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As autoridades não permitem oposição ou críticas ao governo. Isso significa que líderes das igrejas, grupos cristãos e outras organizações cristãs correm risco de ações do governo contra eles se denunciarem irregularidades ou ilegalidades (incluindo corrupção e violações de direitos humanos) do regime nas atividades religiosas, se apoiarem líderes da oposição ou se realizarem trabalho humanitário.
As ações do governo podem envolver ameaças, ataques às igrejas, difamação, prisões arbitrárias, vigilância, censura e restrição de acesso a serviços públicos, alimentos e medicações. O governo aproveita a falta de itens e serviços de necessidade básica, causada pela crise socioeconômica que o país enfrenta, para manipular os cidadãos. O acesso rápido a alimentos, medicações e educação fica reservado para os apoiadores do governo atual.
Cristãos também enfrentam ameaças e violência de grupos criminosos (a maioria fazia parte das guerrilhas colombianas) que agem com impunidade (em muitos casos, com o apoio do regime) e dificultam o trabalho de assistência humanitária fornecida pelas igrejas aos mais necessitados.
No contexto atual de crise humanitária complexa e emergencial, mulheres cristãs enfrentam sérias vulnerabilidades. Moças cristãs são traficadas e podem ser usadas em redes de prostituição, com troca de sexo por comida ou remédios. As mulheres cristãs valem mais porque são consideradas mais puras. Um especialista do país explicou: “No passado, sabia-se que as mulheres cristãs eram mais bem pagas, no entanto, não há indicações recentes sobre isso. Neste contexto difícil, o desespero pode fazer com que os limites morais sejam ignorados para sobreviver”.
Muitas mulheres jovens procuram fugir da Venezuela por questões econômicas e sociais. Dentro do contexto de deslocamento, elas são expostas ao tráfico organizado e a grupos criminosos. Mas são os homens jovens, inclusive de famílias e comunidades cristãs, que partem em busca de oportunidades econômicas. Nos casos em que apenas os homens partem, muitas mulheres ficam sozinhas, e o risco da busca pela prostituição para sobreviver aumenta.
Como a maioria dos serviços do governo são oferecidos apenas aos membros do governo, as famílias cristãs que se recusam a se alinhar à ideologia do governo não recebem ajuda do Estado e, consequentemente, ficam na miséria.
As mulheres na Venezuela, além da fome e da crise econômica, enfrentam violência diariamente. Elas estão sujeitas a violência psicológica, física e sexual, na maioria das vezes por parte de seus parceiros.
Em suma, mulheres e meninas cristãs são vulneráveis à exploração em todos os contextos da Venezuela – seja ao fugir para outros países, ao chegar nas novas nações ou quando ficam sozinhas e vulneráveis com a ausência dos homens da família.
As esposas de prisioneiros políticos também são maltratadas e, segundo fontes locais, “elas estão sujeitas a grande pressão que as leva a pagar ‘supostas multas’ [extorsão] para que os maridos não sofram agressões físicas”. Essas “multas” e a pressão psicológica fazem parte da ação de agentes do governo.
No contexto de extrema violência e instabilidade da Venezuela, os homens e meninos cristãos enfrentam ainda mais pressão do que as mulheres e meninas. A maioria deles, especialmente os jovens, podem ser alvos de gangues e grupos de guerrilha, principalmente na fronteira com a Colômbia.
Eles também são mais propensos a serem recrutados para as fileiras da Guarda Bolivariana ou para o exército venezuelano, atraídos pelas promessas de alimentos e remédios. “Os grupos criminosos fazem propostas econômicas incríveis para os jovens. Com muita discrição, os pastores tentam dissuadi-los de participar do crime organizado porque, caso a oposição seja descoberta, eles podem ‘desaparecer’ [ser sequestrados ou mortos]”, explica um especialista.
Em meio à pressão intensa e a crise político-econômica exacerbada, muitos homens e meninos são forçados a deixar o país para encontrarem emprego e sustentar suas famílias. No trajeto para outros países, eles podem ser capturados e explorados por grupos criminosos. A família que fica na Venezuela também fica vulnerável.
Em 2023, havia mais de 270 presos políticos e cerca de 19 milhões de pessoas não tinham acesso a cuidados de saúde e nutrição. Mais de 7,7 milhões de venezuelanos fugiram do país, gerando uma das maiores crises migratórias do mundo. Muitos homens e meninos foram forçados a deixar o país para encontrar trabalho para sustentar suas famílias. Enquanto estão em movimento, eles são vulneráveis a serem capturados e explorados por grupos de crime organizado. Suas famílias que ficaram para trás também se tornam vulneráveis.
Líderes cristãos, que em sua maioria são homens, enfrentam os mais altos níveis de perseguição, especialmente por parte do governo. Um especialista do país disse: “Aqueles que se opõem ao governo por causa dos seus princípios de fé também se tornam vítimas. Líderes religiosos têm sido difamados e desacreditados, atacados verbal e fisicamente; as atividades religiosas podem ser interrompidas. Em geral, os homens cristãos são perseguidos pelas autoridades quando denunciam publicamente injustiças e irregularidades do regime”.
Líderes religiosos também enfrentam ameaças e exploração econômica por parte de gangues criminosas, principalmente se estiverem envolvidos em trabalhos para evitar que jovens entrem para o grupo. Um especialista revelou que “nos territórios controlados por grupos criminosos, especialmente na área de fronteira do país, cobranças de passagem e extorsão são uma forma de controlar a área. Líderes religiosos devem fazer esses pagamentos não apenas para entrar nos territórios onde realizam suas atividades, mas também devem ter a autorização do líder”.
No período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2024 (1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023), vários líderes cristãos foram mortos e muitos outros foram forçados a fugir de suas casas.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos na Venezuela são: paranoia ditatorial, opressão comunista e pós-comunista e corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos na Venezuela são: oficiais do governo, partidos políticos, grupos paramilitares, cidadãos e quadrilhas e redes criminosas.
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