Portas Abertas • 9 jul 2024
Apesar da saída do grupo extremista, a comunidade cristã está ameaçada de extinção no Iraque
No dia 10 de junho de 2014, a segunda maior cidade do Iraque, Mosul, foi tomada pelo Estado Islâmico. A invasão que aconteceu há dez anos causou o deslocamento de dez mil cristãos. Ainda hoje, quando a cidade completa sete anos livre do domínio dos extremistas, as lembranças do período violento persistem.
A comunidade cristã nunca mais foi a mesma em Mosul. Quando os radicais chegaram, deram duas opções para os cristãos: negar a Jesus e se tornar muçulmano ou partir imediatamente e, em caso de desobediência, todos seriam punidos com a morte.
A cristã Bushra* se lembra desse dia com clareza. “A família do meu pai fugiu de Mosul, à tarde, quando soubemos da chegado do Estado Islâmico. Os extremistas barraram meus pais no caminho para fora da cidade e levaram todos os objetos de valor. Meu marido, nossos três filhos e eu fugimos à noite com a família do meu irmão. Nós também fomos parados pelos radicais que levaram todo o dinheiro que tínhamos, a chave de nossa casa e nossos documentos, mas nos deixaram partir”, conta a cristã.
A cristã Bushra precisa viver como deslocada interna no Iraque
As casas de cristãos eram marcadas durante a invasão com a inicial da palavra nasrani, que significa “cristão” em árabe. As igrejas também foram tomadas. Foi um período de perseguição extrema aos cristãos no Iraque. Dez anos se passaram, mas apenas algumas famílias, aproximadamente 20, voltaram para a cidade de Mosul. Atualmente, há aproximadamente 50 cristãos na região - que até 2003 contava com 50 mil seguidores de Jesus.
A maioria dos que fugiram continua vivendo como deslocados internos em outras partes do Iraque. “Nossas famílias têm medo de viver em Mosul. Tenho um filho de 16 anos e me recuso a voltar para lá porque temo pela vida dele. Talvez ele não seja fisicamente agredido, mas pode ser agredido verbalmente e ficar completamente sozinho, sem amigos, esgotado mentalmente”, conta o líder cristão Zakariya*, que esteve na lista dos mais procurados pelo Estado Islâmico durante a invasão a Mosul.
Ainda há muito a ser feito para restaurar Mosul, mesmo depois de dez anos
Apesar de serem poucos, os cristãos que permaneceram são um testemunho de esperança e da presença de Deus em Mosul e um lembrete de que há muito a ser feito em Mosul e no Iraque. A igreja está ameaçada de extinção no país que contava com 300 mil cristãos antes da invasão do Estado Islâmico e atualmente tem apenas 154 mil - quase metade da igreja não existe mais.
Com frequência, o fundador da Portas Abertas, Irmão André, retomava o versículo que o levou a contrabandear Bíblias para cristãos perseguidos: “Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer” (Apocalipse 3.2a). E esse princípio continua a nortear o trabalho de parceiros locais no Iraque.
Hoje, há 150 Centros de Esperança no Iraque – igrejas locais que oferecem ajuda emergencial e apoio à comunidade cristã com cursos profissionalizantes, cuidados pós-traumas e afins. Pessoas que fugiram de Mosul, como Bushra e Zakariya, podem então enxergar um vislumbre de esperança e tentar permanecer para manter viva a igreja em risco de desaparecer.
*Nomes alterados por segurança.
Cristãos perseguidos precisam de apoio para que não desistam da igreja no Iraque e possam sobreviver e ser sal e luz na região. Com uma doação, você permite que eles sejam abençoados pelo projeto de geração de renda no Iraque.
© 2024 Todos os direitos reservados