, o Sudão do Sul é um dos seis países do mundo que não especificou uma idade mínima para o casamento, deixando uma brecha para casamentos precoces e forçados. O país possui a 8ª maior taxa de casamento infantil do mundo, com 52% das meninas se casando aos 18 anos e 9% aos 15 anos. A prevalência dessa prática, na maioria das vezes é causada pela pobreza extrema e para garantir bens necessários para as famílias (incluindo gado, dinheiro e outros presentes por meio do pagamento de um dote), além de criar uma via de repressão e controle se a jovem mulher se converte ao cristianismo. Anciãos e líderes étnicos teriam forçado meninas a se casar com pessoas que elas nem conheciam. Nesses casamentos, mulheres e meninas são expostas a violência doméstica e sexual.
As mulheres também são impactadas pelo assassinato de homens e pelo recrutamento forçado de meninos como crianças-soldados. Como explica um especialista do país: “As mulheres ficam sem nenhuma maneira de se defender enquanto lamentam a perda de seus maridos e filhos. A angústia enfraquece muito sua capacidade de fazer qualquer coisa relacionada a economia ou desenvolvimento”.
A guerra civil de 2013 a 2019 levou ao recrutamento em massa de homens, principalmente de meninos que tiveram sua educação interrompida e foram selecionados para se tornarem crianças-soldados. Em um contexto de fragilidade e insegurança contínuas, agravadas pela COVID-19, o recrutamento como meio de repressão e controle tornou-se a forma mais comum de perseguição a homens e meninos. Acredita-se que milhares de crianças tenham sido recrutadas para as forças e grupos armados por ambos os lados do conflito desde 2013.
Os homens também correm o risco de serem mortos pelas forças do governo sob suspeita de fazerem parte das forças rebeldes. Os relatórios indicam que os líderes religiosos e os obreiros cristãos estão particularmente em perigo. Como escreve um especialista regional: “Se algum pastor falar contra a atual corrupção, nepotismo, estupro ou outras questões, será morto”.
O assassinato de homens e o recrutamento forçado de meninos como crianças-soldados têm um impacto catastrófico nas famílias e nas comunidades.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para os projetos da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos. Doando para esta campanha, sua ajuda vai para locais onde a necessidade é mais urgente.
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HISTÓRIA DO SUDÃO
Desde que o país se tornou independente da Grã-Bretanha, em 1956, o Sudão sofreu conflitos violentos, persistentes e recorrentes, principalmente impulsionados pelas lutas entre o governo central em Cartum e grupos armados das periferias do país.
As estruturas de poder tradicionais do Sudão são dominadas por um regime islâmico liderado pelo presidente Omar al-Bashir, que chegou ao poder em um golpe em 1989. O Sudão se tornou vergonhoso na comunidade internacional por financiar grupos radicais islâmicos, cometer atrocidades e enfraquecer fundamentalmente a liberdade de religião.
Em 2018, o ano começou com manifestações contra a imposição de medidas de austeridade que efetivamente triplicaram a taxa de câmbio do dólar americano no Sudão e o aumento do preço dos bens essenciais. Mas o governo recorreu à força excessiva para dispersar as manifestações pacíficas; isso incluiu o uso de agressões e prisões ilegais de centenas de manifestantes, ativistas e membros do partido de oposição. Em dezembro de 2018, os Estados Unidos classificaram o Sudão como um dos 10 “Países Particularmente Preocupantes”, considerado culpado de violações graves de liberdade religiosa. Enquanto isso, protestos contra o governo do Sudão cresciam no final de 2018, com forças de segurança matando primeiro nove estudantes que protestavam e depois mais 37 manifestantes em poucos dias, em demonstrações que abalaram o país.
Em abril de 2019, o impensável aconteceu. Um dos mais antigos ditadores na África, o presidente al-Bashir, foi deposto. Ele declarou estado de emergência em 22 de fevereiro de 2019, desfez o governo nos níveis federal e provincial e apontou chefes de segurança para liderar todos os 18 estados regionais do país. A subsequente repressão brutal intensificou a rebeldia dos manifestantes. O impasse continuou em março, até que finalmente, em 11 de abril de 2019, o exército removeu al-Bashir do cargo e assumiu o poder provisório, com o procurador-geral do Sudão anunciando depois que o antigo presidente seria acusado de matar protestantes. Entretanto, em 2 de junho de 2019, as forças de segurança mataram dezenas de manifestantes que realizavam um protesto em Cartum contra a declaração do conselho militar de que permaneceria no poder por três anos. Depois, o Conselho Militar de Transição do Sudão admitiu tomar a decisão que matou mais de 100 manifestantes.
O ex-presidente e alguns dos membros mais importantes de seu gabinete foram levados para a prisão e acusados de corrupção. Entretanto, os manifestantes exigiram um governo civil e o primeiro líder de transição, o antigo ministro da Defesa, foi forçado a renunciar após um dia. Os líderes dos protestos e o conselho de transição falharam em chegar a um acordo no caminho que o exército estava tomando, principalmente após tantos manifestantes terem sido mortos no processo. Finalmente, os seguintes acordos foram feitos: o poder compartilhado durará por 39 meses; um conselho soberano, gabinete e corpo legislativo serão formados; um general liderará o conselho pelos primeiros 21 meses, um civil permanecerá por 18 meses; um primeiro-ministro, nomeado pelo movimento pró-democrático, liderará o gabinete; e o ministro da Defesa e do Interior será escolhido pelo exército.
O primeiro dos três anos de transição para um governo democrático após a dramática remoção do presidente Omar al-Bashir em 2019 foi marcado por fracasso econômico, tensões políticas e manifestações populares contínuas por justiça e reformas. Entretanto, em 31 de agosto de 2020, o governo e uma coalisão de grupos rebeldes deram o positivo passo de assinar um acordo de paz em Juba que acabaria com os conflitos armados internos do país e previa a cooperação com o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra em sua investigação em Darfur.
As dificuldades econômicas e políticas se agravaram com a crise relacionada à pandemia de COVID-19. A crise se aprofundou quando o exército tomou a decisão de destituir o conselho de transição civil em um golpe em outubro de 2021. Líderes civis foram presos e manifestantes tomaram as ruas. A pressão da comunidade internacional forçou os líderes do golpe a anunciarem a reintegração do primeiro-ministro; entretanto, não houve passos significativos tomados pelos líderes do golpe para resolver a crise pós-golpe. Protestos populares continuaram em dezembro de 2021.
CONTEXTO DO SUDÃO
Em abril de 2019, um dos ditadores com governo mais longo na África, Omar al-Bashir, foi deposto por pressão de um movimento popular exigindo mais democracia. Houve sinais de descontentamento por algum tempo entre a população geral devido ao aumento nos preços de gasolina, pão e outras mercadorias. Embora a destituição do presidente seja vista como um triunfo em favor do movimento democrático, também é um motivo de preocupação, já que antigos governantes islâmicos ainda são muito influentes no país. Não é especulação sugerir que o país pode acabar com outra guerra civil nas mãos.
O Conselho de Transição do exército e os líderes a favor dos movimentos democráticos assinaram um acordo que abriria o caminho para a democracia nos próximos três ou quatro anos, mas as forças armadas realizaram um golpe contra os líderes civis em outubro de 2021. Esse golpe não aconteceu do nada, ocorreu exatamente antes de quando o exército deveria transferir o papel de liderança na transição (chefe do conselho de transição) para os parceiros civis em novembro de 2021, como acordado no acordo de compartilhamento de poder. Os generais sabiam que enfrentariam escrutínio do que fizeram nas décadas do governo de al-Bashir se a transição fosse conduzida com sucesso e as eleições realizadas no prazo. Assim, eles agiram para impedir o processo que os colocaria sob controle de um governo eleito e civil. Quase todos os generais que depuseram os parceiros civis no arranjo de transição trabalharam com al-Bashir e muitos deles supostamente participaram em atrocidades que foram cometidas durante a guerra em Darfur e Cordofão do Sul.
A política sudanesa tem sido sempre um ponto de disputa. O governo nunca esteve à vontade com a comunidade internacional nem com o próprio povo. Esse foi, em particular, o caso com grupos no país e que levou à independência do Sudão do Sul. A secessão do Sudão do Sul, em 9 de janeiro de 2011, após um referendo em janeiro de 2011, foi o culminar de uma história dolorosa e de uma década de conflito interno entre os poderosos árabes muçulmanos do Norte e os africanos negros cristãos e nativos do Sul.
Apesar da independência do Sudão do Sul, os conflitos armados sobre a diminuição dos recursos e posições de poder político (aspectos típicos da situação pós-independência do Sudão) persistiram.
Embora as causas profundas dos conflitos permaneçam constantes — marginalização política, desapropriação de terras e promessas não implementadas — as dinâmicas étnicas nas diversas regiões do Sudão e do Sudão do Sul continuaram mudando. Por exemplo, em Abyei (uma província reivindicada pelo Sudão e Sudão do Sul), os árabes da tribo Misserya (governo dos principais apoiadores locais do Sudão) ficaram cada vez mais frustrados com Cartum, enquanto a tribo Ngok Dinka (que tem apoio do governo do Sudão do Sul) tornou-se forte.
Embora o sistema político do Sudão seja baseado na descentralização da governança e política multipartidária, enquanto o presidente al-Bashir e seu Partido Islâmico do Congresso Nacional dominavam o poder real. A independência do Sudão do Sul, que sinalizou o fim do Governo de Unidade Nacional e a retirada dos representantes do parlamento, reforçava ainda mais o domínio do partido do presidente. Isso também sinalizou o começo de outra guerra civil: o Movimento Popular de Libertação do Sudão - Setor Norte versus o governo do Sudão.
Sob o comando do ex-presidente al-Bashir, havia um esforço coordenado do governo em mobilizar e militarizar milícias tribais, não limitado a milícias árabes, conhecidas como Janjawid. O objetivo era usar esses grupos para trabalhar para criar um Estado islâmico às custas de outros grupos religiosos no país. Relatos de diferentes grupos de direitos humanos acusa essas milícias de cometer graves violações de direitos humanos contra cidadãos não árabes do Sudão.
Além disso, o antigo governo empregou todos os meios disponíveis para se manter no poder, incluindo a mobilização de milícias tribais. Houve alegações de grandes violações de direitos humanos contra os cidadãos não árabes, e cristãos estão entre as minorias que são vítimas desse tipo de crime organizado.
Essa guerra resultou do fato de que o Amplo Acordo de Paz, assinado em janeiro de 2005, não conseguiu resolver o problema da marginalização das regiões periféricas do Sudão, em particular as chamadas “três áreas”, que consistem em Abyei, Cordofão do Sul e Nilo Azul.
Localizadas estrategicamente ao longo da volátil fronteira Norte-Sul do Sudão e que possuem consideráveis recursos naturais, incluindo petróleo, essas três áreas foram contestadas; resolver questões relacionadas a elas é considerado crítico para a estabilidade dos dois países.
O Sudão foi classificado pela primeira vez como patrocinador do terrorismo em 12 de agosto de 1993, por conhecidamente abrigar terroristas nacionais e internacionais e por permitir que o país seja usado como ponto de trânsito para armas e terroristas. A esmagadora maioria da população do país é muçulmana sunita.
A composição religiosa do Sudão é outro ponto controverso. De acordo com o World Christian Database (WCD), estima-se que a população cristã seja de 4,4% e a maioria muçulmana de 91,9%. De acordo com o governo, cerca de 97% da população é muçulmana, o que tornaria a presença cristã menos de 3%. Vários grupos de advocacy contestam esses números baixos alegando que os não muçulmanos no país chegam a cerca de 15 a 20%. Ortodoxos coptas, católicos romanos e várias denominações protestantes estão presentes no país. Esses grupos são encontrados principalmente em Cartum, Porto Sudão, Kassala, Gedaref, El Obeid, El Fashe e algumas partes das Montanhas Nuba.
Quase todos os muçulmanos são sunitas, mas existem distinções significativas, particularmente entre os chamados sufis. Além disso, existem pequenas minorias muçulmanas, incluindo xiitas e os irmãos republicanos, com base predominantemente em Cartum e uma porcentagem crescente, ainda que pequena, de salafistas.
Dentro da maioria muçulmana, o principal grupo salafista tradicional, Ansar al-Sunna, defende meios pacíficos para alcançar seus objetivos. No entanto, os grupos radicais mais recentes tendem a ser mais militantes e confrontativos e realizaram ataques a sufistas, xiitas e cristãos, alvejados em 2011 e 2012.
O Sudão foi designado, por mais de uma década, pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos como um país de particular preocupação por suas violações graves e sistemáticas da liberdade religiosa. A liberdade religiosa, embora garantida pela Constituição Provisória de 2005, não é mantida na prática.
Além disso, o direito penal do Sudão, baseado na lei islâmica, que permite o uso de amputações e flagelações por crimes e atos de “indecência” e “imoralidade”, foi aplicado, indiscriminadamente, contra os cristãos nativos africanos. Em 2020, o governo de transição votou por abolir todas as leis que violam direitos humanos fundamentais – incluindo a lei de apostasia.
Cristãos ex-muçulmanos viveram sob grande pressão, como o caso de uma mulher convertida do islamismo que foi sentenciada à morte em 2014 por casar com um homem cristão. Entretanto, em julho de 2020, após a queda de al-Bashir, foi anunciado que o Sudão descartaria a lei de apostasia, que proíbe qualquer um de se converter do islamismo para uma religião diferente, acrescentando depois que mulheres não precisariam mais de permissão de um parente homem para viajar. Em setembro de 2020, foi anunciado mais tarde que o governo transitório do Sudão concordou em separar religião do Estado, acabando com 30 anos de governo islâmico na nação.
Todas as comunidades cristãs no Sudão temem ter conversas sobre a fé com os muçulmanos sudaneses, pois isso pode ser interpretado como um “ato que encoraja a apostasia contra o islã”. O nível de perseguição que convertidos e africanos étnicos enfrentam é enorme.
Para que não sejam descobertos, os novos convertidos, muitas vezes, se abstêm de criar os filhos como cristãos porque isso pode atrair a atenção do governo e dos líderes comunitários, uma vez que as crianças podem revelar a fé dos pais.
Esse medo ainda se estende aos funerais. Quando um cristão ex-muçulmano morre, ele é enterrado de acordo com os ritos islâmicos em cemitérios muçulmanos, embora os cemitérios cristãos e muçulmanos sejam separados.
A secessão do Sudão do Sul causou uma divisão na história econômica do Sudão. O país perdeu cerca de 80% de seus recursos agrícolas e hídricos; além da perda de cerca de 75% das reservas de petróleo e aproximadamente 90% das exportações totais e 50% das receitas do governo.
Após a perda de petróleo e população, o crescimento econômico contraiu 4,4% em 2012. Mesmo tendo concluído um acordo com o Sudão do Sul que abrange a exportação de petróleo, bem como 3,3 bilhões de dólares de “ajuda de transição” pagos pelo Sudão do Sul, o presidente Omar al-Bashir anunciou uma série de cortes orçamentais profundos em junho de 2012 para controlar uma crescente deficiência fiscal.
Além disso, o Banco Mundial estimou que o Sudão recuou na categoria de países de baixa renda, com 47% da população do Sudão vivendo abaixo da linha da pobreza. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também pressionou a medidas de austeridade. Em 2018, o país viu uma série de protestos sobre a pobre situação econômica, que finalmente levou à queda do presidente em 2019.
Antes do golpe de outubro de 2021, o Conselho de Transição se mostrou disposto a negociar com o Sudão do Sul para obter pagamento por deixar os sul-sudaneses usarem seus dutos de petróleo. As abrangentes sanções norte-americanas que foram deixadas em outubro de 2017 também tiveram um tremendo impacto na economia. Além disso, o país está tentando desenvolver receitas não petrolíferas, tais como mineração de ouro e agricultura enquanto conduze medidas de austeridade para reduzir as despesas.
No geral, o Sudão tem uma rica cultura e história e pertenceu ao Reino Núbia. Esse é o país onde a arte de construir pirâmides pode ter começado.
O Sudão tem uma sociedade patriarcal em que espera-se que homens e mulheres assumam papéis tradicionais de gênero. A penetrante crença social de que mulheres pertencem à casa e devem assumir as responsabilidades domésticas tem impedido muitas meninas de frequentarem a escola. A falta da educação serve para alimentar a prática comum do casamento forçado ou precoce, já que as meninas se sentem mal preparadas para buscar uma rota alternativa. As mulheres desempenham um papel principal na criação dos filhos, representação da família em eventos sociais e ajuda com os deveres agrícolas. A perseguição de meninas e mulheres, portanto, tem um impacto negativo significativo na família mais ampla e comunidade.
A população sudanesa consiste em cerca de 19 grupos étnicos diferentes e quase 600 subgrupos. Muitos dos habitantes das partes sudestes do país são étnicos de origem africana, e árabes vivem predominantemente nas partes do nordeste do país. Devido à profunda natureza religiosa das pessoas sudanesas, a maioria da população é aderente à fé religiosa, principalmente ao cristianismo ou islamismo, entretanto, religiões indígenas ainda persistem. Por muitos anos, os árabes do Norte tentaram espalhar não apenas o islamismo, mas também uma cultura específica e identidade étnica associada ao arabismo. Isso levou a décadas de guerra civil e foi responsável recentemente pela independência do Sudão do Sul. Entretanto, mesmo hoje, isso acontece por todo o país.
A elite do Sudão tem o objetivo de reforçar um regime islâmico no país. A apostasia é criminalizada, punível com pena de morte. As leis de blasfêmia estão sendo usadas em todo o país para processar os cristãos.
HISTÓRIA DA IGREJA NO SUDÃO
O cristianismo foi muito influente no Sudão a partir do século 4. Durante quase um milênio, a maioria da população era cristã. Os cristãos sofreram quando os árabes levaram o islã — especialmente ao Norte do país — e aos poucos islamizaram a região ao longo do século 15. No entanto, as igrejas gregas ortodoxas e etíopes ortodoxas sobreviveram.
Após os britânicos derrotarem o autoproclamado Mahdi islâmico (Mahdi significa “o guiado”) e seus apoiadores, em 1898, muitos grupos cristãos entraram no país. Os católicos romanos, os anglicanos por meio da Igreja Missionária e os presbiterianos norte-americanos também vieram de sua base no Egito.
A Missão Unida do Sudão, a Missão do Interior Africano e a Missão Interior do Sudão vieram em seguida. Várias igrejas iniciadas na própria África também se estabeleceram no país. Muitos missionários foram do Sudão do Sul para Cartum.
O papel do cristianismo começou a diminuir com a chegada do islamismo, especialmente após o crescimento do movimento Madista do século 19. A situação piorou após a independência do Sudão, na segunda metade do século 20, quando islâmicos poderosos assumiram o poder político. Quando al-Bashir assumiu o cargo nos anos 1980, ele proclamou que a sharia (conjunto de leis islâmicas) seria a fonte de todas as leis do país. Como resultado, a influência cristã diminuiu.
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