Portas Abertas • 5 nov 2022
A mudança proporciona esperança para a igreja secreta no Irã
O Irã vive momentos de incerteza e violência. A possibilidade do país tornar-se livre parece cada dia mais próxima, depois de anos de oração. Apesar das vantagens da liberdade, os desafios também são uma realidade.
Após a morte da jovem Mahsa, no dia 16 de setembro, ondas de protestos tomaram o Irã. Mulheres queimaram os véus, multidões gritavam “morte ao ditador!” e a mais famosa prisão iraniana enfrentou uma grande rebelião que manifestou a indignação com as violações exercidas pela polícia da moral. Mais de 200 pessoas, a maioria jovens, morreram e muitas outras foram presas.
A instabilidade ameaça o governo restrito que domina o Irã há anos, algo que parecia impossível. Desde 1979, líderes xiitas impõem a obediência rígida à sharia, conjunto de leis islâmicas. A Constituição faz discriminação entre pessoas de diferentes religiões, especialmente as mulheres. Hoje, apenas 40% dos iranianos se declararem muçulmanos, porém o governo permanece oprimindo as outras minorias religiosas.
Mais de 800 mil cristãos no Irã estão apreensivos quanto ao futuro. A incerteza e a empolgação misturam-se diante da possível flexibilização do país. “A liberdade religiosa é um dos principais pedidos de oração há anos no Irã. Ao mesmo tempo, a preocupação de que a mudança desanime o avivamento que os cristãos iranianos têm vivido também inquieta os corações”, disse Salman, um especialista da Portas Abertas.
A revolta na prisão de Evin, por exemplo, foi um momento de grande tensão e surpresa. Os 12 cristãos detidos no local enfrentaram uma noite terrível com tiros e explosões, mas nenhum deles estava entre os mortos e feridos. Dois dias depois, para a surpresa de todos, os cristãos Nasser e Fariba foram libertos. A maior fonte de perseguição no Irã é o governo, portanto, se o regime atual mudar, a situação dos cristãos também pode ser diferente.
A transformação deve ser lenta, pois a polícia secreta tem infiltrados em todos os setores do país. “A igreja iraniana sobreviveu em segredo durante anos. Se a situação mudar, não precisaremos mais nos esconder. Poderemos cultuar a Deus sem o risco de extremistas atacando a igreja”, acrescentou Salman. Essa nova realidade trará o desafio da adaptação. Além de construir templos oficiais para se reunir, as igrejas domésticas terão que encontrar o seu papel na sociedade iraniana.
Nas últimas semanas, líderes de várias denominações cristãs se reuniram para planejar estratégias de formação de líderes, discipulados e para organizar novos centros de cuidados pós-trauma. “Essa oportunidade pode ser o que a igreja precisa para crescer e se fortalecer. Precisamos de sabedoria. A igreja pode ser um verdadeiro centro de esperança, vivendo um novo tempo no Irã”, concluiu Salman.
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