Portas Abertas • 26 dez 2021
Estátua de Lenin no Tajiquistão revela que o país ainda é influenciado pela política socialista
Em 2021, completaram-se 30 anos da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A URSS foi um Estado socialista composto por 15 repúblicas autônomas, que existiu entre 1922 e 1991. Em uma área de 22 milhões de km², habitavam 300 milhões de pessoas de mais de 200 grupos étnicos distintos. A nação era a terceira mais populosa do mundo, ficando atrás apenas da China e da Índia.
Nos dois últimos anos da URSS, todas as repúblicas se tornaram independentes do governo comunista. Porém, os países da Ásia Central formados ainda possuem muitos resquícios do antigo regime, como comitês religiosos, influência dos serviços de segurança, obrigatoriedade do registro das igrejas, legislação religiosa restritiva e pressão familiar.
O Irmão André, fundador da Portas Abertas, vivenciou os desafios de fortalecer os cristãos que viviam na União Soviética. “Tive uma visão terrível quando fomos do outro lado para visitar os cristãos. Eles estavam sendo muito maltratados e havia uma onda de suicídio que percorria o país, na qual os cristãos e pastores evangélicos estavam incluídos”, lembra.
A revolução soviética iniciada pelos bolcheviques foi liderada por Vladimir Lenin na Rússia. Ela aconteceu após uma guerra civil em 1917, que culminou no assassinato do czar Nicolau II, da esposa e dos filhos. Logo no início do Estado socialista, propriedades, terras e ativos da igreja foram confiscados. Muitos líderes da Igreja Ortodoxa Russa foram mortos, e outros desapareceram. Centenas de igrejas católicas romanas foram forçadas a fechar. Entretanto, o número de congregações batistas e pentecostais passaram de 150 mil para 700 mil.
O surgimento da URSS, sob a liderança de Lenin, ocorreu em 1922. Ele ficou no poder até a morte, em 1924, tempo suficiente para implantar muitas reformas religiosas. O líder concluiu: “Separamos a Igreja do Estado, mas ainda não separamos o povo da religião”.
Joseph Stalin subiu ao poder em 1924 e continuou o trabalho de Lenin para erradicar o cristianismo do país, até a morte em 1953. As igrejas que restaram foram fechadas ou demolidas, as atividades religiosas proibidas. Já o destino dos líderes cristãos foram prisões ou campos de trabalho forçado. A tortura e a morte continuaram a ser utilizadas para calar a voz de muitos.
Líderes cristãos foram presos na antiga União Soviética
De acordo com historiadores, 40 milhões de cidadãos soviéticos foram atingidos pela perseguição de Stalin. Metade desapareceram quando foram capturados e boa parte deles professavam a fé em Jesus.
Um líder da Liga de Ateus Militantes na época deixou claro o objetivo que tinham: “No decorrer de 1930, devemos transformar nossa capital vermelha em uma Moscou sem Deus, nossas aldeias em fazendas coletivas sem Deus... uma fazenda coletiva com uma igreja e um padre é digna de uma história em quadrinhos... a nova aldeia não precisa de uma igreja”.
Nikita Khrushchev ficou na liderança da URSS entre 1954 e 1964. Ele trabalhou para dar continuidade ao legado de Stalin e fixou atenção na instrução a crianças e jovens. Os alunos eram instruídos em filosofia ateísta para que fosse erradicada qualquer tipo de crença religiosa do meio deles.
Cristãos reunidos em segredo em floresta na Rússia
Além disso, Khrushchev fechou dois terços das igrejas ortodoxas russas, mosteiros e faculdades de teologia. Os protestantes enfrentaram uma pressão mais forte nesse período. O Irmão André visitou a Polônia comunista e voltou à Holanda para mobilizar os cristãos a respeito da situação dos irmãos que viviam sob o regime comunista.
Na primeira viagem de trem, o fundador da Portas Abertas carregava uma mala abarrotada de livretos cristãos. “Encontrei igrejas e uma sociedade bíblica sobre a qual nada sabíamos. Também descobri que havia uma grande falta de Bíblias, mas muito entusiasmo. Foi lá que um pastor disse: ‘André, você estar aqui significa mais que dez dos melhores sermões’”, conta.
Após Nikita Khrushchev ser destituído do poder em 1964, Leonid Brezhnev liderou a URSS até 1982, ano da morte dele. Durante o governo, a campanha para a destruição da igreja continuou, tanto com ataques diretos como por manipulação e infiltração contínua nas lideranças religiosas. Nessa época, os cristãos que trabalhavam com o evangelismo de crianças e adultos foram os mais perseguidos.
Em 1988, Irmão André entrega 1 milhão de Bíblias para líderes da Igreja Ortodoxa na Rússia
Em 1982, a Portas Abertas iniciou uma campanha de oração de sete anos pela União Soviética. Johan Companjen acompanhou o Irmão André em várias viagens naquela época. Ele relata: “Os comunistas não toleravam os cristãos de forma alguma, e os cristãos tinham uma grande necessidade de Bíblias. No entanto, eles também estavam desesperados por treinamento e incentivo, e nossa presença era tão importante para eles quanto as Bíblias que levávamos, porque as pessoas se sentiam totalmente abandonadas”.
Em 1985, Mikhail Gorbachev assumiu o poder e dois anos depois iniciou reformas políticas e econômicas chamadas Perestroika. Ele também instituiu o conceito de “Glasnost”, uma abertura política que previa transparência do governo e tolerância para negociações.
Nesse período, aconteceram algumas melhorias para os cristãos. Confira:
Como consequência das mudanças, muitos países do Leste Europeu tinham uma demanda por eleições livres em 1989. O comunismo entrou em colapso na Polônia, Hungria, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia e Romênia. No ano seguinte, houve a unificação da Alemanha, e a Bulgária realizou eleições diretas.
Em 2021, a polícia do Uzbequistão revista estudantes em busca de conteúdo religioso nos celulares
Em 1991, Gorbachev foi derrubado. A União Soviética foi dissolvida e substituída por 15 nações independentes. Depois de mais de 40 anos, a Guerra Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos terminou.
Apesar do fim da União Soviética, os cristãos que vivem na Rússia e países como Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Cazaquistão ainda enfrentam forte perseguição do governo e de comunidades islâmicas. Por isso, convidamos os brasileiros a interceder por essas nações.
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